Ontem, a Polícia Federal (PF) e o Ministério Público Federal (MPF) desencadearam a operação ‘Recebedor’, um desmembramento da Operação Lava-Jato. Na lista de estados atingidos pela ação policial, está o Maranhão, com uma empresa do ramo de produção de alimentos e biocombustíveis, a Agro Serra, nome-fantasia da Agropecuária e Industrial Serra Grande Ltda.
Apesar de ter revelado a lista de envolvidos, sejam pessoas físicas ou jurídicas, o MPF ainda não disse como se deu a participação de cada um, devido às investigações estarem começando no que diz respeito à análise das possíveis provas e documentos encontrados.
Agro Serra
A empresa maranhense citada no relatório preliminar fica situada em uma fazenda na zona rural de São Raimundo das Mangabeiras, sudeste do estado. Ela é especializada no estudo e pesquisa nas áreas das canavieiras, videiras e soja, tendo parcerias e convênios com importantes empresas do ramo privado e estatal, como a Embrapa, por exemplo.
Além da presença da empresa, o envolvimento do Maranhão no processo das investigações também se dá por conta de uma das obras que tiveram recursos desviados. Trata-se da expansão da Ferrovia Norte-Sul, que passa por Açailândia e vai até Palmas, capital do Tocantins.
Desvios de recursos
De acordo com a PF e o MPF, há fortes indícios de um esquema de fraudes, propina e cartel nas obras de construção e expansão de duas ferrovias em todo o Brasil. Um dos articuladores seria o ex-presidente da Valec Engenharia, Construção e Ferrovias, José Francisco das Neves, o Juquinha. Entre 2008 e 2011, ele foi presidente da empresa, que é ligada ao Ministério dos Transportes.
A descoberta deste novo esquema surgiu a partir de depoimentos e provas apresentadas pela construtora Camargo Corrêa, que, em troca, receberá redução de penalidade na Operação Lava-Jato.
Nas informações da Camargo Corrêa, houve pagamento de propina em obras das ferrovias Norte-Sul e Integração Leste-Oeste, além da prática de cartel e lavagem de dinheiro por meio de superfaturamento de obras públicas. Os prejuízos aos cofres públicos com o esquema podem passar de R$ 631,5 milhões, apenas nos trechos da Ferrovia Norte-Sul em Goiás.