Lula é a última esperança de Dilma escapar do impeachment
Ao assumir a Secretaria de Governo, as denúncias contra Lula passam para o Supremo Tribunal Federal. Oposição vê “escárnio” e planeja reação
Os 4 milhões de manifestantes que foram às ruas no domingo protestar contra o governo e o PT pesaram na decisão do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, que deve aceitar se tornar ministro da presidente Dilma Rousseff. Ele telefonou ontem para a presidente e os dois devem se encontrar pessoalmente, entre hoje e amanhã, em Brasília, para a conversa final. Lula deve assumir a Secretaria de Governo, pasta hoje comandada pelo ministro Ricardo Berzoini.
A oposição já prepara uma ação para impedir que o ex-presidente assuma um ministério. “Achamos um escárnio a nomeação de Lula apenas com a finalidade de blindá-lo”, afirmou o líder do DEM na Câmara, Pauderney Avelino (AM) Ministro, Lula terá a missão de conversar com os movimentos sociais, acalmar a militância petista e articular a aprovação, no Congresso, dos projetos de interesse do governo. A outra opção seria a Casa Civil, mas isso foi rejeitado porque Lula ficaria preso à parte administrativa, sem liberdade para fazer política.
Ao ver a multidão nas ruas, no domingo, pedindo o impeachment da presidente e prisão dele próprio, Lula resolveu minimizar as críticas de que estaria apenas em busca de foro privilegiado para escapar do juiz Sérgio Moro, que conduz a Lava-Jato. O único empecilho é a dúvida se o processo que envolve o ex-presidente relativo ao tríplex do Guarujá e ao sítio de Atibaia e que corria até ontem na 4ª Vara Criminal de São Paulo, sob a responsabilidade da juíza Maria Priscilla Ernandes Veiga Oliveira (leia mais abaixo), causaria algum obstáculo legal à nomeação de Lula para a Esplanada.
A decisão política, contudo, já está tomada. A vinda de Lula é a última esperança da presidente Dilma Rousseff de escapar do processo de impeachment. A esperança é que Lula consiga retomar um diálogo com uma parcela da população que está afastada do PT e do Planalto: as classes C, D, E, mais afetadas pela crise econômica.