CRISE

PT nega que esteja se afastando da presidente Dilma

Apesar das duras críticas ao governo, líderes dizem que o partido continuará como base de sustentação no Congresso

Dilma e Lula visitam Garanhuns

Um dia após as comemorações do aniversário do PT, líderes do partido negaram a existência de um processo de afastamento da presidente Dilma Rousseff em relação à legenda. Mesmo com a ausência da mandatária no evento, os petistas disseram que o partido continuará sendo a principal base de sustentação do governo no Congresso, mas que ainda assim não abandonará suas convicções. “Nem o governo pode ficar prisioneiro do PT nem o PT pode ficar prisioneiro do governo”, afirmou o líder do governo na Câmara e vice-presidente nacional da legenda, deputado José Guimarães (CE).

O dirigente disse que o PT compõe a coalizão como qualquer outro partido e que tem direito a divergir das posições do Palácio do Planalto. Por ser a bancada mais fiel ao Executivo nas votações, Guimarães acredita que o PT tem autoridade para propor sugestões e caberá ao governo decidir se acolhe ou não as posições do partido. “Isso é normal”, emendou. Ele lembrou que foi aprovada uma resolução reiterando o apoio do PT a Dilma e destacou que a preocupação é com a manutenção do projeto petista de governo e não com os indivíduos. “É o projeto que está em jogo”, resumiu.

Os petistas passaram o domingo dia 28, rechaçando a crise entre o partido e a presidente da República e reiterando que sua ausência foi uma mera questão de incompatibilidade de agenda. Oficialmente, Dilma deixou de participar do encontro petista por estar em viagem ao Chile. “Não existe distanciamento nenhum”, repetia o líder do PT na Câmara, Afonso Florence (BA).

O parlamentar criticou a “celeuma despropositada” criada entre a presidente e seu partido e destacou que não haverá mudanças no empenho dos petistas na defesa da pauta governista, pelo contrário, haverá disposição do partido em trabalhar pela estabilidade política. Florence avalia como legítima a divergência de posições entre os partidos governistas e o próprio Executivo e sinalizou que em algumas circunstâncias o PT poderá se opor ao posicionamento do Planalto. “Pode haver algum momento em que o PT não esteja com o governo. Sempre pode ter algum momento”, afirmou.

Lula

A festa de aniversário do PT se tornou palco para o ex-presidente se defender, na noite de sábado. Aos pouco mais de mil militantes, ele disse que a chácara de Atibaia foi “uma surpresa” oferecida por Jacó Bittar, ex-prefeito de Campinas (SP) e de quem é “amigo há 40 anos”, para que pudesse utilizar quando deixasse a Presidência da República. O imóvel, segundo ele, foi comprado com um cheque administrativo repassado por Bittar ao filho, Fernando. Lula, que insistiu em dizer que a surpresa sobre a existência do sítio foi revelada a ele apenas na segunda semana de janeiro de 2011, quando Dilma Rousseff já havia assumido, atacou a imprensa pela cobertura da investigação: “Ando de saco cheio com comportamento dos nossos inimigos e da imprensa. Brigamos para ter Ministério Público forte. Não imaginava ter uma parte do Ministério Público subordinada à imprensa brasileira. As pessoas que se subordinam desta forma não merecem o cargo”.

Ele também negou ser o dono do triplex no Guarujá (SP): “Digo que não tenho apartamento. É uma situação sui generis. Quando terminar o processo, podem me dar o apartamento e a chácara. O ex-presidente também criticou o Judiciário por agir, segundo pensa, pressionado pela mídia: “Não se pode criminalizar qualquer pessoa pelas manchetes da imprensa. Os juízes tem medo de votar temendo as manchetes dos jornais. Nenhum país será sério se um ministro da Suprema Corte, do TCU ou funcionário público tiverem de agir por conta de pressão da opinião pública. Lula admitiu disputar a sucessão de Dilma: “Se for necessário, se vocês entenderem que a manutenção do projeto corre risco, estarei com 72 anos e tesão de 30 para ser presidente da República”.

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