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PMDB força coalizão e governo usa cargos para tentar conter debandada

A saída do PMDB foi sacramentada em uma reunião da Executiva Nacional do partido na Câmara que durou menos de cinco minutos

Os peemedebistas aprovaram nesta terça-feira em votação simbólica uma moção que recomenda a entrega imediata dos cargos de filiados ao partido para o governo

O PMDB anunciou nessa terça-feira, dia 29, o rompimento com o governo da presidente Dilma Rousseff e decidiu que seus filiados terão de entregar os ministérios e os cerca de 600 cargos que ocupam no Executivo nas próximas duas semanas. A decisão do principal partido da coalizão governista, ao lado do PT, praticamente implodiu a base de apoio do Planalto na Câmara dos Deputados e fez crescer o risco do impeachment para Dilma.

O gesto do PMDB pode ser seguido a partir de hoje por outros partidos da base, como o PP. O PSD também estuda se permanecerá ou não ao lado do Palácio do Planalto. Para tentar conter a debandada, o governo decidiu intensificar a liberação de cargos e de emendas. A saída do PMDB foi sacramentada em uma reunião da Executiva Nacional do partido na Câmara que durou menos de cinco minutos e terminou aos gritos de “fora PT”. A bancada do PMDB na Casa tem 68 deputados. Mas, por enquanto, nem todos assumiram que votarão pelo impeachment de Dilma.

Os peemedebistas aprovaram nesta terça-feira em votação simbólica uma moção que recomenda a entrega imediata dos cargos de filiados ao partido para o governo. Dos 127 votantes no diretório, 105 participaram do encontro – 82% do total. “A partir de hoje, nessa reunião histórica, o PMDB se retira da base e ninguém no País está autorizado a exercer qualquer cargo federal em nome do PMDB”, anunciou o senador Romero Jucá (PMDB-RR), responsável por comandar os trabalhos como 1º vice-presidente do partido, sob os gritos de “Brasil para frente, Temer presidente”.

O presidente do PMDB e vice-presidente da República, Michel Temer, não participou do evento, assim como o presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL).

Defensor do rompimento desde julho do ano passado e réu no Supremo Tribunal Federal sob acusação de corrupção, o presidente da Câmara, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), disse que “o PMDB foi apenas utilizado este tempo todo de aliança para votar as matérias que eles decidiram, nunca para participar da formulação de nada”. Ele é responsável pela condução do processo de impeachment na Casa que comanda.

A avaliação da cúpula partidária é de que a decisão de romper com a gestão Dilma – há dez anos a legenda era formalmente ligada a governos petistas – foi o primeiro passo concreto para acelerar o andamento do impeachment. Primeiro, dentro do próprio partido. A ala separatista do PMDB calcula que a bancada do partido na Câmara tem 60 votos a favor do impeachment e os outros nove contra. Já os governistas do partido dizem que 30 votos são contra o impeachment e outros 30 são instáveis e acompanharão o lado que entendem que vão ganhar.

Outros partidos

Os parlamentares do PP, legenda que tem a segunda maior bancada da Câmara e que conta com o Ministério da Integração Nacional, se reunirão nesta quarta com o presidente do partido, senador Ciro Nogueira (PI), para discutir um eventual rompimento. Com isso, a cúpula do PMDB avalia que deverá aprovar até meados de abril a abertura do processo contra a petista com placar de 380 votos – o mínimo necessário são 342 dos 513 deputados. Em seguida, a intenção é, sem oposição de Renan, referendar a decisão de julgá-la no Senado no fim de maio, quando Temer já poderia começar a governar.

Para aliados de Temer, os ministros Mauro Lopes (Aviação Civil), Eduardo Braga (Minas e Energia) e Helder Barbalho (Portos) devem seguir a decisão de Henrique Eduardo Alves, ligado ao vice e que anteontem se antecipou à decisão do PMDB e pediu exoneração do cargo de ministro do Turismo.

Braga e Barbalho pediram à direção para não entregar o cargo agora a fim de concluir projetos nas respectivas pastas. Dos outros três ministros do PMDB, Kátia Abreu (Agricultura) não decidiu se ficará ou não no governo. Celso Pansera (Ciência e Tecnologia) e Marcelo Castro (Saúde) demonstraram disposição de continuar nos cargos, mas o partido deve punir quem permanecer.

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