GIGANTE CHINêS

Solenidade marca início de obras do Porto São Luís

Para os investidores do projeto, o Maranhão foi escolhido por uma série de fatores naturais, além do crescimento crescente que o estado vem apresentando

Foto: Karlos Geromy

Com estimativa de movimentação de cerca de 10 milhões de toneladas ao ano, foi lançado definitivamente, ontem, o Porto São Luís, um Terminal de Uso Privado, na comunidade Cajueiro, próximo à Vila Maranhão. O evento foi marcado com a colocação da pedra fundamental do Porto durante uma cerimônia de implantação do primeiro bloco de pedra na área onde o terminal portuário irá funcionar. Em três anos, espera-se que o Maranhão tenha mais um terminal portuário de excelência com a assinatura chinesa e parceria brasileira. Em seguida, os idealizadores do empreendimento fizeram uma apresentação às autoridades e demais convidados no Hotel Pestana São Luís, no Calhau.

Dentre os convidados que participaram da solenidade, estava o presidente da China Communication Construction Company International (CCCC), Chen Zhong, o governador do estado, Flávio Dino, Li Jinzhang, embaixador da China no Brasil, o sócio-proprietário da WPR, Walter Torre, além de outras autoridades como o vice-governador Carlos Brandão, o vice-prefeito Júlio Pinheiro, o presidente da Federação das Indústrias do Estado do Maranhão (Fiema), Edilson Baldez, entre outros. Além da apresentação de vídeos institucionais demostrando toda a magnitude da obra que deve ser um dos maiores terminais portuários do país, foram assinados documentos que marcam o início dos acordos entre empresas brasileiras e instituições da China.

Credibilidade no estado

Para os investidores do projeto, o Maranhão foi escolhido por uma série de fatores naturais, além do crescimento crescente que o estado vem apresentando. O que aumenta as expectativas de resultados que serão exitosos após a conclusão do porto.

O presidente para as Américas da CCCC, Chang Yun Po, demonstrou ansiedade ao comentar que o Porto São Luís será uma das grandes obras da companhia. “Será um grande porto com capacidade para o escoamento de muitas mercadorias. Com certeza é um investimento muito importante para a empresa e para o estado”, acrescentou Chang Yun Po.

Durante seu discurso, o sócio-proprietário da WPR, Walter Torre, afirmou que o Porto São Luís, que foi pensado há quatro anos, é o projeto do mais moderno terminal portuário do país. “Ele nasce para ser o maior porto de granel do país”, ressaltou Walter Torre. O empresário destacou ainda a importância dos empregos diretos e indiretos gerados com o empreendimento.

O empresário Paulo Remy, que é sócio-propietário da Lyon Capital Partners, parceira no projeto do Porto São Luís, falou ainda da importância na parceria entre a empresa chinesa e empresas do Brasil. “Estamos formando talvez o maior pilar de sustentação da economia global das últimas décadas”, disse ele, dando a dimensão do empreendimento empresarial.

Empresas de renome

É de se entender a importância da obra que chega ao estado apenas observando o currículo das empresas que estão envolvidas neste projeto. A China Communications Construction Company (CCCC) é nada menos que a maior empresa de infraestrutura da China e sendo também a quinta maior do mundo. Entre as obras em que esteve envolvida, tem destaque a construção da maior ponte do mundo, que liga Macau e Zhuai, com 55 quilômetros de extensão. Um fator importante que também deve ser destacado está relacionado à popularidade que as obras orientais possuem, com alguns projetos de excelência em engenharia que colocam a China entre competidores eminentes no setor, constatou o Boston Consulting Group (BCG).

No lado brasileiro, a WPR, empresa de infraestrutura do empresário Walter Torre Júnior, foi fundada em São Paulo, em 1981, atuando em diferentes áreas, como construção civil, desenvolvimento imobiliário, centros logísticos, entretenimento, shopping centers e infraestrutura. Entre as obras de destaque, estão o Estaleiro Rio Grande, no Rio Grande do Sul, o Allianz Parque, em São Paulo, conhecido como Arena Palmeiras, que foi construído para receber espetáculos, concertos, eventos corporativos e, principalmente, partidas de futebol do Palmeiras.

Integrando ainda o grupo de investidores está a Lyon Capital Partners, uma empresa de private equity independente, que é um tipo de atividade financeira realizada por instituições que investem essencialmente em empresas que ainda não são listadas em bolsa de valores, ou seja, ainda estão fechadas ao mercado de capitais, com o objetivo de captar recursos para alcançar desenvolvimento da empresa. Esses investimentos são realizados via empresas de participações privadas, que geram os fundos. A Lyon Capital Partners será responsável por prospectar oportunidades de negócios, especialmente na área de infraestrutura, em toda a América Latina. A empresa se consolidou no mercado com investimentos acima dos US$ 800 milhões em carteira, nos segmentos de portos, logística e energia. O capital intelectual da Lyon Capital é formado por uma equipe de reconhecida competência técnica com uma sólida rede de contatos nacionais e internacionais com a qual tem acesso aos investidores no Brasil e no exterior.

Um porto de grandes proporções

O Porto São Luís compreende uma área de 200 hectares onde serão construídos seis berços, sendo quatro na primeira fase de construção e dois na segunda, mais ponte de acesso, acesso rodoferroviário e pela ferroviária. A capacidade de movimentação será, anualmente, de cerca de dez milhões de toneladas, sendo: sete milhões de soja e milho; 1,5 milhão de fertilizantes; 1,5 milhão de carga geral; e 1,8 mil metros cúbicos de derivados de petróleo. A obra terá investimento de R$ 800 milhões, com a conclusão da primeira fase em quatro anos. A estimativa é de geração de quatro mil empregos diretos durante esta primeira fase, além de milhares de empregos indiretos.

De acordo com o governador Flávio Dino, o novo Porto São Luís em pleno funcionamento vai fomentar estímulo econômico, além da geração de emprego e renda com números cada vez melhores para o estado. “Nós já temos hoje três portos importantes funcionando no Maranhão. Temos o Porto do Itaqui, o Porto Vale e o da Alcoa, movimentando 200 milhões de toneladas a cada ano. E a chegada de mais um porto, além de gerar benefícios imediatos com a obra, trará milhares de postos de trabalho, beneficiando o setor de comércios e serviços. Nós teremos mais adiante, também, a consolidação de uma vocação que estamos buscando para nosso estado, que é de um grande ponto de convergência logística para todo o eixo norte do país”, explicou o governador Flávio Dino.

Para o secretário de Estado de Agricultura, Pecuária e Pesca, Márcio Honaiser, que esteve no lançamento, o investimento e instalação de mais portos no estado, que tem fatores naturais para o crescimento desse setor, ampliará ainda mais a indicação do Maranhão como uma das principais portas de entrada e saída do país. “Existe mercado e oportunidade para todos. É infinita a quantidade de produtos que podem entrar e sair pelo Maranhão, não só os produzidos aqui, mas os que vêm de todo o arco norte e podem circular por dentro do estado usando como porta de entrada e saída o Maranhão. Quanto mais parceiros vierem para o estado, é sempre bem-vindo”, disse o secretário.

Relação com a comunidade

Foto: Karlos Geromy

Um dos pontos ainda discutidos na construção do Porto São Luís é a relação com a comunidade tradicional do Cajueiro, diretamente atingida com o empreendimento na região. Durante a colocação da pedra fundamental no local onde o porto deve funcionar, moradores contrários ao projeto realizaram protesto reivindicando menores interferências da empresa nos costumes e legado local.Os manifestantes fecharam ruas, e a polícia foi até o local para controlar a situação. Movimentos sindicais também participaram da mobilização com faixas e cartazes. Sobre a relação com a comunidade, a WPR diz que, desde que a área do empreendimento foi adquirida, no local foram feitos levantamentos socioeconômicos na região e todas as 90 famílias residentes foram cadastradas. Segundo ainda a empresa, mais de 90% dos moradores já concluíram as negociações para venda de suas residências.

 

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