Entrevista Exclusiva

“Não vou entrar nesse jogo de ódio e violência”, afirma Flávio Dino

Em entrevista exclusiva ao O Imparcial, o governador Flávio Dino falou das obras continuadas da gestão passada, jogo político, acusações e, claro, reeleição

Disputar um novo mandato, para Flávio Dino, é antes de tudo um compromisso de fazer mais pelo Maranhão. “Também uma questão de justiça, porque temos um caminho definido”. Mesmo diante da crise que atingiu o país e os estados, reduzindo R$ 1,5 bilhão dos repasses federais, ele diz ter construído, reformado e ampliado mais de 800 prédios escolares nos três níveis de ensino. Sobre obras continuadas de Roseana, Dino diz que é dever dele fazê-las. “Ninguém é dono de obras públicas. O dono é o povo”.

E alfineta: “Se fosse continuar o governo dela, como eles dizem, aí sim seria continuar um desastre”. Flávio Dino nega as acusações da oposição de direcionar os recursos apenas para municípios de prefeitos aliados. Cita, como exemplo de que isso não é verdade, os municípios de Barreirinhas e Imperatriz, de prefeitos opositores, mas que têm parcerias de investimentos com o Estado. “É a retórica do desespero. Eles agem com ódio, violência, eu não vou entrar nesse jogo”. E os casos denunciados de suposta corrupção? “Tudo mundo sabe como ajo. Ninguém é capaz de me propor algo imoral, proposta indecente. Todos sabem qual seria a resposta. E tenho tido a firmeza de aplicar a lei”

 

O Imparcial Por que o senhor quer ser reeleito governador? Flávio Dino Para continuar o trabalho que estamos fazendo. Mudar uma realidade tão difícil como a do Maranhão não é um desafio que caiba somente em um mandato. Propusemos uma série de metas e elas estão em execução. Recentemente o site G1 mostrou o alto índice de execução dos nossos compromissos em 2014. Enfim, é uma questão também de justiça, porque temos um caminho definido. Estamos nesse caminho. Os resultados estão aparecendo e queremos que as mudanças possam seguir. O Imparcial O programa “Escola Digna”, uma das âncoras do setor educacional, no ensino básico, está seguindo conforme o programado? Flávio Dino Temos hoje, entre escolas novas construídas, reformadas e ampliadas mais de 800 prédios. Além das ações de formação dos professores que já ultrapassaram a 50 mil, das redes estadual e municipal. No âmbito da Escola Digna, o programa ‘Mais Ideb’ (Índice de Desenvolvimento do Ensino Básico) estamos qualificando os estudantes para o exame do Ideb, cujo resultado vai sair agora em agosto. Também avançamos e queremos avançar muito mais, como as escolas de tempo integral. Saímos de 0 para 49 escolas – computados os Iemas. Acreditamos que o programa Escola Digna é o cardápio, que parte da estrutura física do básico, até chegar ao modelo pedagógico novo, abrangendo também a expansão da universidade, onde criamos mais de 1.500 vagas de ensino superior na rede estadual. O Imparcial E a questão da corrupção? Aqui e acolá aparecem denúncias de irregularidades no governo, partidas principalmente de seus opositores. Como o senhor combate isso e como o assunto é tratado junto à equipe? Flávio Dino Primeiro, dando exemplo, eu sou um governante ficha limpa. Não existe nenhuma acusação contra mim, nada. E nunca houve uma investigação contra mim em nenhuma esfera da justiça. Tentaram, é verdade. Ao longo desse período propuseram dezenas, talvez centenas, de representações, requerimentos contra mim, denúncias supostamente espetaculares e tudo se revelou retórica do desespero. Essa é a principal contribuição que dou nessa temática, que é emular um comportamento que estabeleça um padrão pró-conjunto do governo. Todo mundo sabe da minha atitude, da minha seriedade, nunca ninguém me propôs um negócio ilícito. Eu digo do governo e de fora do governo. Eu digo de propor algo imoral, proposta indecente. Todo mundo sabe qual seria a resposta. E tenho tido a firmeza de aplicar a lei. Acho que o Maranhão precisa disso, o Brasil precisa disso. Hoje mesmo manuseei um monte de processo. Demissão de funcionários que descumpriram a lei. Pessoas que responderam a processos e que foram demitidas nos termos da lei. Por que? Porque nosso governo é o governo da legalidade. O Imparcial Quantos foram demitidos? Flávio Dino Infelizmente, centenas de funcionários efetivos, policiais e de outras áreas que foram processados e testemunharam. Eles se defendem, mas a lei é aplicada. O Imparcial O senhor sabe que a campanha deste ano vai ser principalmente pautada na corrupção? Flávio Dino Então, essa é uma temática muito boa. Considerando a minha história e a história dos meus adversários, é um tema muito bom. O Imparcial Como estão as finanças do Estado? Flávio Dino Tivemos uma perda de receita superior a R$ 1,5 bilhão das transferências constitucionais federais. Foram muito contraídas em razão da perda em nível nacional. Ora, se o PIB cai, cai a arrecadação e os fundos de participação dos estados e municípios também caem. O governo federal, também. A dívida líquida do setor público saiu da casa dos 40% e passou quase beirando os 60%. O Imparcial Por que que o Maranhão continua a ser esse estado pobre que é? O mais pobre da federação? Flávio Dino Conseguimos melhorar uma série indicadores. Destaco, sobretudo, os indicadores educacionais e a retomada do Produto Interno Bruto (PIB). Em 2017 tivemos o maior do país, em 2018 seguramente vamos estar de novo. Retomamos, com saldo, a geração de emprego, 2017-2018. Se você pegar a extrema pobreza… Cresceu em todos os estados. O desemprego voltou com muita força, sendo o principal fator que desestruture o conjunto da sociedade. O Maranhão não é uma ‘ilha’, o Maranhão recebe benefícios da conjuntura nacional e sofre também com essa conjuntura. O Imparcial E esse vai ser um dos pontos do seu programa de governo (em caso de vitória) dos próximos quatro anos? Flávio Dino Já foi nesse período e vai continuar a ser. Temos o plano Mais IDH que incidiu nas cidades de menor IDHM e vamos prosseguir com determinação para melhorar essa realidade. O Imparcial Qual é a base da pobreza no Maranhão? Dessa pobreza resistente? Flávio Dino Sobretudo a falta de dinamismo da economia. Nossa economia ao longo das décadas foi sofrendo erosão pela ausência de incentivos. Principalmente no setor primário. Não havia nenhum sistema de apoio à agricultura familiar no Maranhão, nós estamos construindo isso. Precisamos de investimentos públicos, privados, indústria, serviços. O núcleo da pobreza extrema é o setor primário. E por ele alavancaremos um ciclo de crescimento da economia. O Imparcial A sua principal adversária indicada nas pesquisas – antecessora no governo (Roseana Sarney) – tem dito que o senhor continua fazendo que ela deixou realizado ou em projetos. Flávio Dino Primeiro, se eu tivesse continuado, estaria fazendo um governo desastroso. Porque quando ela saiu, nós tínhamos uma série de desastres em curso. Vou citar apenas um: Segurança pública! Penitenciária de Pedrinhas! Eu não continuei isso, pelo contrário… Deus me livre. Eu interrompi ali o que tinha de desorganização. São Luís vivia praticamente sob toque de recolher semanal de ataques, boatos… São Luís estava entre as 50 cidades mais violentas do mundo. Nós interrompemos esse ciclo de crescimento na criminalidade e conseguimos reduzir à metade do que tinha de homicídio do último ano de mandato dela. Ela recebeu do Dr. Jackson Lago o IDEB em crescimento e me entregou diminuindo. No que se refere às obras, as que estavam em andamento é lógico que prosseguimos e estamos lutando para prosseguir. Um exemplo, aquela estrada lá do Araçagi, onde o canteiro central era maior que a pista de rolamento. A Avenida Quarto Centenário, que ela diz que entregou, eu estou praticamente refazendo, construindo todos os equipamentos sociais que estavam previstos no projeto deixado pelo Dr. Jackson Lago em 2008, que ela não fez nenhum. Continuar obras em andamento não é errado, é o certo. É dinheiro público. O ex-presidente José Sarney, por exemplo, diz que foi ele quem fez o Porto do Itaqui. Não é verdade. Ele já o encontrou. O porto foi feito ao longo de décadas. Até hoje se constrói obras no Itaqui. Ninguém pode se achar dono das obras públicas. O Imparcial O ex-presidente Sarney, recentemente, em artigo no jornal dele, classificou o que o senhor faz de ‘Conto do Vigário’. Isso tem sentido? Flávio Dino O ex-presidente Sarney está há muito tempo afastado da realidade do Maranhão, né? Nesse período em que a filha quer voltar ao poder, talvez fosse o momento de ele conhecer tantas coisas boas que têm sido feitas no Maranhão. Coisas sérias, decentes, honestas. Eu acho que nesse caso é realmente absoluto desconhecimento. A campanha contra as fake news, que a justiça eleitoral vem incentivando, o senhor acha que vai apresentar algum resultado? Eu espero que sim, em 2014 eles me acusaram até de ser assaltante de banco. Então, num absurdo, num disparate, num crime. Não dá nem para reduzir os termos em condição de fake news. Eles foram capazes de acusar o saudoso senador Cafeteira de ser mandante de um assassinato, no Caso Reis Pacheco. O Imparcial O Jair Bolsonaro é o principal candidato do plano conservador que tem defendido o combate da violência, eliminando os bandidos. Como o senhor avalia esse discurso? Flávio Dino A Bíblia, no livro de Isaías, diz que a paz verdadeira é fruto da justiça. Acho que esse parâmetro é que deve dirigir uma política de segurança pública.
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