MANIFESTAÇÕES

Em BH, deputado do PT defende que Pimentel não reconheça Temer

Manifestantes pró e contra o impeachment saíram às ruas do centro de Belo Horizonte

Insatisfeitos com a decisão do Senado de aprovar o impeachment de Dilma Rousseff, manifestantes saíram às ruas do centro de Belo Horizonte na noite dessa quarta-feira (31). Eles se concentraram a partir das 18h na Praça Rômulo Paes, se dirigiram à Praça Raul Soares e depois seguiram para a Praça Sete. Ao logo do percurso, os presentes usavam palavras de ordem para pedir a saída do presidente Michel Temer e para classificar de golpe o processo que levou ao afastamento da petista. Também foram feitas projeções em edifícios com a frase “Fora Temer”.
O deputado estadual petista Rogério Correia defendeu a realização de eleições gerais no Brasil. Ao ser perguntado se o PT já discutiu como deve ser a postura do governo mineiro comandado por Fernando Pimentel, o parlamentar respondeu: “No meu entendimento, o governo Temer não deve ser reconhecido. Se o povo não reconhece, nenhum outro governo deveria reconhecê-lo. Trata-se de um golpista e assim ele tem que ser tratado”. Entre os presentes, estavam também dois dos 11 candidatos à prefeitura de Belo Horizonte: Maria da Consolação (PSOL) e Reginaldo Lopes (PT).
Em nota, Pimentel manifestou repúdio à casação do mandato de Dilma Rousseff e considerou que ela não cometeu nenhum crime de responsabilidade. “Garantir o cumprimento do mandato conferido pelas urnas é compromisso prioritário dos que prezam a democracia no Brasil. A história saberá julgar os personagens dessa página triste que hoje passamos”, diz o texto.
Convocado pelas redes sociais
O ato foi convocado nesta tarde pelas redes sociais pela Frente Brasil Popular e pela Frente Povo Sem Medo, que reúnem entidades como a Central Única dos Trabalhadores (CUT), a União Estadual dos Estudantes (UEE-MG), o Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST), o Movimento dos Atingidos por Barragem (MAB) e o Movimento de Luta nos Bairros, Vilas e Favelas (MLB). Segunda estimativa da Polícia Militar, o protesto reuniu cerca de 700 participantes. Já os organizadores falaram em 10 mil.
A advogada Maria Celeste Córdoba considerou que a participação do judiciário foi decisivo para o processo e que o Supremo Tribunal Federal (STF) é coautor do impeachment junto com o Congresso. “Diversos direitos constitucionais já vinham sendo minados há algum tempo, favorecendo o golpe consolidado hoje. O que comentar de uma casa onde os senadores deveriam fazer o julgamento de um processo pelo que ele é, mas se usam argumentos que vão desde Deus até filhos?”
Para a advogada, o processo coloca em questão o valor do voto e da Constituição. “Eu votei na Dilma e agora estamos na boca de uma eleição municipal e eu não sei se meu voto vai valer. Porque o voto de 54 milhões de brasileiros não tiveram valor nenhum. Também não sei se a Constituição está em vigor. Eu trabalho com a defesa de servidores públicos. O que eu vou dizer amanhã para um juiz em uma audiência? O que eu disser para esse juiz tem valor? O que está escrito na Constituição estará valendo? O que não está escrito pode valer?”
Comemoração
Manifestantes comemoram aprovação do impeachment na Praça da Liberdade, em BH

Enquanto uns protestam, outros comemoram. Na Praça da Liberdade, um grupo de aproximadamente 70 pessoas fizeram uma roda de batucada para celebrar a confirmação do impeachment de Dilma Rousseff. Entre os presentes estavam líderes do Vem Pra Rua, do Movimento Brasil Livre (MBL) e do Patriotas, grupos que vinham organizando manifestações pedindo o fim do governo do PT.

Apesar do clima festivo, o coordenador geral do MBL-BH, Ivan Günther, lamentou a decisão dos senadores de não cassar os direitos políticos de Dilma Rousseff. “A aprovação do impeachment já era prevista, mas ficamos surpresos com a decisão dos senadores de não cassar os direitos políticos de Dilma Rousseff. Não faz sentido porque, conforme a Constituição, ela deveria ficar incapacitada de exercer qualquer cargo público por oito anos e a Lei da Ficha Limpa também vai nessa mesma direção”.
Ivan Günther também cobrou que o presidente Michel Temer se comprometa com a agenda dos grupos que se mobilizaram pelo fim do governo petista. “O movimento começou desacreditado. Na primeira manifestação havia uma diversidade de pautas, inclusive malucos defendendo intervenção militar. Com o passar do tempo, os protestos começaram a tomar um corpo e se centralizarem na pauta do impeachment. A vitória de hoje é apenas o primeiro passo e agora vamos construir um projeto de Brasil, pautado na desburocratização, redução de impostos, privatizações e simplificação de leis”.
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