Operação Xepa

Planilhas mostram pagamentos para políticos da base aliada e da oposição

Planilhas apreendidas pela PF durante as buscas da Operação Acarajé mostram uma relação de cerca de 200 políticos associados a valores e apelidos

Planilhas apreendidas pela Polícia Federal durante as buscas da Operação Acarajé na residência do presidente da Odebrecht Infraestrutura, Benedicto Barbosa da Silva Júnior, o BJ, mostram uma relação de cerca de 200 políticos associados a valores e, às vezes, a apelidos. Pelo menos um dos codinomes coincide com um usado no sistema de contabilidade paralela da empreiteira, desvendado pela Operação Xepa. Os políticos citados na relação, revelada pelo blog do jornalista Fernando Rodrigues, do portal UOL, negaram qualquer irregularidade.
Os registros contábeis, apreendidos em 22 de fevereiro na casa de BJ, no Rio de Janeiro, mostram pagamentos para políticos da base aliada e da oposição. As próprias planilhas mostram alguns valores ao lado de contas bancárias e CNPJ de comitês financeiros, o que indica repasses registrados no Tribunal Superior Eleitoral (TSE). “Prematura conclusão quanto à natureza desses pagamentos”, disse o juiz responsável pela Lava-Jato no Paraná, Sérgio Moro, que colocou os documentos em sigilo (veja na página 3). “Não se trata de apreensão no Setor de Operações Estruturadas da Odebrecht e o referido Grupo Odebrecht realizou, notoriamente, diversas doações eleitorais registradas nos últimos anos.”
Nas planilhas, o presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL), é chamado de “Atleta”, ao lado de um valor nominado de “50,00”. O prefeito de São Paulo, Fernando Haddad (PT), aparece sem codinome, ao lado de um valor de “1.000,00”. Outro citado é “Candidato Neves/MG”, ao lado do valor “250,00” em coluna referente ao ano de 2014, em referência ao senador Aécio Neves (PSDB-MG). Em nota, o tucano respondeu: “São contribuições de campanha”.

“Proximus”
Uma das planilhas na casa de Benedicto Júnior chama o ex-governador do Rio de Janeiro Sérgio Cabral (PMDB-RJ) de “Proximus”, ao lado do valor “500”. O codinome é o mesmo usado no sistema de contabilidade e mostra o mesmo apelido encontrado no sistema de contabilidade paralela do Setor de Operações Estruturadas da Odebrecht. Como mostrou o Correio na terça-feira, “Proximus” está ligado a cinco entregas de dinheiro vivo no valor de R$ 500 mil, que somam R$ 2,5 milhões, ligadas à obra da linha 4 do metrô do Rio de Janeiro. As entregas, entre setembro e novembro de 2014, quando Cabral não concorreu a cargos públicos, deveriam ser feitas a uma pessoa chamada Olívia Vieira, na Barra da Tijuca.

Em nota, a assessoria do peemedebista disse que “todas as contribuições das campanhas eleitorais do ex-governador Sérgio Cabral foram de acordo com o que estabelece a lei”. Em 2010, quando Cabral se reelegeu, a Odebrecht doou R$ 200 mil para o comitê financeiro do PMDB estadual, segundo o TSE.

A Odebrecht, que deseja fazer colaboração premiada, disse que Benedicto prestou esclarecimentos em seu depoimento. Em 24 de fevereiro, o engenheiro negou à PF ter pagado propinas e argumentou que providenciava doações eleitorais. Benedicto afirmou apenas que “lhe cabia atuar no sentido de consolidar os dados trazidos por diretores e apresentar aos LEs (líderes empresariais) e a Marcelo Bahia Odebrecht”.

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