É natural, em qualquer campo, as pessoas cometerem deslizes, erros e falhas. Mas quando isso acontece na política, a repercussão é grande e toma proporções gigantescas. O pior é que não são esquecidas tão cedo – quando esquecem. 2015 foi marcado por alguns casos inusitados de políticos que se destacaram pelas palavras e ações feitas na hora errada.
Ninguém ganhou mais comentários que o deputado estadual Fernando Furtado (PCdoB). Ele foi o autor de ataques aos índios da tribo AwáGuajá, onde criticava o modo como alguns deles se vestiam (“tudo de camisetinha”), além de insinuar que os indígenas citados são homossexuais. O fato aconteceu em julho do ano passado durante uma audiência pública promovida pela Associação dos Produtores de São João do Caru, município do interior do Maranhão, mas só se tornou público no dia 21 de setembro, quando áudios do encontro foram divulgados.
Furtado se retratou, mas, mesmo assim, foi alvo de retaliações por parte de deputados, organizações e entidades dos direitos humanos, tendo sido reconhecido pela ONG Survival International como o ‘Racista do Ano’.
O rei da gafe
Outra confusão em que Furtado esteve envolvido – e mais uma vez ele foi o causador – foi na briga com o deputado Toca Serra (PTC), que mal havia assumido o cargo, substituindo Edivaldo Holanda (PTC), que saiu em licença médica. Da tribuna, Fernando Furtado disparou que Toca Serra era ‘bandido’. O deputado petecista não deixou por menos: cobrou provas de Furtado e disse que acionaria o Conselho de Ética da Assembeia Legislativa.
Briga de deputado e secretário
Foto: Divulgação.
Outra boa história que rendeu uma gafe partiu do deputado estadual Fábio Macedo (PDT). Durante sessão na Assembleia, os deputados da oposição saíram em ataque a Flávio Dino pelo episódio que envolveu a prefeita de Lago da Pedra, Maura Jorge (DEM), durante visita do governador naquele município. Na busca de defender Flávio, Macedo disse que a prefeita ‘se sente dona da cidade e tenta fazer dali o seu feudo’. O que Fábio esqueceu é que a prefeita é sogra de Neto Evangelista (PSDB), secretário de Estado do Governo Dino.
As palavras de Fábio Macedo provocaram reação imediata em Neto, que usou as redes sociais para enviar a resposta de forma muito dura. Em uma postagem, o secretário disse que Macedo perdeu a oportunidade de ficar calado, já que ele nunca mais pisou no município e apenas ‘comprou voto’. Além disso, classificou a atuação do pedetista como pífia.
“Com atuação pífia na Assembleia Legislativa, […] Fábio Macedo perdeu a oportunidade de continuar calado. Deputado estadual da base do governo, resolveu ter postura semelhante aos deputados de oposição (criar caso), ao invés de ter postura republicana ou mesmo de continuar calado”, escreveu Evangelista.
Para piorar a situação de Macedo, ele só assumiu a vaga na AL devido ao afastamento de Neto Evangelista, que foi para a Secretaria de Estado de Desenvolvimento Social. Ou seja, se Neto Evangelista voltar para o mandato parlamentar, quem sai é Fábio Macedo.
Anjo da Morte
Foto: Divulgação.
Os casos estranhos não aconteceram somente pelas palavras dos deputados. A Câmara Municipal de São Luís também teve suas pérolas, e um fato que merece destaque nas gafes foi o pronunciamento do vereador Marquinhos (DEM). Durante evento da prefeitura municipal, o parlamentar desejou que o Anjo da Morte visitasse a presidente da República. “Eu espero que o anjo negro da morte visite a Dilma [Rousseff, presidente da República], porque ninguém aguenta mais”, teria dito Marquinhos.
Ataque de risos
Ainda no caso de Lago da Pedra, a oposição decidiu explorar o assunto, tecendo críticas ao governador. A deputada estadual Andrea Murad (PMDB) também lembrou o fato e, da tribuna, se solidarizou com a prefeita Maura Jorge.
“Eu estou um pouco perplexa com o rumo para que foi o caso da prefeita Maura Jorge”, disse a deputada ainda em tom de seriedade. Mas em determinado momento da sua explanação, Andrea começou a sorrir. E, à medida que tentava controlar os risos, eles foram se transformando e ganhando mais volume.
A deputada tentou, por diversas vezes, retomar o raciocínio, inclusive se dirigindo ao deputado Rogério Cafeteira (PSC), que teria sorrido no momento também (com bem menos intensidade) – “deputado Rogério, você não devia achar graça de uma situação como essa”, disse –, mas as gargalhadas foram mais fortes e ela teve que ceder um aparte ao colega Edilázio Júnior (PV).