Bom Jardim

É o fim para Lidiane Leite?

Liminar da 1ª Vara da Comarca de Zé Doca suspende decreto que permitiu retorno de Lidiane Leite. Veja vídeo com entrevista exclusiva

Em decisão liminar assinada pela juíza Denise Pedrosa Torres, da 1ª Vara da Comarca de Zé Doca, na quinta-feira passada, dia 18, foram suspensos os efeitos do decreto legislativo nº 03/2016, da Câmara de Vereadores de Bom Jardim. A mesma decisão restabelece o decreto nº 006, este do ano de 2015, e da mesma Câmara, que estabeleceu a perda do mandato da então prefeita Lidiane Leite. A decisão atende pedido do Ministério Público do Maranhão (MP) formulado em ação civil pública (anulatória de ato administrativo) ajuizada pelo promotor de Justiça, Fábio Santos de Oliveira, contra o presidente da Câmara de Vereadores de Bom Jardim, Arão Sousa da Silva, autor dos dois decretos, por mais contraditório que pareça.
Na ação, o MP afirmou que o decreto nº 003/2016 foi emitido de forma irregular e unilateral pelo presidente da Câmara: “não foi publicado no Diário Oficial, no mural ou disponibilizado aos demais vereadores, desrespeitando os princípios da publicidade e transparência”, informa texto divulgado na sexta (19) no site do MP.
Conforme argumentou o MP, “o decreto Legislativo nº 006/2015, que afastou a prefeita, atendeu os ditames da Constituição Federal e da Lei Orgânica do Município. O ato foi baseado no fato de que a prefeita afastada se ausentou do cargo, por mais de 15 dias, sem autorização da Câmara de Vereadores”.
Entenda o caso
Em 20 de agosto de 2015, a Polícia Federal tentou cumprir mandado de prisão da Justiça Federal contra Lidiane Leite, mas a então prefeita havia fugido da cidade e permaneceu foragida por mais de 15 dias, sem ter comunicado e justificado a ausência junto à Câmara de Vereadores.
O presidente da Câmara deu posse à Lidiane, no dia 9 de agosto. “Com apenas uma canetada o presidente da Câmara destituiu da prefeitura de Bom Jardim a prefeita Malrinete Gralhada e empossou Lidiane, alegando que não havia impedimento para o exercício do mandato. Mas como isso é possível? Se ele mesmo já havia emitido decreto declarando a perda do mandato de Lidiane, reconhecendo que houve abandono do cargo por mais de 15 dias?”, questionou o promotor Fábio Oliveira, no texto divulgado na sexta, dia 19, pelo MP.
No mesmo dia 11, a 1ª Vara de Zé Doca também afastou o presidente da Câmara Municipal, Arão Silva (PRP) das funções de vereador por conta de ação do Ministério Público (MP) por ato de improbidade administrativa.
Entrevistas
Ainda no dia 11, a equipe de O Imparcial esteve em Bom Jardim, e conversou com Lidiane Leite, que, naquele momento, era prefeita da cidade; e com a prefeita Malrinete Gralhada, que, na ocasião, havia sido destituída, mas que agora retornou ao comando de Bom Jardim.
Foram aproximadamente 72 horas, entre os dias 9 e 11 de agosto, o tempo em que Lidiane Leite permaneceu de volta à prefeitura de Bom Jardim. Nesse breve retorno, ela chegou a tomar pé dos assuntos da cidade e exonerou secretários e adjuntos nomeados por Malrinete Gralhada (PMDB). Ela afirma inocência. “É incrível é que as pessoas falam em não sei quantos milhões, eu fico impressionada, eu sou investigada por R$ 292 mil, eu sou inocente, estou provando minha inocência, é tanto que eu tenho ganhado a minha liberdade aos poucos”, afirmou Lidiane Leite.
Sobre o decreto da Câmara que permitiu o retorno à prefeitura, Lidiane disse que presidente Arão Silva sofreu pressão popular. “Quando comecei a tomar pé de tudo que estava acontecendo, vi que a mudança foi por pressão popular. Porque eram quatro meses de atraso de folha… E por pressão da população e dos funcionários, eu acho que foi aí que veio a mudança, porque eu não tinha um bom relacionamento com o Arão, apesar de ele ter sido eleito na minha chapa, a gente teve um desentendimento, inclusive foi ele que me cassou, ilegalmente, mas foi!”, afirmou.
Para a prefeita Malrinete Gralhada, que foi deputada estadual entre 1999 e 2002, quando atuou na CPI do Crime Organizado, que resultou na cassação dos ex-deputados Francisco Caíca e José Gerardo, a história foi diferente. “Na verdade o que diz respeito à Câmara, todo bom-jardinense é conhecedor aqui da grande perseguição do presidente da Câmara, vereador Arão, porque eu não aceitei repassar dinheiro dos cofres públicos e de lá pra cá, ele vem me dizendo que vai me tirar do poder, que ia revogar o decreto aonde voltasse a hoje, né, prefeita Lidiane”.
Já em São Luís, a equipe de O Imparcial tentou gravar entrevista com Arão Silva, que atendeu aos telefonemas e chegou a marcar horário e local para um encontro, mas não compareceu.
Confira o vídeo com as entrevistas na íntegra:
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