O presidente do Senado, Renan Calheiros (AL), classificou nesta quarta-feira como um “horror” e “retrocesso democrático” a resolução aprovada hoje pela Executiva Nacional do PMDB determinando que todas as filiações de deputados deverão ser passar pelo comando da sigla. Calheiros subiu o tom contra o vice-presidente da República Michel Temer, e disse que ele, como presidente nacional do PMDB, tem culpa nesse processo que aumentará a divisão da bancada.
“O PMDB é um grande partido, porque não tem dono, é democrático. É um partido muito forte por isso”, afirmou. “Como é que pode a Executiva querer dizer agora quem é que vai poder entrar e quem não vai poder entrar? Ou seja, o PMDB a partir dessa decisão passará a ter dono? Isso é um horror”, afirmou em entrevista coletiva. Para Renan, a decisão da Executiva coloca uma “tranca na porta” de um partido democrático”. “Isso é um retrocesso para a democracia”, disparou.
Ao lado do líder do PMDB no Senado, Eunício Oliveira (CE), Renan avaliou que a decisão da Executiva ressuscita o “centralismo democrático” que marcou o partido durante sua juventude. “O PMDB ressuscitar nessa altura do campeonato o centralismo democrático é um horror, um retrocesso e a direção do partido tem responsabilidade com isso, sim”, disse. “O papel do presidente do PMDB é construir a união desses setores. Então, o presidente tem responsabilidade nessa decisão.”
O presidente do Senado lembrou que o PMDB tem uma decisão de que qualquer pessoa só pode ser expulsa do partido após uma decisão transitado em julgado. Nesse contexto, ele avaliou que, a partir do momento em que a Executiva Nacional estabelece que só poderá entrar na legenda “quem a Executiva quiser”, está barrando o crescimento do próprio PMDB “em benefício de alguém”. “A quem serve a divisão do PMDB. Dividir o PMDB para quê?”, questionou.
Renan defendeu que, em vez de estar preocupado com a divisão das bancadas e com a sucessão da presidência do partido em março, o PMDB deveria estar preocupado com o Brasil. “Aquela carta do vice-presidente Michel Temer (à presidente Dilma Rousseff), que muitos criticaram, a maior crítica que cabe à carta é que, em nenhum momento, ela demonstra preocupação com o Brasil”, disparou o presidente do Senado.
Culpa
O presidente do Senado avaliou que o PMDB tem culpa na própria divisão pró e contra o governo que hoje marca o partido. “Quando fui chamado a coordenar politicamente o governo, lembro que disse que o PMDB não poderia transformar sua participação no governo na distribuição de cargos, no RH”, afirmou. Para Renan, o partido deveria ter qualificado a coalizão. “E o PMDB só queria saber de cargos. Ou seja, o PMDB minimizou no governo, na coordenação, seu papel”, afirmou.