Entrevista: Professor Oliveira

Pré-candidato da Rede compara políticos a detentos de Pedrinhas

Professor Oliveira estreia na política como pré-candidato ao senado e revela que a legenda quer fechar chapa com Eduardo Braide para 2018

Reprodução

Muito se fala em renovação política e que é preciso novos nomes com pensamentos e ações bem diferentes das que são constantemente vistas nos dias atuais. Uma mudança radical na estrutura atual cairia bem para a sociedade brasileira, mas esse é um processo que está longe de acontecer. Pelo menos, é preciso dar um primeiro passo e trocar as velhas práticas políticas por alguma que beneficie a população de verdade. Esse é o pensamento do Professor Oliveira, pré-candidato ao Senado pela Rede Sustentabilidade no Maranhão.

Crítico do atual modelo de política, Professor Oliveira comparou a situação de descrédito dos “representantes do povo” ao sistema penitenciário durante entrevista ao jornal O Imparcial. “O que acontece com o político é que quando ele chega a Brasília o sistema corrompe da mesma forma que um prisioneiro quando vai a Pedrinhas. É a mesma coisa. Na hora que você entra, você entra dizendo que vai fazer uma análise, que não vai mais roubar, matar e nem cometer mais nenhum ato ilícito e sai de lá como marginal. A mesma coisa acontece em Brasília. Ele não sai marginal, mas sai um corrupto, desde que ele esteja envolvido pelo sistema”, explica.

Graduado em física pela Universidade Federal do Maranhão (UFMA), especialista em engenharia de materiais, mestre em física, doutor em ciências de física atômica e molecular e pós-doutor em jornalismo, o Professor Oliveira aceitou o desafio de entrar na disputa por um lugar no Senado Federal em 2018. Esta será sua estreia em eleições e, por isso, tentará mostrar suas diferenças em relação aos atuais políticos que ocupam cargos importantes há anos.

Para começar mostrando que pretende fazer algo diferente na política, Professor Oliveira aposta suas fichas na física, a ciência que estuda as diferentes formas de interação entre matéria e energia. O pré-candidato da Rede diz valorizar a educação e pretende usar a ciência para mudar a vida das pessoas. Sua principal proposta é popularizar a ciência.

“A ciência tem que estar onde o povo está. Hoje, a ciência não faz parte da nossa cultura. Entre as ciências, a que mais contribuiu para o desenvolvimento da humanidade foi a física. Sem a física, o homem seria o centro do universo. A física nos deu a máquina a vapor, nos deu a telefonia celular, nos deu as comunicações, as armas de destruição em massa. Sem a física, a medicina hoje seria um caos. Temos que popularizar a ciência. O Brasil tem, sem medo de errar, nenhum expoente na política que pense no Brasil como ciência”, afirmou o pré-candidato.

Nova política

Na busca de fazer uma nova política voltada para a sociedade, Professor Oliveira tem consciência de que é preciso que as pessoas se conscientizem que mudar é fundamental para o país, mas em especial ao Maranhão. Mesmo não tendo experiência em política partidária, o pré-candidato ao Senado pela Rede confia em sua experiência em gestão para melhorar as políticas públicas.

Questionado sobre como está se preparando para encarar políticos com vários mandatos e de famílias tradicionais politicamente nas eleições do ano que vem, Professor Oliveira questiona as contribuições concretas dos atuais postulantes ao Senado.

“Essa política mais antiga é a velha política. É esse ponto que não queremos. Temos que praticar uma nova política. Às vezes, o continuísmo prejudica muito. Dos políticos que estão aí [como pré-candidatos], qual foi a grande obra deles para o estado? O estado continua tendo percentual significativo de analfabetismo. Em termos de ciência, o Maranhão está em último lugar. Em termos de mortalidade infantil, os índices são altíssimos. Todos os índices do nosso estado são bastante preocupantes. Às vezes dizemos que eles são experientes, mas experientes em quê?”, disse o pré-candidato à reportagem.

Possibilidade

Para a Rede, um dos objetivos das eleições do ano que vem é o de fortalecer o partido. Uma possibilidade que agrada muito a legenda é indicar o vice numa provável chapa encabeçada pelo deputado estadual Eduardo Braide (PMN), que ainda não confirmou ser pré-candidato ao governo. Mesmo sem o “sim” de Braide, as conversas já foram iniciadas.

De acordo com Professor Oliveira, o nome do deputado do PMN pode ser considerado um meio termo entre a velha e a nova política. “Ele comunga com os ideais da Rede. Ou seja, ele não é nem o antigo e nem o atual. Simplesmente isso”.

O IMPARCIAL – O que leva um físico entrar na política partidária? Qual sua finalidade ao manifestar desejo de participar do pleito?

PROFESSOR OLIVEIRA – Eu sempre trabalhei para que a ciência seja popular. Agora, nós precisamos agregar, consolidar a ciência como um bem popular e isso precisa ter uma política pública na educação. Só um exemplo: precisamos criar museus e centros de museus de ciência em cada município. O cidadão de São Luís ou do interior tem que ver o mundo como todo mundo olha. Ele tem que entender ciência e saber que ciência é uma forma de inclusão social. É isso que eu, como candidato, estou propondo para colocar a ciência na pauta política. Qual o candidato do nosso governo que teve como plataforma política o desenvolvimento da ciência? Como pode ter uma agricultura familiar competitiva se nós não podemos embutir ciência na agricultura familiar? Como um agricultor de Santa Rita pode competir com um agricultor do interior do Paraná, que recebe toda uma assistência técnica, todos os incentivos, a melhor semente? É esse o ponto. Temos aqui uma floresta de eucalipto, florestas de sojas e por que não fazer uma floresta de bacuri, de cupuaçu, de bacaba, de coco babaçu? O Maranhão é totalmente extrativista. O estado do Piauí é hoje o maior produtor de energia limpa do Brasil. Os senadores e deputados investem maciçamente em ciência e tecnologia no Piauí. O Ceará, Rio Grande do Norte estão contribuindo com quase 50% da matriz energética do Brasil.

Como o senhor analisa a situação do Maranhão?

A gestão foi muito deficitária em vários aspectos. Você colocar, por exemplo, um médico numa pasta de ciência e tecnologia ou um cientista na pasta de saúde, significa que você não está querendo que as coisas mudem. Pessoas que foram eleitas para cargos políticos e se tornam executivos. E essa execução torna-se política. Ou seja: a atividade do fim passa a ser política, atividade de toma lá, dá cá. Isso se vê. Não tenho nada contra pessoas, mas sim à gestão. As políticas públicas, quando não executadas para alcançar os objetivos, se tornam daninhas para o sistema como um todo.

Essa será a sua primeira participação na política e o senhor escolheu logo concorrer ao Senado. Não seria mais certo passar por outros cargos eletivos?

A minha candidatura é uma candidatura da Rede. Eu poderia em qualquer instante ser deputado estadual, deputado federal, senador, governador. Eu apenas coloquei o nosso nome. Quanto à experiência de gestão, eu já fui vice-reitor e, às vezes, reitor da maior instituição de ensino (UFMA). Já fui representante-conselheiro da SBPC a nível nacional, sou vice-presidente do Centro de Museus e Ciência. Experiência de como a gente observa as políticas nós temos. Eu digo que a mesma experiência que tenho para o Senado, podemos dizer que temos para vereador ou um prefeito. Acho que o ponto principal é você fazer política para a comunidade e não para determinados grupos ou para si próprio. Acho até que esses atuais políticos não nos representam. Não consigo pensar em um nome que represente a verdadeira vontade do povo. Hoje o descrédito no político está muito forte.

O senhor teme ser atingido pelo descrédito da população ao entrar numa disputa eleitoral? Não existe esse risco?

Não temo por isso. O meu raciocínio é que o povo vota certo. Muita gente acha que o povo não vota certo, mas ele vota sim. Ele vota na esperança. O que acontece com o político, me desculpem os políticos de hoje, é que quando ele chega a Brasília o sistema corrompe da mesma forma que um prisioneiro quando vai a Pedrinhas. É a mesma coisa. Na hora que você entra você entra dizendo que vai fazer uma análise, que não vai mais roubar, matar e nem cometer mais nenhum ato ilícito e sai de lá como marginal. A mesma coisa acontece em Brasília. Ele não sai marginal, mas sai um corrupto, desde que ele esteja envolvido pelo sistema. O que a comunidade tem que fazer nesse momento é o que estou pedindo: é o lava voto. Para mim, particularmente, o que estou pedindo é o voto consciente. Tenho consciência daquilo que estou fazendo ou daquilo que vou fazer como político. Tentarei e farei tudo o que seja necessário para esse bom desempenho daquilo que o povo chama de mandato, que é uma representação limpa, honesta, uma representação de prestação de contas, uma representação que dê dignidade ao voto que eu estarei recebendo.

Como o senhor está se preparando para essa disputa ao Senado contra políticos com vários mandatos e de famílias tradicionais politicamente?

Essa política mais antiga é a velha política. É esse ponto que não queremos. Temos que praticar uma nova política. Às vezes, o continuísmo prejudica muito. Dos políticos que estão aí [como pré-candidatos], qual foi a grande obra deles para o estado? O estado continua tendo percentual significativo de analfabetismo. Em termos de ciência, o Maranhão está em último lugar. Em termos de mortalidade infantil, os índices são altíssimos. Todos os índices do nosso estado são bastante preocupantes. A responsabilidade da permanência no poder também se deve a nós porque não colocamos os nossos nomes. Às vezes dizemos que eles são experientes, mas experientes em quê? Tem que saber qual experiência é denominada aos políticos que estão disputando as eleições. Alguns foram até ministros, mas será que eles tiveram formação suficiente para exercer? O que melhorou com políticas públicas quando esses políticos estiveram nos ministérios ou exerceram outros cargos? Eu gostaria de saber, que as pessoas listassem. O nosso nome está saindo para o Senado e existe a possibilidade, dependendo de umas reuniões que vão ter, o deputado Eduardo Braide ser candidato a governador com o vice da Rede. Temos o Fauzi Baydum como possível candidato a deputado estadual. Temos vários nomes. O importante é que a Rede venha forte.

Como está essa possibilidade da Rede indicar o vice na chapa de Eduardo Braide? O Braide confirmou à Rede que será pré-candidato ao governo?

O Braide esteve na última reunião da Rede e colocou que será candidato desde que ele sinta convencido da candidatura nas reuniões e andanças em diferentes reuniões do estado. E se tiver competitividade ele disse que se candidatará.

Para a Rede, o Eduardo Braide é um exemplo da nova política?

Ele comunga com os ideais da Rede. Ou seja, ele não é nem o antigo e nem o atual. Simplesmente isso. Ele não comunga com o antigo e muito menos com o atual governo.

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