Apontado como um dos primeiros governadores a sair em defesa do mandato da presidente Dilma Rousseff, pelo jornal Valor Econômico, o governador do Maranhão Flávio Dino (PCdoB) em entrevista ressaltou as decisões tomadas na quinta-feira pelo Supremo Tribunal Federal (STF) referente ao pedido de impeachment da presidente da República.
Flávio Dino defende que o Planalto faça a abertura de um diálogo político com a oposição a fim de propor uma nova agenda econômica para o país. Para ele, o Supremo “garantiu que o jogo político se processe segundo regras e não o vale tudo que estava ameaçando se transformar”. O que ele considera uma decisão “juridicamente correta, compatível com a lei e com a expectativa que o PCdoB tinha quando propôs a ação”.
“Politicamente isso abre uma janela de 60 a 90 dias para a presidenta Dilma recompor uma base de apoio político, mas, sobretudo recompor a base social de apoio ao governo”, disse. “Ela [a presidente Dilma] só vai conseguir estabilizar a relação com o Congresso, resolvendo essa questão do apoio social ao governo é muito difícil manter a governabilidade institucional sem estabelecer uma governabilidade social”, defendeu o governador.
Dino elogiou a troca de Joaquim Levy por Nelson Barbosa no Ministério da Fazenda. “É a saída lógica. Barbosa é o nome que tem mais identidade com ela e com o nosso campo político. É um ministro com uma visão um pouco menos ortodoxa, porque a ortodoxia sem resultados acaba sendo injustificável”.
Para Flávio Dino, a política econômica mais tradicional de Levy não produziu resultados justificáveis e acabou deteriorando muito a base de apoio do governo.
O periódico destaca que no início de dezembro, Flávio Dino reuniu-se com líderes do PDT em São Luís para lançar o movimento “Golpe Nunca Mais” contra o impeachment da presidente. A inspiração do movimento foi a Rede da Legalidade comandada por Leonel Brizola e que garantiu a posse de João Goulart na Presidência, em 1961, após a renúncia do presidente Jânio Quadros.
Dino sugere que a presidente Dilma faça de imediato um chamamento à oposição. Sua sugestão é que Dilma convide os ex-presidentes Fernando Henrique Cardoso e Luiz Inácio Lula da Silva para uma reunião. “Acho que seria um passo, porque é impossível você recompor minimamente a funcionalidade do Congresso, sem um acordo de procedimentos”, disse. “Eu não digo acordo de mérito, porque é muito difícil, mas acordo de procedimentos que permita a volta das deliberações. Nós passamos 2015 praticamente parados”.
Sobre o processo de impeachment, o governador do Maranhão acredita que se antes era uma “improbabilidade”, depois da decisão do Supremo ficou “quase impossível”. A menos que haja uma perda completa da relação com a sociedade.