ELEIÇÕES 2016

Saiba como funciona o processo para escolha do voto

O Imparcial procurou especialistas e eleitores para saber como é feito o processo decisório para escolher o seu candidato nas eleições

O resultado do primeiro turno das eleições municipais de São Luís foi marcado pela surpresa causada com a chegada de Eduardo Braide (PMN) em segundo lugar, vindo a disputar a preferência do eleitor no segundo turno com o atual prefeito e candidato à reeleição Edivaldo Holanda Júnior.
Buscando compreender como se dá o processo de escolha do cidadão no momento de ir às urnas e as variáveis que influenciam neste processo, O Imparcial ouviu cientistas políticos para traçar os fatores que mais influenciam no processo de tomada de decisão por parte do eleitorado.
Critérios unânimes entre todos os consultados, apresentam-se a opinião dos familiares e amigos, a avaliação do governo vigente, a apresentação de propostas para problemas da cidade e o resultado de pesquisas eleitorais. Por outro lado, há fatores que são apresentados como pouca ou nenhuma influência positiva na tomada de decisão, como discursos radicais típicos aos pequenos partidos, propostas mirabolantes ou fora da realidade da cidade e citações à vida pregressa do candidato.
Segundo o cientista político e advogado Diogo Guagliardo, na reta final da campanha ludovicense, onde há uma disputa direta entre quem detém o cargo e outro pleiteante, o processo de escolha final pode ser atribuído a duas grandes variáveis: o voto de protesto e o desejo de continuidade.
“A polarização entre as candidaturas atinge o ponto máximo no final de campanha, sendo definido pelo voto de protesto e o voto de confiança na continuidade. Mais que o desempenho dos candidatos em si, é a visão sobre o candidato no momento final que define o voto. É um voto que avalia o contexto presente, sem se ater mais atentamente à vida política do candidato ou sobre a atuação ao longo de todo o mandato”, disse.
Guagliardo explica que este processo faz parte da cultura política brasileira. “Esse processo de escolha a partir do contexto recente, de seis meses a um ano antes do pleito, e com notícias de última hora modificando o cenário faz parte de uma cultura mais personalista, em que fatores ideológicos ou programáticos têm papel secundário na vivência do eleitor”.
No mesmo sentido, a pesquisadora e cientista política Marcella Silva Vieira acredita em mutabilidade dos votos. “Os debates, os fatos de última hora e as declarações de apoio, mesmo de última hora, transformam a realidade das urnas. Acredito que exista uma volatilidade na opinião do eleitor, e por isso, não é à toa que os candidatos guardem suas armas para os momentos finais de campanha”.
Alana Barros, estudante
“Eu pesquisei muito sobre os candidatos e suas histórias antes de definir meu voto, por isso estou tranquila na escolha”. Alana Barros, 19 anos, estudante.
Edson Sousa, autônomo
“Ainda não defini meu voto. Assim como fiz no primeiro turno, aguardo os debates finais para ver quem se sai melhor”. Edson Sousa, 48 anos, autônomo.
Francisco de Arruda, técnico ótico
“Decidi meu voto desde o primeiro turno. Eu desejo continuidade, pois sempre que mudam os ocupantes do cargo, demoram a vir ações práticas para a cidade”, Francisco de Arruda, 49 anos, técnico ótico.
Boca de urna perdeu importância
Proibida pela legislação eleitoral, a prática de fazer propaganda de candidatos próximo aos locais de votação, conhecida como boca de urna, ainda é registrada nas eleições. Mas, na avaliação do cientista político Leonardo Barreto, especialista em comportamento eleitoral, a boca de urna perdeu importância nos últimos anos, porque poucas pessoas deixam para escolher o seu candidato na última hora.
“Hoje temos pesquisas que mostram que o percentual de pessoas que deixam para escolher seus candidatos em cima da hora é algo em torno de 10% dos eleitores. A maior parte das pessoas já vão sabendo, muitas vezes vão indecisas, mas não é que elas não tenham ideia, às vezes estão com dois candidatos na cabeça”, disse.
Além disso, a boca de urna pode não ser tão efetiva para a decisão dos eleitores, segundo Barreto. “O eleitor que vai sem saber o que fazer pode até votar em quem está fazendo boca de urna, mas pode também pegar um santinho no chão, pode encontrar uma pessoa na fila. É muito aleatório, não tem um nível de controle”, disse. Para ele, o principal objetivo da proibição da propaganda no dia da eleição é organizar o pleito e evitar a violência e o confronto entre os candidatos e eleitores.
O rigor na fiscalização reduziu bastante a prática de boca de urna, até mesmo com o apoio dos próprios eleitores, que agem como fiscais. O presidente do TRE-MA, desembargador Lourival Serejo, em entrevista a O Imparcial, ainda no primeiro turno, falou sobre a diminuição do número de ocorrências como essas. “Hoje ficou muito mais complicado fazer boca de urna, sobretudo pela fiscalização feita pelos próprios eleitores. Aplicativos como o Pardal aproximaram o eleitor deste processo, fazendo com que o cidadão participe ativamente da fiscalização, mandando suas denúncias para o TRE, para o Ministério Público, para a OAB e até mesmo para a imprensa”, disse então.
De acordo com a Lei das Eleições, arregimentar eleitores ou fazer propaganda de boca de urna no dia da eleição é crime, com punição de detenção de seis meses a um ano. A legislação permite, no dia do pleito, a manifestação individual e silenciosa da preferência do eleitor, com uso de bandeiras, broches e adesivos.
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