Brasília e São Bernardo do Campo

Encontro entre Dilma e Lula reforça ideia de largada antecipada para 2018

Enquanto o PT convoca manifestações, a oposição acredita que a legenda superdimensiona o apoio das ruas ao petista

Encontro entre Dilma e Lula

Em mais um dia de atos políticos com cheiro de sucessão presidencial de 2018, o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva recebeu ontem a visita da presidente Dilma Rousseff e do chefe da Casa Civil, Jaques Wagner, em seu apartamento em São Bernardo do Campo (SP). A agenda foi um prato cheio para ele intensificar o tom político de sua defesa após ser o alvo direto da 24ª fase da Operação Lava-Jato. Enquanto aliados chegaram a “lançar” Lula candidato a mais quatro anos no Palácio do Planalto, a oposição acredita que o ex-presidente está superdimensionando o apoio recebido nas ruas em detrimento dos ataques.

A visita durou apenas uma hora e teve caráter de solidariedade. Não foi uma reunião de avaliação política. Os dois combinaram, porém, novo encontro em Brasília, amanhã, para discutir a situação política, a crise econômica e a Operação Lava-Jato. Durante o encontro, Lula e familiares relataram como a PF revirou o apartamento do casal, olhando até debaixo do colchão do ex-presidente. Depois, acompanhados pela ex-primeira-dama Marisa Letícia, ambos foram à varanda saudar a militância que se aglomerava em frente ao prédio, em um sinal de transição política.

Desde que foi conduzido coercitivamente para depor no aeroporto de Congonhas, na sexta-feira, Lula inflamou a militância, usando metáforas de que “tentaram matar a jararaca, mas bateram no rabo e não na cabeça e a jararaca está viva”. Foi o suficiente para tirar dos holofotes o governo Dilma, acuado pela ameaça de impeachment e pela crise econômica, e abrir espaço no palanque para Lula. Antes do encontro com Dilma, o ex-presidente repetiu o roteiro em que se sente à vontade: passeou no meio da multidão, recebendo abraços e mensagens de apoio. A petista também fez o mesmo após o encontro no apartamento, mas ficou menos tempo ao ar livre.
Largada antecipada

Ontem, o presidente nacional do PT, Rui Falcão, postou um vídeo na página do PT em uma rede social explicitando a precocidade da sucessão eleitoral. “Nós vamos entrar também num processo eleitoral. E tivemos ontem a boa notícia de que o presidente Lula, se for necessário, estará em 2018. Brasil urgente, Lula presidente”, disse Falcão. Segundo ele, Lula iniciará uma série de viagens pelo país a partir de abril.

Mas o ex-presidente também pretende fazer um contraponto à oposição, que marcou manifestações favoráveis ao impeachment para 13 de março. Lula estará em Brasília amanhã para se encontrar com a presidente Dilma. Por isso, cada vez mais, Lula convocará a militância para a defesa do legado petista. Para que o partido chegue com fôlego até 2018, será preciso manter Dilma no poder. Mas a presidente terá que abraçar as bandeiras do partido, o que torna mais difícil a implementação de projetos contrários à legenda, como a reforma da Previdência e a limitação no salário do funcionalismo.

O próprio Falcão, no vídeo em que convoca a militância para permanecer em vigília e mobilizada, deu o tom do discurso a ser entoado nas próximas manifestações, repetindo o que já vinha sendo entoado nos encontros anteriores. “Serão mobilizações em defesa da democracia, contra o impeachment e por mudanças na política econômica”, defendeu ele.

Para o vice-presidente do Senado, Jorge Viana (PT-AC), as manifestações populares dos dois últimos dias mostraram que Lula é vítima desse processo. E o petista sabe, como poucos, vitimizar-se quando pressionado. “As pessoas perceberam que a cúpula da Lava-Jato não está disposta a combater a corrupção. Eles estão promovendo uma caçada a Lula e uma tentativa de destruição do PT”, reclamou Viana.

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