Alguns podem chamar de “premonição”, mas em julho deste ano, o presidente da Câmara dos Deputados, Eduardo Cunha, comentou a atuação da Polícia Federal e do Ministério Público Federal (MPF), na Operação Politeia, em tom de ironia. Indagado sobre ser um dos possíveis alvos das investigações, o parlamentar deixou claro que não estava temeroso. “Eu não sei o que eles querem comigo, mas a porta da minha casa está aberta. Vão à hora que quiser. Eu acordo às 6h. Que não cheguem antes das 6h para não me acordar”, disse.
Coincidência ou não, as buscas nas residências do presidente da Câmara, pela Operação Catilinárias da Polícia Federal, foram iniciadas por volta das 6h. Desde cedo, dezenas de viaturas e policiais cercaram a residência oficial da presidência da Câmara, na Península dos Ministros, no Lago Sul. Os arredores do local foram isolados com faixas. O advogado do parlamentar está no local. A presença de Eduardo Cunha no local, no entanto, não foi confirmada.
Operação
As 53 buscas foram autorizadas pelo ministro Teori Zavascki, do Supremo Tribunal Federal (STF), a pedido do procurador-geral da República, Rodrigo Janot. São nove mandados para o Distrito Federal, 15 em São Paulo, 14 no Rio de Janeiro, seis no Pará, quatro em Pernambuco, dois no Alagoas, dois no Ceará e um no Rio Grande do Norte.
As medidas decorrem de representações da Polícia Federal e do Ministério Público Federal nas investigações que tramitam no Supremo. Elas têm como objetivo principal evitar que provas importantes sejam destruídas pelos investigados. Segundo a PF, foram autorizadas apreensões de bens que possivelmente foram adquiridos pela prática criminosa. Os investigados, na medida de suas participações, respondem a crimes de corrupção, lavagem de dinheiro, organização criminosa, entre outros.