Se quiserem me derrotar, vão ter de me enfrentar nas ruas, diz Lula
O ex-presidente Lula disse na noite desta sexta-feira que não irá se calar mesmo ameaçado por perseguição política e denúncias infundadas
Lula falou em ato organizado pelo PT, sindicatos e movimentos sociais sobre a situação política após ter sido conduzido pela Polícia Federal ao Aeroporto de Congonhas para depor nas investigações da Operação Lava Jato.
“Eu vim aqui para dizer o seguinte: eu não sei se vou ser candidato, mas eu queria dizer a todos que me ofenderam hoje pela manhã que foi uma ofensa; um ex-presidente que fez por esse país o que eu fiz, não merecia receber o que eu recebi hoje de manhã. Mas sem mágoa. Quero dizer para você aqui, se eles tiverem que me derrotar, eles vão ter que me enfrentar nas ruas deste país”, disse o ex-presidente.
O discurso de Lula, o último do evento, foi acompanhado por militantes e lideranças políticas que lotaram a quadra dos bancários. Muitas pessoas, no entanto, não conseguiram entrar no local, e acompanharam a fala do ex-presidente do lado de fora, na rua Tabatinguera, na região da Sé.
“A partir de hoje, a única resposta que eu posso dar a insolência que fizeram a mim, a ofensa que fizeram a mim, é ir para rua dizer: estou vivo e sou mais honesto do que vocês. De coração eu quero agradecer a cada um de vocês”, acrescentou.
Lula voltou a dizer, como havia feito no pronunciamento à tarde, que voltará a viajar pelo país e que não se calará diante do que diz ser perseguição política e denúncias infundadas. “Estou disposto a viajar esse país do Oiapoque ao Chuí, estou disposto. Se alguém pensa que vai me calar com perseguição e denúncia, não sabe que eu sobrevivi à fome, e quem sobrevive à fome não desiste nunca”, disse.
“Eu não sou vingativo, não carrego ódio na minha alma, mas eu quero dizer para vocês uma coisa: eu tenho consciência do que eu posso fazer por esse povo, e tenho consciência do que eles querem comigo. Portanto, queridas e queridos companheiros, se vocês estão precisando de alguém para animar a nossa tropa, o animador está aqui”, destacou.
O ex-presidente ainda disse que a operação da Polícia Federal confiscou um celular de sua esposa, Marisa Letícia, e papéis da casa de seu filho, Luís Cládio, que já haviam sido levados há quatro meses.
“Na casa de meu filho, Luís Cláudio, levaram a mesma papelada que já levaram há quatro meses atrás. As perguntas que fizeram hoje já fizeram cinco meses atrás. Então é pura provocação. Estão dizendo: nós existimos e vamos criminalizar o PT. Eu quero dizer, vocês existem mas eu existo. E eu vou resistir à criminalização”.