ELEIÇÕES 2016

Apoios e interesses no segundo turno em São Luís

Campanha para a Prefeitura de São Luís tem gerado polêmicas envolvendo apoios e entidades se envolvendo para os dois lados

A reta final da campanha à Prefeitura de São Luís está sendo marcada por intensos movimentos nos bastidores políticos. Na superfície, representada nos discursos reproduzidos nas propagandas políticas de rádio e televisão, impera o marasmo dos discursos de ataques entre ambos os candidatos baseados no não comparecimento a debates ou questionamentos sobre a habilidade de cada um deles como gestores públicos.
Com um olhar mais atento, no entanto, não passam despercebidos movimentações que envolvem o apoio (não declarado) de membros do grupo político Sarney às duas candidaturas; o apoio desconfiado de Wellington do Curso (PP) à campanha de Eduardo Braide (PMN); uma suposta quebra de acordo entre Braide e o governador Flávio Dino (PCdoB), que culminou na declaração de apoio expresso a Edivaldo Holanda Júnior (PDT); o apoio velado do senador João Alberto à candidatura do atual prefeito e o acirramento de uma queda de braços na classe médica, entre o presidente do Conselho Regional de Medicina do Maranhão, Abdon Murad (PMN), e a secretária municipal de Saúde, Helena Duailibe.
Wellington e o fogo amigo
Poucos dias após a declaração de apoio do deputado estadual Wellington do Curso (PP), ao candidato do PMN, deputado Eduardo Braide, circula na blogosfera maranhense um vídeo em que o ex-candidato a prefeito conversa com seus alunos, em uma sala do curso que é proprietário, explicando os motivos que o levaram a declarar apoio ao colega de bancada.
Em diversos trechos de sua fala, Wellington deixa claro sua desconfiança em Braide, a quem atacou duramente no primeiro turno, chegando a especular que “ele pode não ser flor que se cheire”. No entanto, ele justifica seu apoio, explicando que em respeito a seus eleitores não poderia se manter neutro no segundo turno.
“Eu poderia ficar neutro, mas neutro eu iria ajudar Edivaldo. Hoje tomei a difícil decisão. Eu fui criticado pelo Eduardo Braide, que talvez também não seja flor que se cheire. Mas eu tinha que me posicionar. Eu não poderia ter ficado dois anos criticando Edivaldo e ficar omisso. Eu não sou covarde, sou homem de atitude. Não sou homem de ficar em cima do muro”, afirmou aos alunos.
Polêmica na saúde ganha contornos
Uma polêmica envolvendo o presidente do Conselho Regional de Medicina do Maranhão (CRM-MA), Abdon Murad, e a secretária municipal de Saúde, Helena Duailibe, vem ganhando uma maior repercussão na reta final da campanha.
A discórdia entre os dois envolve a gestão dos hospitais Socorrão I e Socorrão II, além do credenciamento e habilitação de leitos da Santa Casa de Misericórdia por parte da rede municipal de saúde, hospital coordenado pela família de Abdon há anos e, nesses dias, tem ganhado contornos que se aproximam da campanha à prefeitura.
Na última terça-feira, Abdon Murad, que é filiado ao PMN, partido de Eduardo Braide enviou ofício à Secretaria Municipal de Saúde em que pede providências imediatas do órgão no sentido de resolver problemas que teriam chegado ao conhecimento de membros do CRM que incluiriam a falta de materiais básicos, cirúrgicos e até mesmo de higiene.
Acrescentando elementos ao caso, a Comissão de Direito à Saúde da OAB-MA visitou ontem a Santa Casa de Misericórdia e o Hospital da Criança com intuito de verificar a situação de tais aparelhos do sistema de saúde de São Luís e constatar se houve avanços após a primeira visita realizada em julho deste ano, quando a comissão sugeriu uma parceria entre a Prefeitura de São Luís e a Santa Casa. A parceria tinha como objetivo desafogar hospitais ao receber pacientes nos leitos ociosos da Santa Casa.
A secretária municipal de Saúde de São Luís, Helena Duailibe, em entrevista a O Imparcial, contou que, durante a visita da OAB, a diretora-geral do Hospital da Criança, Silvana Helena Serra, foi questionada sobre o porquê dos leitos de UTI da Santa Casa não estarem sendo credenciados para funcionar como retaguarda para as unidades de saúde públicas. “Nós então informamos à Comissão que temos na secretaria um ofício de solicitação de credenciamento para UTI adulto e não UTI Pediátrica Neonatal”.
De acordo com a gestora da Semus, desde o mês de abril, ofícios foram rejeitados em razão de pendências documentais da Santa Casa para habilitação das UTIs. “A solicitação que existe na secretaria, e que não foi para frente por pendências que existem na Santa Casa, é de UTI adulto”.
Descontentamento com Flávio Dino
Circulam desde ontem em blogs políticos da capital rumores de que o candidato Eduardo Braide (PMN) não estaria satisfeito com o envolvimento direto do governador Flávio Dino (PCdoB), na campanha do prefeito e candidato à reeleição Edivaldo Holanda Jr. (PDT).
A informação daria conta de que Braide teria dito a aliados próximos estar se sentindo traído pelo governador, que previamente teria acordado com o candidato se manter neutro na disputa local, já que ambos os candidatos fazem parte de partidos que compõem a base aliada do governo na Assembleia Legislativa. Procurados pela reportagem, pessoas próximas ao candidato e ao governador desmentem a informação veiculada sobre a existência deste suposto acordo.
Movimentos silenciosos do PMDB
O deputado federal Hildo Rocha (PMDB) usou a tribuna do plenário da Câmara dos Deputados para comentar as declarações de membros do seu partido desfavorecendo o candidato Braide.
Em sua fala, ele destacou que seus partidários teriam como verdadeira motivação o apoio velado à campanha de reeleição do atual prefeito, Edivaldo Holanda Júnior. Segundo o deputado federal, o apoio do vereador Alex Paiva, mais votado do PMDB em São Luís, seria uma demonstração do apoio da cúpula municipal de seu partido, já que o vereador e seus correligionários já declararam apoio a Edivaldo Holanda Júnior.
Segundo o deputado Hildo Rocha, outro indício deste apoio velado seria a participação de Nival Costa na campanha de Edivaldo. Nival foi candidato a vereador pelo PMDB e é aliado direto do senador João Alberto de Sousa, que controla o partido no estado e teria liberado os membros do partido ao apoio, ainda que publicamente o senador tenha mantido o silêncio.
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