Ligações gravadas entre Lula e Dilma abalam governo
Na conversa, Dilma afirma que Messias levaria a ele o termo de posse o que lhe garante foro privilegiado no STF. “Só use em caso de necessidade”
Uma das conversas entre Dilma e Lula veio à tona instantes depois de o ex-presidente deixar o Palácio da Alvorada, onde sacramentou a entrada dele na Casa Civil
Uma bomba explodiu no coração do poder no início da noite de ontem e abalou ainda mais a frágil sustentação política do governo de Dilma Rousseff. A divulgação de gravações de conversas telefônicas autorizadas pela Justiça envolvendo, em diversos momentos, Dilma, o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva e o ministro-chefe da Casa Civil, Jaques Wagner, indica, segundo a Polícia Federal, a intenção de proteger o petista com a concessão de foro privilegiado e a tentativa de influenciar um julgamento no Supremo Tribunal Federal (STF) que o beneficiava. O sigilo sobre os diálogos foi retirado pelo juiz da Lava-Jato no Paraná, Sérgio Moro, horas antes de a nomeação de Lula ser publicada no Diário Oficial da União.
Outros trechos de conversa envolvendo o ex-presidente — que estava grampeado pela Polícia Federal por conta das investigações da 24ª Fase da Operação Lava-Jato — mostram um recado que deveria ser dado por Wagner a Dilma. Lula pede que a presidente interceda junto da ministra do STF Rosa Weber. A magistrada é responsável pelo julgamento da ação proposta por ele, para que as investigações sobre o sítio de Atibaia e o tríplex do Guarujá fiquem restritas a uma única seção do Ministério Público.
leia também
Em outra conversa, Lula reclama explicitamente do comando das investigações da Lava-Jato no Paraná e diz que todos os demais Poderes estão a reboque da equipe de Moro e dos procuradores federais que trabalham no estado. Ele chama a equipe de “República de Curitiba” e afirma que o “Superior Tribunal de Justiça (STJ) e o Supremo Tribunal Federal estão acovardados, assim como o Congresso”. Lula ainda é incisivo em relação à situação dos presidentes da Câmara, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), e do presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL), dizendo que os dois estão “fodidos”.