Entrevista

Em entrevista, Felipe Camarão esclarece críticas à educação durante o debate

Com respostas recheadas de números e dados oficiais, o secretário detalhou a situação antes e depois do atual governo

Crédito: Neidson Moreira/OIMP/D.A Press. Brasil. São Luís - MA.

Em entrevista a O Imparcial, o secretário Estadual de Educação, Felipe Camarão traz à luz alguns pontos obscuros no debate que se trava na campanha eleitoral de governador do Maranhão relacionado à educação, entre Flávio Dino e sua antecessora Roseana Sarney.

Com respostas recheadas de números e dados oficiais, o secretário detalhou a situação antes e depois do atual governo: de zero em 2014, as escolas de tempo integral chegam a 2018 com 49 unidades e 13 mil estudantes.

“Estamos substituindo as escolas de taipa, barro ou estruturas inadequadas por prédios equipados de alvenaria e entregues às redes municipais de ensino. Chegaremos a mais de 300 escolas nessa modalidade”.

Sobre a polêmica do Ideb do ensino médio, vale conferir a série histórica dos indicadores educacionais do Maranhão: caiu de 3,0 para 2,8 em 2013. O rendimento dos estudantes também era baixo, com altas taxas de reprovação e evasão escolar. O estado também tinha um alto índice de analfabetismo entre pessoas com mais de 15 anos, chegando ao percentual alarmante de 21%.

“O Ideb de 2017, divulgado há poucos dias pelo MEC, mostra que o estado obteve o maior crescimento, desde a criação do índice em 2005”.

Confira a entrevista na íntegra:

 

O Imparcial Qual era a situação da educação no Maranhão em 2014 e quais indicadores evoluíram ou foram rebaixados? Felipe Camarão Até 2014, a série histórica dos indicadores educacionais do Maranhão era decrescente. É o caso do Ideb do Ensino Médio da Rede Estadual de Ensino, que caiu de 3,0 para 2,8 em 2013. O rendimento dos estudantes também era baixo, com altas taxas de reprovação e evasão escolar. O estado também tinha um alto índice de analfabetismo entre pessoas com mais de 15 anos, chegando ao percentual alarmante de 21%, em 2011, segundo o IBGE. Melhoramos em todos esses indicadores de 2015 até aqui. O Imparcial Na conjuntura nacional, como o Maranhão se situa no setor educacional? Felipe Camarão O Ideb de 2017, divulgado há poucos dias pelo MEC, foi o maior da série histórica para o Ensino Médio e também foi maior crescimento já tido pelo estado, desde a criação do índice em 2005. Outro detalhe muito relevante é que, pela primeira vez, o Maranhão ficou acima da média do Nordeste, saindo do 5º lugar em 2013, para 3º lugar hoje, atrás apenas de Pernambuco e Ceará, estados que há anos começaram a fazer o dever de casa na educação. O estado também saltou no ranking nacional, saindo de uma vergonhosa posição de 21º lugar em 2013, para 13ª posição, em 2017, empatado com Brasília e Rio Grande do Sul, à frente de estados como Rio de Janeiro. O resultado do Sistema de Avaliação da Educação Básica (Saeb) também apontou que o Maranhão foi um dos estados que mais ganharam em aprendizagem no Ensino Médio entre 2015 e 2017, superando inclusive a média nacional. O Imparcial O governo propaga ser o responsável pelo pagamento do melhor salário de professor do ensino médio no país? Por que os adversários contestam tal informação? Felipe Camarão O Maranhão paga o maior salário do Brasil para professor em início de carreira com 40 horas semanais, que é de R$ 5.750,83 (sem incluir as gratificações ou adicionais). Já o professor com 20 horas semanais, recebe R$ 2.875,41 para a jornada de 20 horas (sem gratificações ou adicionais). Portanto, acima do piso nacional, que é estipulado em R$ 2.455,35, para jornada de 40 horas semanais. Esse valor coloca o Maranhão no primeiro lugar em relação a outros estados e foi amplamente divulgado pela mídia nacional. E ainda é pauta do debate nacional quando vários candidatos nestas eleições citam o Maranhão como exemplo. O Imparcial Se o governo paga o melhor salário de professor, qual a razão de não ter os melhores indicadores de qualidade do ensino? O professorado não corresponde ao que ganha? Felipe Camarão A valorização dos professores vai além dos ganhos salariais, é preciso investir em formação continuada e garantir as condições adequadas para o ensino e é isso que o Governo do Estado tem feito: já requalificamos mais de 65% dos prédios escolares da Rede Estadual, oferecemos formação para 6,5 mil docentes do Ensino Médio e mais de 26 mil professores já receberam progressões na carreira. Os resultados do Ideb demonstraram que a Educação do Maranhão está em crescimento, provado pela melhoria do rendimento (taxas de aprovação, reprovação e abandono escolar). O Imparcial O programa Escola Digna e os complementares tipo Escola de Tempo Integral e Iemas vão provocar impacto na qualidade da educação a partir de quando? Felipe Camarão Só para você ter ideia, saímos de zero em 2014 para 49 escolas de tempo integral entre Centros de Ensino e os Iemas, e o Censo Escolar já apontou o bom rendimento dos estudantes nesse novo modelo de escola pública que visa ao desenvolvimento dos estudantes em todas as suas dimensões – intelectual, social, cultural, física e emocional. O próprio crescimento no Ideb é uma prova de que o Escola Digna deu certo com a formação para professores e gestores escolares; a eleição para a escolha de gestores escolares, que envolve formação, plano de metas e avaliação de desempenho, entre outros. O Imparcial Qual o tamanho da rede de “escolas dignas” e de tempo integral? Felipe Camarão Além das escolas de tempo integral, que somam 49 entre Iemas e Centros de Ensino, distribuídas em todo o Maranhão, estamos substituindo as escolas de taipa, barro ou estruturas inadequadas por prédios equipados de alvenaria e entregues às redes municipais de ensino. Chegaremos a mais de 300 escolas nessa modalidade. Além disso, nossa meta é requalificar todos os prédios escolares da rede, já melhoramos mais da metade. Nossa meta é transformar todas as unidades da rede em escolas dignas. O Imparcial A Universidade Estadual é a ponta de lança desse novo sistema de ensino ou está isolada? Felipe Camarão Borges, essa aqui é melhor que a Uema responda. Como o ensino superior não está ligado à Seduc, sugiro que eles respondam. O Imparcial Quantas escolas de taipa e cobertas de palhas havia no Maranhão e quantas ainda não viraram “Escola Digna”? Felipe Camarão No início atual gestão, foi feito um levantamento sobre a demanda de escolas de taipa a serem substituídas por uma estrutura adequada junto aos municípios. Foram 355 escolas, em 126 municípios. Até agora já substituímos quase a metade dessas, as outras já estão em processo de licitação ou fase de construção. Para promover o combate à pobreza via melhoria do ensino, como fazer o sucesso desses programas se não contar com o professorado também passando por uma revolução nos seus níveis de conhecimentos? O Governo do Maranhão compreende que o caminho para desenvolvimento e a justiça social é a educação, por isso tem investido fortemente em todos os níveis e modalidades de ensino, além da rede estadual, chegando às redes municipais, com o apoio e parcerias de fato. Isso tem sido destacado por entidades como a União de Dirigentes Municipais de Educação (Undime). Hoje a Secretaria de Estado da Educação (Seduc) tem o foco na qualidade do ensino público, com um único propósito, a aprendizagem dos estudantes. O Imparcial Como está sendo realizada a mudança da escola de turno único para a de tempo integral? Qual a repercussão entre professores, pais e alunos? Felipe Camarão De forma planejada, gradual e em conformidade com a comunidade escolar. Vamos às escolas, reunimos com o colegiado e apresentamos o modelo da “Escola da Escolha”, que é a escola de tempo integral, onde o estudante é o protagonista. Despois disso, adequamos as escolas para funcionamento em tempo integral, contando com salas temáticas, laboratórios de ciências e informática, sala de jogos, espaço para prática esportiva, banheiros e armários para os estudantes, sala de professores, refeitório sala de descanso, biblioteca, sala de gestão e administrativo, entre outros.
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