OPINIÃO

Leia ‘Armação da cultura vazia’, do jornalista e escritor Sebastião Jorge

Estamos mudando o rumo e o destino da humanidade. Vejam: primaveras árabes e as manifestações de rua, aqui, no Brasil, debaixo do nosso nariz. Diversos ditadores caíram e o presidente da Síria, Bashar al-Assad, não. O que acontece?

O contingente do Brasil portador de celulares, até há pouco, hoje é outro dia, alcançava o número que ultrapassa 278 milhões (Wikipédia). Alguma coisa assustadora! Provoca curiosidade saber-se as consequências dos efeitos das mensagens colocadas à disposição dos internautas. As respostas são muitas, desencontradas e conflitantes. Preocupa, pelo festival de besteirol. O debate está aberto quanto a trazer benefícios ou males irreparáveis à sociedade. Que os interessados se pronunciem.
Há muitas opiniões que circulam em livros, ensaios e teses de mestrado a propósito do assunto. Recomendável que aconteça e cedo. O mundo dos nossos dias é diferente, irreconhecível, em comparação às últimas décadas do século XX. Nós as vivenciamos e nos tornamos testemunhas da evolução da História. Até certo ponto, fomos influenciados e influenciadores dos acontecimentos. Que o digam as temidas redes sociais. Eis um poder em ascensão, testado e abusado. O que ninguém entende é a permanência de velhas e macrobióticas ditaduras do Caribe, na América Latina e Ásia! Um dia a casa cai.
Estamos mudando o rumo e o destino da humanidade. Vejam: primaveras árabes e as manifestações de rua, aqui, no Brasil, debaixo do nosso nariz. Diversos ditadores caíram e o presidente da Síria, Bashar al-Assad, não. O que acontece?
A informação movida pelas novas tecnologias mexeu com a mente, cérebro, coração, corpo e alma. Não satisfeita mudou impiedosamente os costumes, o modo de sermos e nos envolveu num tipo de cultura questionável, ao contrário de como a concebíamos. Somos bombardeados diariamente com textos carecedores de crédito e péssimos sob todos os aspectos. Recomenda-se apagar o que se considera obtuso. Com todo esse rolo compressor nos ancoramos no alerta do crítico norte-americano Haroldo Bloom: “E onde está o conhecimento”? – Só informação não satisfaz. A saída são os livros, a leitura, de preferência os clássicos, o que contraria Virginia Woolf. Ela recomenda lermos o que se desejar. Sábia colocação?
O escritor Vargas Llosa, Prêmio Nobel de Literatura, 2010, com novo romance na praça “O herói discreto” trata a questão com um olhar que parece impertinente, mas, encontra adeptos. Ao julgar a cultura no sentido tradicionalmente dado a esse vocábulo, está prestes a desaparecer: “No passado a cultura foi uma espécie de consciência que impedia que virássemos as costas para a realidade. Agora atua como mecanismo de distração e entretenimento”.
Considero vivermos num mundo, cuja civilização foi transformada num espetáculo de gosto duvidoso. As coisas sérias são transformadas em piada de mau gosto. No livro “A civilização do Espetáculo”, o peruano detalha suas ideias.
A futilidade dominou diversos segmentos que nos cercam, ao se opor a uma cultura saudável. O teatro, o cinema, a televisão e livros de qualidade, substituídos pelo que há de pior. O conteúdo da tela do computador, então… Muitos leem obras que não ensinam nada e nem fazem pensar. Qualquer pessoa lança livro e poucos merecem o status de escritor. As obras que batem recorde de vendagem são aquelas de tom cinza (sobre sexo), violência, autoajuda ou videogames que ensinam a matar e destruir o quem encontram pela frente, igual à ação dos vândalos, parecidos aos “Black blocs”. Um perigo às crianças e adolescentes. Compra-se livro por diversão. Ás vezes vale a atração dos textos chamativos na contracapa. Velho truque. Não passa de isca para fisgar os tolos. O certo é comprá-los pelo conhecimento do autor. Um Machado de Assis, Aloisio Azevedo, Guimarães Rosa, Graciliano Ramos merecem confiabilidade. O resto na afirmação de Llosa é espetáculo. Afeta a cultura em tudo que se olha, ouve e ler.
O circo está armado e o público aplaude, delirantemente, o palhaço. A cultura que engrandece o ser humano estaria dando adeus? Adverte Umberto Eco: “Informação demais causa amnésia. ” Principalmente, ruim.
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