Foi em um micro-ônibus fretado e acompanhado de lideranças políticas locais que o vice-presidente da República, Michel Temer (PMDB), chegou à sede da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB-MA). Ontem, ele esteve visitando o Maranhão para cumprir agenda.
A primeira atividade do dia em São Luís foi uma palestra, organizada pela Fundação Ulysses Guimarães e proferida para um auditório formado por advogados, políticos e militantes do Partido Movimento Democrático Brasileiro, o PMDB, do qual Temer é presidente nacional. A priori, o assunto que ele trataria não seria política partidária, já que a palestra abordaria temas como garantias constitucionais, reforma política e o cenário socioeconômico brasileiro.
Michel Temer fez um passeio pela história brasileira, para lembrar que estamos em época de respeito aos direitos adquiridos. “Saímos de um período absolutista, viemos para o período republicano, que ofereceu liberdades, que não eram suficientes e nem democráticas. Na Constituinte de 1988, mudamos e muitas outras liberdades foram alcançadas. […] Nós temos que ter consciência desse fato, nós precisamos reunificar o pensamento nacional, e o país, pacificar as relações sociais. No direito, você tem valores e, na política, você também tem valores. Neste momento, o valor que sobressalta é o valor país”, disse, para, em seguida, lembrar os manifestos de 2013.
União pelo BrasilAdvogado constitucionalista, Temer foi a personagem da palestra ‘Conversando com a Sociedade – Uma visão constitucionalista’, promovida pela Fundação Ulysses Guimarães. Em suas palavras mais fortes, ele levantou a bandeira da união pelo Brasil para vencer a crise. “Neste momento, o valor a ser levado em conta é o valor país”, sentenciou.
Por trás das palavras de otimismo do vice-presidente da República, estava um velado apoio à titular do Planalto Central, Dilma Rousseff. Temer defendeu que as oportunidades devem voltar a acontecer com uma maior efetividade de políticas sociais.
O presidente da OAB-MA, Thiago Diaz, elogiou a iniciativa. “É preciso fortalecer o estado democrático de direito. Sem justiça, não podemos falar em estado democrático de direito. Como advogado constitucionalista, a vinda de Michel Temer com essa palestra é de grande importância para mantermos os valores do direito”, disse.
Encontro políticoAo sair da palestra, Michel Temer seguiu para a casa do senador João Alberto, onde se encontrou com militantes do PMDB, como parte do movimento ‘Caravana da Unidade’. Antes de seguir para lá, ainda na OAB, o vice-presidente falou sobre o momento do partido. “Estamos em um momento de unidade dentro do partido. Queremos o melhor para o Brasil e isso começa dentro da nossa casa”.
O senador João Alberto comungou das palavras. “Estamos nos organizando e vamos mostrar, em breve, o modo PMDB de trabalhar pelo Brasil”. O deputado estadual Roberto Costa falou sobre a liderança do presidente nacional do PMDB, Michel Temer. “Em momentos de grandes crises é que conhecemos os grandes nomes”, destacou.
Na casa de João Alberto, Michel agradeceu a presença da militância pemedebista e falou sobre a corrida presidencial em 2018. “Esta caravana que nós estamos fazendo está redespertando o PMDB que tem tantas tradições históricas”, elogiou. “Não estou pretendendo concorrer à presidência em 2018, mas não descarto uma candidatura própria do partido. Existem vários nomes no PMDB que podem concorrer à presidência”.
Temer anunciou ainda que, após a Convenção Nacional do PMDB, no dia 12 de março, em Brasília, será realizada uma homenagem aos 50 anos do partido no dia 30 do mesmo mês.
Silêncio estratégicoNa rápida entrevista concedida à imprensa local logo após a palestra, Temer respondeu aos questionamentos sobre os rumos do país, mas silenciou-se quando o tema foram as denúncias contra o presidente da Câmara Federal, deputado Eduardo Cunha (PMDB-RJ), e o PIB brasileiro em queda.
Falha no cerimonialNão foi só o vereador Fábio Câmara que teve o nome esquecido. O superintendente da Funasa no Maranhão, André Campos, que é do PMDB, também não foi lembrado. Outro que ficou no anonimato, apesar de ter chegado com Michel Temer no micro-ônibus, foi o ex-deputado federal Chiquinho Escórcio, que hoje ocupa a assessoria especial da Vice-Presidência da República. O presidente em exercício do diretório estadual do partido, Remi Ribeiro, completou a lista. Eles só foram lembrados momentos depois.
Autoridades de fora do partido, como a procuradora-geral de Justiça do Maranhão, Regina Lúcia de Almeida Rocha, e o comandante do Exército Brasileiro no Maranhão, Coronel Carlos Frederico de Azevedo, também ficaram sem ser lembradas.
Ausências notáveis
Importantes membros do PMDB no Maranhão não compareceram aos eventos. O ex-senador e ex-presidente da República José Sarney e a ex-governadora Roseana Sarney encabeçam a lista. A justificativa foi que eles estariam seguindo restrições médicas.
Também estiveram ausentes o senador Edison Lobão e o ex-secretário de Estado da Saúde Ricardo Murad, que está em São Paulo (SP), onde se submeteu a uma intervenção cirúrgica no coração no Hospital Sírio-Libanês.
Brigas internasAinda na sede da OAB, o vereador Fábio Câmara e a vice-presidente da Fundação Ulysses Guimarães no Maranhão, jornalista Tágide France – que também atua como assessora parlamentar –, se desentenderam no meio de todos. A confusão teria sido motivada pela ausência do nome de Câmara na relação de autoridades citadas pelo cerimonial antes da palestra. A jornalista estava fazendo a assessoria de comunicação do evento.
Segundo Tágide, Fábio Câmara teria feito a cobrança de forma agressiva, chegando a bater no braço dela. Por conta disso, a jornalista foi até uma delegacia, onde registrou ocorrência. Fábio foi a outra delegacia e fez o mesmo, porém, como forma de se resguardar de possíveis ações judiciais.
Por trás da briga podem estar disputas internas pela indicação do candidato do PMDB à Prefeitura de São Luís. Tágide é ligada ao deputado estadual Roberto Costa, que tem apoiado o nome de Andrea Murad, mas Câmara tem a preferência do presidente do partido no Maranhão, o senador João Alberto.
Diante do cenário, Temer pediu a unidade do partido.
