ENTREVISTA

Impeachment vai revelar diferenças entre Câmara e Senado, diz Roberto Rocha

Para o senador, a votação no Senado será pedagógica, não para ensinar a Câmara, mas para revelar à população a diferença conceitual entre as duas casas legislativas

Roberto Rocha

O senador Roberto Rocha (PSB-MA) é suplente na comissão do impeachment no Senado, instalada ontem. Reportagem de O Imparcial conversou com ele sobre a expectativa da votação. Rocha diz ainda não ter posição sobre o suposto crime de responsabilidade cometido pela presidente Dilma Rousseff e acredita que a votação irá mostrar ao país a diferença “conceitual” entre Câmara e Senado. Confira.

Por que o senhor defende o voto harmônico da bancada maranhense?
Eu entendo que o Maranhão tem sido punido muitas vezes por não conseguir vocalizar suas demandas de modo unívoco. Muitos estados conseguem superar as divergências políticas e chegar ao núcleo das decisões com força para disputar os escassos recursos federais. Um voto harmônico seria uma sinalização de que o Estado possui uma agenda de desenvolvimento. Além disso favorece os pleitos do Governo do Estado junto ao Planalto.
O PSB, seu partido, é a favor do impeachment. No Senado a orientação partidária funciona como na Câmara? Há pressão?
A posição do partido apenas indica a corrente majoritária. Claro que é importante, mas não fecha questão nem funciona como instrumento de pressão interna. O voto de cada senador é soberano.
Na sua opinião a Dilma cometeu crime de responsabilidade? Por que?
O Senado não é uma casa jurídica. Essa questão tem sido abordada, pelos especialistas, de modo muito divergente. Não tenho ainda elementos para firmar uma convicção, antes de me debruçar sobre esse aspecto, ao receber as peças de acusação e de defesa. Há muita adesão acrítica, a um lado ou outro. Precisamos de mais solidez jurídica para dar maior segurança à decisão final.
No Maranhão comenta-se que a saída de Dilma seria bom para o Sarney, portanto ruim para o governo Flavio Dino. O Sr. concorda?
O que for bom para o Brasil será melhor para o Maranhão. Não podemos assumir uma visão paroquial, em assunto de tanta gravidade.
A votação do impeachment na Câmara foi criticada por alguns devido à carga de teatralização de alguns deputados na hora do voto. O que o Senado tem a ensinar à Câmara nesse quesito?
Certamente a votação no Senado será pedagógica, não para ensinar a Câmara, mas para revelar à população a diferença conceitual entre as duas casas legislativas. Na Câmara, o deputado atua como um promotor, é parte no processo. O senador é juiz, e deve decidir conhecendo bem o que está nos autos do processo. A denúncia do impeachment nasce de um fundamento jurídico, mas o processo, contudo, é político. Aliás, essa é a razão pela qual ele tramita no Congresso Nacional, e não nos tribunais.
Michel Temer já conversa com possíveis ministros de seu governo. E dá deixas de como será sua gestão caso a Dilma seja impedida. Isso é uma postura correta para um ainda vice-presidente?
Se ele conversa não é na arena pública. Se fosse, não seria uma postura correta.
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