ARTICULAÇÃO

Presidente Dilma negocia com partidos nanicos apoio contra impeachment

No entanto, a intenção de seis ministros do PMDB em permanecer na Esplanada deve atrapalhar a redistribuição de pastas. Estratégia é evitar que a oposição consiga os 342 votos para o impeachment

Dilma
Enquanto negocia com partidos menores a divisão dos mais de mil cargos que deveriam ser deixados vagos pelo PMDB, a presidente Dilma Rousseff lida com um entrave diante da intenção dos seis ministros peemedebistas de permanecerem nos cargos. Mesmo com a oposição do próprio PMDB à possibilidade de os titulares da pasta se licenciarem da legenda — como indicaram que querem fazer —, o governo também perde ao deixar de ter ministérios importantes na manga para barganhar cargos em troca de votos contra o impeachment. Na noite de ontem, a presidente seguia reunida com ministros do núcleo duro para definir como proceder e se exonerará os peemedebistas aliados. O objetivo é atrair partidos pequenos e garantir que a oposição não atinja os 342 votos necessários para aprovação do impedimento.

Ontem, Dilma recebeu os ministros peemedebistas Kátia Abreu (Agricultura), Marcelo Castro (Saúde), Eduardo Braga (Minas e Energia) e Celso Pansera (Ciência e Tecnologia). Após o encontro, Kátia publicou nas redes sociais mensagens dizendo que ficará no governo, assim como os outros ministros da legenda. Em outra postagem, Kátia Abreu ressalta que tudo depende da vontade da presidente Dilma Rousseff. O deputado George Hilton, que havia trocado o PRB pelo Pros para se manter no Ministério do Esporte, acabou deixando a pasta. A petista ganha mais um latifúndio para negociar.

O PMDB, no entanto, diz que não aceitará o licenciamento dos ministros e que provavelmente, eles terão de sair do partido caso decidam por permanecer ao lado de Dilma. O Planalto, por outro lado, também passou a ver o lado bom da saída dos titulares, já que abre a possibilidade de negociação. “Está criando uma situação difícil, de constrangimento eles ficarem no limbo”, avaliou um assessor. O sentimento no Palácio é de que Dilma pode demitir os ministros, mesmo sendo aliados. Neste caso, alguns deles seriam relocados para outros postos.

O núcleo político do Planalto contabiliza hoje ter de 130 a 150 votos para barrar o impeachment. São necessários 172 para que o processo contra a presidente não seja instaurado. Na conta, a oposição, com PMDB, representa cerca de 30% do total de votos na Câmara. A avaliação é de que agora é possível conseguir o mínimo necessário para evitar o processo. Do PMDB, o governo calcula cinco votos. “Ele (o PMDB) deixou de ser importante. Quem precisa comprar votos é a oposição. Não tem como o espaço ficar vazio. Se o PMDB sair, alguém tem que assumir o ministério”, disse um petista.

São mais de mil cargos com o PMDB a serem negociados pelo país. Mas, apesar de ter decidido pela debandada, a entrega de cargos segue em ritmo lento, na avaliação de interlocutores. “O PMDB não quer largar o osso. É uma desmoralização do movimento do rompimento. O partido fez um show eleitoral para as eleições municipais e agora os ministros não querem sair do governo”, afirmou um aliado da presidente.

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