O ano de 2016 inicia com o forte debate e organização nos partidos políticos. No Maranhão, o processo eleitoral municipal permite a expansão de projetos em andamento no poder. Grandes partidos, como o PMDB, alinham as forças com os prefeitos e vereadores, eleitos em 2012, para tentar conter o avanço provocado com a eleição do governador Flávio Dino. Legendas fazem cálculos das suas reais estruturas para determinar a conquista de territórios eleitorais.
Partidos como Solidariedade, PR, PHS, PP, PV, PPS e PDT preparam suas bases nos 217 municípios para lançar pré-candidatos majoritários, acompanhados de maior número de pré-candidatos a vereador. O PSOL, comandado pelo militante dos direitos humanos, Luis Antonio Pedrosa, apresenta a tese da importância em fortalecer a qualidade dos candidatos, fugindo da tradicional busca pela quantidade como força política. “Temos presença efetiva em apenas 41 municípios do Estado. Somos um partido novo e com princípios de filiação mais rigorosos que os partidos tradicionais. Para nós não interessa a quantidade, mas a qualidade, que pode se traduzir em possibilidade prática de transformação da realidade. Dentro da nossa conjuntura de crescimento interno avaliamos que podemos crescer para algo em torno de 60 municípios”, avalia, o presidente, que não descarta se aliar a outras siglas de mesma linha partidária.
O PT prefere avaliar a atual situação numa ampla discussão diante do processo de desgaste proporcionado pelo impeachment da presidenta Dilma Rousseff. “Existe a possibilidade de coligação, aliança com os partidos que estão na base da presidenta Dilma”, diz o presidente Raimundo Monteiro, traduzindo uma possível caminhada com o aliado nacional PCdoB. O presidente do PDT, Weverton Rocha, estabelece uma visão mais ampla para o sentido desta eleição em relação à permanência do governador no Palácio dos Leões, quando faz a leitura que “nós entendemos que o processo de mudança, de renovação política e administrativa que se instalou no Maranhão com o atual governo estadual será consolidado nas eleições de 2016, com a vitória das lideranças municipais que ajudaram a eleger o governador Flávio Dino.”
As grandes cidades no Maranhão continuam sendo o foco dos partidos. Imperatriz está no projeto individual do Solidariedade, PPS e do PDT. O PV acredita na importância de fortalecer uma candidatura em São Luís. “Em São Luís, o Partido Verde irá lançar a vereadora Rose Sales para disputar a prefeitura e, em outros grandes municípios, a expectativa é de coligarmos com outras siglas”, antecipa o líder da legenda, deputado federal Sarney Filho. O enfrentamento será com o atual prefeito Edivaldo Holanda (PDT) que concorre à reeleição com o apoio do grupo liderado pelo governador Flávio Dino (PCdoB).
Pleito será teste de força para governador
Indiscutivelmente que a eleição terá como enredo a divisão entre os aliados e os adversários do governo estadual. Siglas menores, como o Partido Republicano (PR), incentivam a unificação partidária pelo bem da população. “Um verdadeiro projeto de mudança a que se propõe o governo Flávio Dino só se consolidará com a união partidária e uma grande junção de lideranças políticas comprometidas e empenhadas em proporcionar o bem estar dos maranhenses”, opina o deputado estadual Josimar Maranhãozinho, como forma de garantir volume eleitoral para o seu partido.
O deputado federal pelo Partido Popular (PP) e vice-presidente da Câmara dos Deputados, Waldir Maranhão, prega que este pleito representa a base para a eleição de 2018 e uma avaliação popular dos projetos apresentados pela coligação eleita em 2014, seguido do teste de fidelidade dos aliados. “As eleições municipais de 2016 representam a base preparatória e diagnosticadora para o pleito de 2018. O projeto de mudança proposto pelo governador Flávio Dino será avaliado nas urnas em 2016 e os resultados, em primeira instância, apontarão para uma aprovação ou para uma rejeição popular e, em segunda instância, revelarão as necessidades de ajustes na condução, a força e a fidelidade dos aliados e, por fim, quem restará marchando unido sob a mesma bandeira ou não.”
A força de Dino
Todos os partidos consultados pela matéria rejeitam o uso das máquinas do governo estadual e das prefeituras como garantia de eleger os pré-candidatos a prefeito, vice-prefeito e vereador. O presidente do Solidariedade, Simplício Araújo, garante a fiscalização dos diretórios no uso indiscriminado da estrutura governamental dizendo que “no tocante ao uso da máquina pública nas eleições e também da questão dos financiamentos estamos orientando nossos diretórios municipais a combater e denunciar qualquer abuso. Creio que teremos uma das eleições mais judicializada em âmbito de Brasil. Poucos buscaram compreender as novas regras e o avanço tecnológico vai gerar muita matéria para judicialização de eleições em vários municípios.”
Para o deputado estadual Carlinhos Florêncio “esta é uma prática injusta e ilegal, mas infelizmente recorrente, visto que estas estruturas são para prestar serviços à sociedade e não a políticos”, indigna-se o presidente do PHS. Na análise de Paulo Matos, presidente do PPS, o governador acerta em barrar o uso do governo na eleição, mas incentiva a participação do politico Flávio Dino nas campanhas dos munícipios. “Parece-nos acertada a posição do Governador de não usar a maquina do governo para definir as eleições. Mas, por outro lado, não podemos prescindir da presença do Governador em cada município para apoiar seus aliados. Para apoiar as lideranças locais que participaram efetivamente da campanha vitoriosa do Governador. E ele como liderança politica tem que liderar as campanhas eleitorais nos municípios.”