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Em gravação, Sarney disse que faria ‘aceno’ ao prefeito Ribamar Alves

Na presença de Machado, Chiquinho Escórcio teria pedido a Sarney para interferir junto a Justiça pela soltura de Ribamar Alves em fevereiro

No áudio feito em fevereiro e obtido pela Folha de S.Paulo, o ex-deputado Chiquinho Escórcio (PMDB/MA) disse querer o apoio do ex-presidente José Sarney para interferir junto a desembargadores do Tribunal de Justiça do Maranhão para tirar o prefeito de Santa Inês Ribamar Alves (PSB) da prisão.
Na época, Ribamar Alves se envolveu em um suposto caso de estupro e acabou preso, sendo recolhido à Penitenciária de Pedrinhas, onde esteve detido por 28 dias.
O auxílio de Sarney, segundo Escórcio seria interessante politicamente, pois eles teriam, com isso, a prefeitura ‘na mão’.
Após o pedido, José Sarney teria prometido fazer um ‘aceno’ pelo prefeito de Santa Inês Ribamar Alves.
No dia 25 de fevereiro, Ribamar Alves passou a cumprir pena alternativa em substituição à prisão. A decisão foi da Segunda Câmara Criminal do TJ do Maranhão por 2 votos a 1. O julgamento foi numa quinta-feira, como havia dito o ex-deputado na conversa com Sarney.
Segundo procuradores, o diálogo gravado por Sérgio Machado teria ocorrido dois dias antes da decisão do TJ.
O diálogo
O diálogo foi gravado pelo ex-presidente da Transpetro Sérgio Machado, delator da Operação Lava Jato, na ocasião em que ele conversava com Sarney sobre as investigações quando foram interrompidos pela chegada do ex-deputado. Machado lia para Sarney o pedido de busca e apreensão do qual foi alvo em um desdobramento da operação no fim do ano passado.
Na presença de Machado, Chiquinho explicou seu plano, afirmando ainda que procurou o ex-presidente a pedido da família de Ribamar Alves.
Ele inicia a fala dizendo que reconhece o estremecimento na relação entre Sarney e Ribamar Alves, mas faz um apelo.
“Eu trouxe um assunto aí que é político lá do Maranhão. Ribamar Alves está preso. Mandou (…) lhe procurar. Quer sentar no seu colo, pedir perdão, fez tanta injustiça com o senhor, o senhor foi amigo do pai dele, é, inclusive, padrinho do irmão dele. Está numa situação… A mulher dele quer vir aqui”, afirmou o ex-deputado.
Na sequência, Chiquinho disse que já tinha desenhado a estratégia para ajudar o prefeito de Santa Inês.
“Eu já tenho a saída toda pontilhada. Quem são os nossos amigos e tal. Temos um voto [a favor] e um voto contra. Está faltando um voto. Vou almoçar agora com o desembargador que pode ser esse desembargador ou [inaudível]”, completou.
Acesso a Prefeitura
Chiquinho Escórcio disse que iria fazer os acertos com Franklin Seba, que é presidente da Câmara de Vereadores de Santa Inês e aliado Ribamar Alves.
“Como o negócio é na quinta-feira… para ver como a gente faz. Eu sei que o senhor tem coração deste tamanho. Aí eu disse, acho até que é interessante politicamente porque nós podemos ter aquela prefeitura na mão”, afirmou.
Chiquinho pede uma posição de Sarney sobre o caso. “O que eu puder ajudar, eu ajudo”, disse o ex-presidente.
“Ele [Seba] quer saber se o senhor recebe para conversar essa ladainha toda com o senhor. Acho que é importante. Ele veio do Maranhão por conta disso”, reforçou.
Sarney questionou: “Para conversar comigo?”
Chiquinho explicou a posição. “É, eu venho com ele. Converso com o senhor e o senhor diz que o Chiquinho toma conta. Eu tenho a saída tanto lá como aqui. […] O senhor já perdoou tanta gente.”
“Eu não tenho nada disso”, disparou o ex-presidente. “Posso fazer aceno… Uma hora que você vier aí, você vem com ele.”
Animado, Chiquinho deixou a conversa sustentando que iria para o almoço com o desembargador e retornaria para a casa de Sarney e afirmou: “já viu né, é desse jeito. Um beijão no coração”.
Defesa
A defesa do ex-presidente José Sarney afirmou que ainda não teve acesso às gravações feitas pelo ex-presidente da Transpetro. O advogado Antônio Carlos de Almeida Castro, o Kakay, afirmou, no entanto, que não identificou nos trechos relatados nenhum indício de conduta criminosa.
O ex-deputado Chiquinho Escórcio (PMDB/MA) afirmou inicialmente à reportagem da Folha que não se recordava da conversa. Em um segundo contato, disse que na verdade foi procurado pela mulher do prefeito e por um vereador da cidade em busca de um contato com Sarney para ajudá-lo.
Negou, porém, que tenha se encontrado com um desembargador que julgaria o caso de Ribamar Alves.
Escórcio disse que avisou Sarney do contato, mas que o ex-presidente estava adoentado e não pôde recebê-los. Afirmou ainda que não tomou nenhuma medida para ajudar o prefeito. “O que eu poderia fazer?”, disse.
As informações são da Folha de S.Paulo.
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