PROCESSO

PMDB ainda é mistério sobre o futuro do impeachment contra Dilma

Duas grandes incógnitas pairam nesse processo. Qual é o tamanho do PMDB que está de cada lado e como será o humor do empresariado?

Foto: Evaristo Sá/AFP.


Evaristo Sá/AFP

Eleito vice na chapa presidencial, peemedebista se distancia de Dilma na expectativa de assumir o cargo

Com a abertura oficial do processo de impeachment da presidente Dilma Rousseff, chegou a hora de os exércitos montarem as estratégias para a guerra política dos próximos meses. Duas grandes incógnitas pairam nesse processo. Qual é o tamanho do PMDB que está de cada lado e como será o humor do empresariado? Há cerca de três meses, representantes do setor deram entrevistas defendendo a permanência da presidente em nome da normalidade institucional. “A presidente Dilma perdeu a oportunidade dada a ela e o apoio dos principais setores econômicos começou a diminuir”, lembra o professor e cientista político do Insper, Carlos Melo.

Mas isso não significa um apoio incondicional ao impeachment a partir de agora. “Se há quem ache que a presidente não tem mais condições de conduzir um diálogo para tirar o país da atual paralisia, também existem aqueles que temem o depois, por não saber o que acontecerá ao Brasil”, ponderou Melo. Todos os cenários, inclusive, são nebulosos. Se Dilma conseguir sobreviver, dificilmente conseguirá um placar próximo dos 300 votos favoráveis. “Escapa do impeachment, é verdade, mas a votação próxima dos 171 votos mínimos necessários a impede de aprovar matérias com quorum qualificado”.
Caso a presidente caia e o vice-presidente Michel Temer assuma o Planalto, poderá até ter um período de trégua com a mídia. Mas a crise econômica vai continuar. “Temer também enfrentará uma oposição feroz, formada pelo PT e pelos movimentos sociais. A vida dele não será fácil”, completou Melo. “Por tudo isso, o setor produtivo ainda não se posicionou com convicção quanto a esse debate”, acrescentou o cientista político do Insper.
O PMDB é outro fator que poderá desequilibrar a disputa. O presidente da Câmara, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), já se posicionou claramente a favor do afastamento da presidente. Na semana que passou, ganhou o auxílio luxuoso do vice-presidente Michel Temer, que, se por um lado afirmou a Dilma que não fará gestos para desestabilizá-la, nem ao governo, por outro não interferirá nos rumos que o partido tomará daqui para frente. O PMDB do Senado, por exemplo, é mais próximo do Planalto. “Não somos a favor do governo, somos a favor do país. Por isso, queremos aprovar matérias que sejam importantes para nos tirar desta crise econômica”, afirmou o líder do PMDB no Senado, Eunício Oliveira (CE).
Na avaliação do mestre em ciência política Lucas de Aragão, PMDB, PP, PR e PSD são as legendas mais suscetíveis a abandonar o PT. “São partidos que formam a base aliada meio cinzenta porque não têm ideologia definida. Se virem que um governo do PMDB pode dar certo, com certeza vão mudar de lado”, afirmou o também sócio-diretor da consultoria Arko Advice.
Manifestações
Existe também a imponderabilidade quanto ao peso das manifestações de rua no processo de impeachment. O cenário é muito distinto em relação aos caras-pintadas de 1992. “Aquelas manifestações de rua uniram o país. As de agora, não, vão dividir”, declarou Melo.

O Movimento Brasil Livre (MBL) aguarda essa avaliação para definir a data da próxima mobilização ou se retoma o acampamento em frente ao Congresso Nacional. Já os movimentos ligados ao Planalto se reuniram com o ministro da Secretaria de Governo, Ricardo Berzoini, na última quinta-feira, para cobrar reivindicações da área social. A presidente da União Nacional dos Estudantes (UNE), Carina Vitral, nega que atender a essas demandas seja uma condicionante de apoio. “São pautas cotidianas, não condições de apoio à presidente Dilma na luta contra o golpe”, disse.

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