Entrevista: Edinho Lobão se identifica com Bolsonaro mas vota em Haddad
Em entrevista para o jornal O Imparcial, o empresário e suplente de senador falou da despedida da política, resultado das urnas e sucessão presidencial
A vida política da família Lobão, em especial a do suplente de senador Lobão Filho, acabou logo depois do resultado das eleições 2018. Não demorou nem uma semana para que o filho de Edison Lobão fizesse a declaração em público. A notícia foi dada em uma rádio de sua propriedade, a Nova FM 93,1, na última quarta-feira, e confirmada em entrevista para o jornal O Imparcial.“Essa seria a última eleição do meu pai e eu não assumiria em nenhum momento”, disse durante a conversa que teve com esta publicação. O empresário diz que nunca foi um político, mas que assumiu a função política em determinados momentos.“Minha participação na vida política é incidental. Já que eu sou um empresário, em determinado momento resolvi dedicar minha vida a mudar a vida das pessoas”, afirma. No caso de ser suplente do seu pai, Edinho conta que era uma estratégia de seu pai, senador Lobão, para blindar o seu mandato.
O senhor publicamente elencou afinidades com Bolsonaro, mas, por conta do Maranhão ser governado pelo PCdoB, acredita que o Haddad seria melhor para o estado e declarou voto para o Haddad. Como é isso?
Lobão Filho – Eu penso muito parecido com o Bolsonaro. Temos vários pontos em comum. Eu sou muito radical em relação à segurança pública.Também acho que tem que haver tolerância zero com marginal, no confronto marginal/polícia. Direitos humanos é para humanos e não para que não respeita direitos humanos. Essa parte de segurança pensamos igual.Na distribuição de cargos por acordos políticos, definição de ministérios por razões partidárias. Que o Bolsonaro é radical contra, eu também sou. Tem que haver indicação técnica do governo.
Nossa bandeira é verde, amarela e azul. Não é vermelha. As nossas crianças têm que ter cuidado, esse liberalismo sexual com crianças é criminoso. Pensamos igual.
Eu sou fã absoluto do Lula. Muita gente esculhamba, o Brasil está dividido em relação ao Lula. Vou repetir o que disse na rádio. ‘Lula pegou uma Ferrari e botou na pista a 300km/h e quando passou pra Dilma, ela bateu no poste’. Não podemos misturar Dilma com Lula. São pessoas completamente diferentes. O Haddad tá mais pra Dilma do que pra Lula.
Eu não votaria em Haddad em condições normais sob hipótese nenhuma. Só que acontece que, infelizmente, sete milhões escolherem manter um governo comunista no estado do Maranhão. Eu vejo que Bolsonaro é contra comunista, faz declaração contra Flávio Dino. E quem vai sofrer as consequências disso somos nós. O Maranhão está na UTI, precisa de oxigênio e de sangue que vem de Brasília. Bolsonaro vai fechar as torneiras para o Maranhão e matar um paciente que está em estado terminal.
Contra minhas vontades quero que Haddad ganhe, como rezo todos os dias para que ele ganhe. Para Haddad ganhar é um milagre.
Mas é um milagre que daria uma boa relação entre Flávio Dino e o presidente da República. Seria bom para o governo de Flávio, mas principalmente para o Maranhão. Sendo bom para o Maranhão, passa a ser minha prioridade. Então vou torcer para quem eu acho que seria um bom Presidente, vou torcer para ele perder em favor do Maranhão.
Quais foram os erros do seu grupo político nessas eleições?
Lobão Filho – Nós identificamos em quase a totalidade dos municípios maranhense, o início de obra de asfaltamento, dentro dos municípios, faltando uma semana, dez dias para as eleições. A quase totalidade dos municípios iniciou obras de asfaltamento urbano perto das eleições. Houve um abuso na máquina do estado na defesa dos nomes que defendiam o governo do estado do Maranhão. Eu acho isso criminoso, mas não vou dar aqui uma de mau perdedor. Perdemos a eleição, teve abuso, mas o povo escolheu.Se a população avaliou, julgou e gostou da administração do governador Flávio Dino (PCdoB), deu a ele uma prorrogação de quatro anos.
A despedida da vida política da família Lobão é definitiva?
Lobão Filho – Na minha concepção é uma despedida definitiva. Em que sentido? Eu nunca fui verdadeiramente um político. Sempre houve uma desinformação em relação a minha participação na política, quando fui candidato a governador, fui porque tinha todo um arcabouço, diria até espiritual, estava na cama de um hospital, fui chamado e achei que tinha que cumprir uma missão.Essa coisa de ser suplente do meu pai, eu fui escolhido suplente para não assumir. Então, é aquele que não perturba o titular para assumir. E em um momento resolvi dedicar minha vida para mudar a vida das pessoas.
O senhor cita na rádio que o povo do Maranhão escolheu Flávio Dino duas vezes no primeiro turno. E que essa é a vontade do povo. Não tem chance de a família Lobão voltar à cena política?
Eu agora vou ajudar o Maranhão como empresário, buscando empreender e continuar gerando empregos. Essa política, minha família definitivamente se afasta.
A gente não sabe ainda qual a consequência das ‘n’ ações judiciais que foram ingressadas na justiça neste pleito último.
Tem ações pedindo cassação do Flávio Dino e toda chapa dele. Tem ações que podem redundar no mesmo procedimento que aconteceu com o ex-governador Jackson Lago.