Juristas discordam de possível análise do STF sobre parecer de Jovair
Especialistas ouvidos pelo Correio defendem as duas teses – a de que pode ou não – se recorrer ao Supremo Tribunal Federal (STF) sobre o teor político do relatório
“Não há (brechas no teor do relatório). O que pode ser judicializado é o descumprimento de uma forma. O mérito de decisão do parecer é de competência da Câmara, num primeiro momento, e do Senado, em seguida. O contrário colocaria em risco de se transformar o Poder Legislativo em uma repartição do Poder Judiciário”, avalia o magistrado.
Mesma linha de defesa segue a advogada Magda Brossard Iolovitch. Filha do ex-ministro do Supremo Paulo Brossard, falecido em 2015, a especialista em direito público e procuradora aposentada do estado do Rio Grande do Sul conta que cresceu ouvindo o pai tratar do assunto quando impeachment “ainda era algo impensado no Brasil”. De acordo com ela, o impedimento de um presidente da República é um processo que se passa no Legislativo, a quem cabe decidir sobre a admissibilidade e a aprovação.
Paulo Brossard estudou processos de impeachment ao longo da história de outros países e escreveu artigos sobre o tema também no Brasil. Magda cita as competências do Senado e do Supremo previstas na Constituição, e ressalta que só ao primeiro cabe processar e julgar o presidente da República, o vice, ministros e comandantes das Forças Armadas. “Ao STF caberia apenas o julgamento de questões ordinárias”, completa.