Governo diz ter votos para barrar afastamento da presidente Dilma
Tudo está dependendo das negociações com aliados do chamado centrão, como PP, PR e PSD
Tudo está dependendo das negociações com aliados do chamado centrão, como PP, PR e PSD. Nos bastidores, auxiliares de Dilma diziam ontem que o vice-presidente Michel Temer brigou pelo divórcio, mas agora seus discípulos não querem “desencarnar”. Até agora, apenas Henrique Eduardo Alves, que é do PMDB e ligado a Temer, pediu demissão do Turismo.
Antes da decisão dos ministros do PMDB, o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva já havia conversado com o senador Ciro Nogueira (PI), presidente do PP. Na mesa estava a oferta do Ministério da Saúde, o maior orçamento da Esplanada, hoje com o PMDB. Em troca, o governo quer que o PP consiga o maior número de votos para barrar o impeachment no Congresso.
O PP é hoje a terceira maior bancada da Câmara, com 49 deputados, e já comanda a Integração Nacional. Assumiria o papel de novo PMDB de Dilma.
Cobiçados
O Ministério de Minas e Energia, controlado pelo PMDB, já é cobiçado pelo PR, que detém Transportes. Na guerra para Dilma se manter no poder, o PT pode perder espaço. A presidência da Caixa Econômica e o Ministério da Educação, hoje com PT, são objeto do desejo de muitos partidos.
O ritmo do balcão de negócios foi acelerado. Na operação de construir um “blocão” com PP, PR, PSD e PRB e um “bloquinho” com os nanicos PTN, PHS, PROS, PT do B, PSL e PEN, cargos eram negociados em alto e bom som, numa “feira livre” no Salão Verde da Câmara.
Na contabilidade do Planalto, Dilma tem entre 130 e 150 votos contra o impeachment, número inferior aos 172 necessários. Mesmo computando mais traições, o governo acredita que, fechando acordo com PP e PR, atraindo dissidentes do PMDB e diminuindo resistências no PSD do ministro das Cidades, Gilberto Kassab, consegue derrubar o processo.
Impedido de despachar no Planalto após ter a nomeação como ministro suspensa pela Justiça, Lula faz uma reunião atrás da outra num hotel ao lado do Alvorada. O ex-presidente tem o mapa de cargos e está conversando com deputados, senadores e dirigentes de partidos aliados. A tarefa é compartilhada com os ministros Ricardo Berzoini (Secretaria de Governo) e Jaques Wagner (Gabinete Pessoal). “Cada dia com sua agonia”, costuma dizer Berzoini, quando questionado sobre o desfecho das negociações.