ELEIÇÕES 2018

PT tem 10 dias para indicar substituto de Lula

Após decisão do TSE em impugnar a candidatura de Lula, o partido pode escolher novo nome até 10 de setembro. Lula também perdeu o direito de sair na propaganda eleitoral

Foto: Reprodução

O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva não poderá receber votos no mês que vem, quando os brasileiros vão às urnas para escolher o novo ocupante do Palácio do Planalto, decidiu a maioria dos ministros do Tribunal Superior Eleitoral (TSE) na última sexta-feira, 31, em sessão extraordinária. A coligação que reúne PT e PCdoB poderá escolher agora um novo nome para encabeçar a chapa nos próximos 10 dias. Mas, quanto maior o tempo que usar esse prazo, maior será o prejuízo eleitoral devido a outra decisão do TSE.

A coligação poderia ficar fora da propaganda no horário gratuito, que começou também na sexta-feira para os candidatos a governador e se iniciou ontem para os que se candidatam à Presidência. O tribunal decidiu também a exclusão de Lula da propaganda. A decisão não está livre de controvérsia. O advogado Luís Fernando Casagrande, da defesa de Lula, disse entender que o partido continuaria com direito à propaganda política nos próximos dias. A decisão do TSE de anular a candidatura de Lula foi baseada na Lei da Ficha Limpa, sancionada por ele mesmo quando era chefe do Executivo.

O texto determina a inelegibilidade de quem é condenado por pelo menos um tribunal colegiado. É o caso de Lula, com sentença de 12 anos e um mês de prisão por corrupção passiva e lavagem de dinheiro pelo juiz Sérgio Moro, da 13ª Vara Federal de Curitiba, o que foi confirmado pelo Tribunal Regional Federal da 4ª Região (TRF-4), em Porto Alegre. “A Lei da Ficha Limpa foi resultado de mobilização popular de demanda por patriotismo”, destacou, em seu voto, o ministro Luís Roberto Barroso, relator dos vários pedidos de impugnação da candidatura de Lula. “Não estamos julgando sua culpabilidade ou seu legado político. Quem poderá fazer isso ainda é o STJ (Superior Tribunal de Justiça) ou o STF (Supremo Tribunal Federal)”, disse.

Na tentativa de manter a validade da candidatura de Lula, a defesa baseou-se em decisão liminar do Comitê de Direitos Humanos da Organização das Nações Unidas (ONU), de 17 de agosto (Leia matéria ao lado). O órgão decidiu provisoriamente que Lula deve ter assegurado o direito de concorrer à Presidência. Barroso, porém, argumentou que a decisão não tem força de lei no Brasil. E que, mesmo que seja considerada improcedente mais tarde, já terá causado um dano irreparável ao país. O julgamento do mérito da questão pelo órgão internacional ocorrerá apenas no próximo ano.

O ministro Edson Fachin divergiu de Barroso, com base na decisão do Comitê da ONU. Disse que considera Lula enquadrado na Ficha Limpa, portanto, impedido de concorrer, mas ressalvou que a decisão do órgão internacional se sobrepõe. Votaram com Barroso os ministros Fernandes, Jorge Mussi, Admar Gonzaga, Tarcísio Vieira e a presidente da Corte, Rosa Weber. Ela destacou que o comitê que deu a liminar a Lula é um órgão que está em segundo nível na hierarquia da ONU, os chamados órgãos de tratados. “Essa controvérsia nada tem a ver com a Corte Internacional de Justiça da ONU”, ressaltou.

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Pé-de-Meia Licenciatura pagará mais de R$ 500 para futuros professores
Benefício

Estudantes que utilizarem a nota do Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) para cursar licenciaturas poderão receber bolsas mensais de mais de R$ 500. A medida faz parte do Pé-de-Meia para Licenciaturas que será oficialmente anunciado este mês. A intenção é que a bolsa comece a ser paga já em 2025. As informações foram antecipadas, nesta sexta-feira (1º), pelo ministro da Educação, Camilo Santana. Segundo Santana, os estudantes serão selecionados para o programa com base na nota do Enem. A ideia, segundo o ministro, é atrair bons alunos para que possam ser futuros professores nas escolas brasileiras. “A gente quer que os bons alunos possam fazer a licenciatura, está faltando professor de matemática, de física, de química, de biologia”, disse. O ministro não divulgou ainda o valor exato do benefício, mas explicou que, assim como o Pé-de-Meia para o ensino médio, os estudantes receberão recursos que ficarão retidos em uma poupança, que poderão acessar quando concluírem a formação. “Vai ser apresentado este ano, já para começar no próximo ano, porque a gente quer ver se a gente consegue usar o Enem agora. A gente já quer que o aluno no Enem, ele já saiba que ele vai receber uma bolsa, se ele escolher a licenciatura. Ele já vai entrar na universidade com uma bolsa paga pelo governo. É uma forma de estimular. Além de uma bolsa, ele vai ter uma poupança”, antecipou o ministro. Mais professores O Pé-de-Meia para Licenciaturas faz parte de um conjunto de ações do governo para valorizar os professores brasileiros da educação básica. Santana pretende também criar incentivos para os professores que já estão em sala de aula. A pasta pretende criar o Mais Professores, inspirado no programa Mais Médicos, que oferece incentivos aos médicos para trabalharem em locais onde há maior demanda por profissionais de saúde e pouca assistência. “[Programa no qual] o professor possa receber um plus a mais no salário dele, para ele ir para aquela escola, para aquela cidade que não tem um professor, como o Mais Médico. O governo federal paga ele para ir para um município que não tem médico. Então é mais ou menos na lógica”, disse o ministro. Segundo Santana, é preciso valorizar a profissão docente no país. “Tem países que reconhecem como a principal profissão, no Brasil as pessoas não estão querendo mais ser professoras, não só por questão de remuneração, mas por falta de reconhecimento, de valorização. A ideia também aqui é criar uma cultura nesse país que as pessoas reconheçam o papel do professor, até porque todos nós passamos por ele, desde criança”, defendeu. Pesquisas mostram que, por conta do desinteresse, o país corre o risco de um apagão de professores sobretudo nas escolas. Dados do Sindicato das Entidades Mantenedoras de Estabelecimentos de Ensino Superior no Estado de São Paulo (Semesp) mostram que, até 2040 o Brasil, poderá ter uma carência de 235 mil professores de educação básica. Orçamento As ações anunciadas dependerão, no entanto, de disponibilidade orçamentária. Em relação a quantidade de bolsas que serão ofertadas pelo Pé-de-Meia das Licenciaturas, o secretário executivo do MEC, Leonardo Barchini, disse, em entrevista nesta semana, que a quantidade de bolsas dependerá de quanto houver disponível no orçamento da pasta para o próximo ano. Em um momento de revisão de gastos obrigatórios do governo federal, o ministro garantiu, nesta sexta-feira, que “nenhuma política e programa que está em andamento será atingida por conta de qualquer medida do governo federal”.