TENSÃO

Suposta delação de Delcídio abala estrutura do governo federal

As revelações atribuídas a Delcídio envolvem Dilma e Lula e levam o escândalo da Petrobras para dentro do Palácio do Planalto

As revelações atribuídas a Delcídio levam o escândalo da Petrobras para dentro do Palácio do Planalto. É a primeira vez que o nome da presidente Dilma é citado diretamente nas investigações da Operação Lava-Jato. Líder do governo até o fim do ano passado e homem de confiança da cúpula petista, Delcídio do Amaral teria contado sobre a articulação entre Dilma e Cardozo para a soltura de empreiteiros dentro do Palácio da Alvaroda, a tentativa de uma “mudança de rumos” na investigação no Supremo, a confirmação de caixa dois na campanha de 2010, entre outras acusações. A notícia repercutiu internacionalmente, mudou as perspectivas no mercado financeiro — que aposta na saída da chefe do Executivo —, deu gás para a oposição e deixou o governo em situação bem complicada. Até porque a denúncia o afasta ainda mais do PMDB, partido essencial na luta contra o impeachment.
Atônito com o teor devastador das acusações, o governo tentou desqualificar as denúncias. Durante a posse dos novos ministros —Wellington César Lima e Silva (Justiça), Luiz Navarro (CGU) e Cardozo na AGU — Dilma já havia garantido que o governo não interferia na Lava-Jato, “não porque a corrupção começou no meu governo, mas porque não costumamos engavetar investigações”. Era uma crítica à oposição, mas o ódio do Planalto estava voltado para Delcídio. “O que ele falou nessa suposta delação não se sustenta em pé. Delcídio fez isso por duas razões: vingança pessoal por achar que nós poderíamos tirá-lo da prisão e a expectativa de que a delação pudesse tirá-lo da cadeia”, vociferou Cardozo, em entrevista no Ministério da Justiça.

“Prefiro não adjetivar, prefiro ser objetivo. Esse fato é intolerável no estado democrático de direito. Se faz um linchamento seja lá de quem for para depois alguém dizer que não valeu nada. Até porque se ela (delação) deveria estar protegida por sigilo, estou entendendo que a delação perdeu seu valor de fato, do ponto de vista do processo judicial, e virou o que se tem virado muitas vezes: a execração pública para depois alguém provar que algo está diferente”, criticou Jaques Wagner após participar da abertura do Conselhão, no Planalto.

Em um gesto raro, Dilma divulgou uma nota, por intermédio da Secretaria de Imprensa, assinada por ela própria. “Os vazamentos apócrifos, seletivos e ilegais devem ser repudiados e ter sua origem rigorosamente apurada, já que ferem a lei, a Justiça e a verdade”. Acrescentando que só deve chegar ao conhecimento da sociedade as delações premiadas homologadas e devidamente autorizadas pela Justiça, Dilma foi ainda mais dura. “Repudiamos, em nome do Estado Democrático de Direito, o uso abusivo de vazamentos como arma política. Esses expedientes não contribuem para a estabilidade do país.”

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