Andrea falou por mais de dez minutos e, durante o tempo, dividiu o discurso em duas partes. Na primeira, enalteceu o trabalho de Ricardo à frente da SES, dizendo que ninguém fez trabalho igual ao dele no Maranhão. Ao mesmo tempo, disse que o pai não tinha motivo para se esconder e que estava disposto a prestar qualquer esclarecimento a respeito do período em que ele esteve como secretário, entre os anos de 2009 e 2014.

Ricardo Murad jamais se absteve de prestar qualquer esclarecimento obre a sua gestão e jamais permitirá que deturpem informações para promover acusações infundadas a respeito do seu trabalho à frente da Secretaria de Saúde”, disse a deputada na tribuna da Assembleia.

Na linha da tese ‘a melhor defesa é o ataque’, Andrea Murad voltou sua artilharia contra o governo Flávio Dino (PCdoB). Afirmou que as denúncias contra Ricardo partem de perseguições do grupo do governador e de relatórios “inventados” pela Secretaria de

Estado da Transparência e Controle. E finalizou usando uma frase de Padre Antônio Vieira. “Para não mentir, não é necessário ser santo, basta ser honrado, porque não há coisa mais afrontosa, nem que maior horror faça a quem tem honra, que o mentir.”

Os deputados governistas reagiram imediatamente. Da tribuna, Rogério Cafeteira (PSC) retrucou as declarações da deputada Andrea. Ele classificou a insinuação de envolvimento da atual gestão do governo do estado como uma tentativa de desqualificar a operação. “O governador não tem qualquer tipo de influência, disso tenho convicção”, disse Cafeteira.

O deputado ainda falou que entende o “momento de dor” pelo qual passa a deputada e que é natural que ela queira defender a honra do pai. Mas lembrou que as investigações começaram em 2010 e que Ricardo tem um único caminho para provar que é inocente. “O caminho de defesa é esclarecer os fatos. Não adianta questionar entidades como a Polícia Federal, o Ministério Público Federal e a Controladoria- Geral da União. Só existe uma verdade e ela vai ser colocada, queira a deputada ou não.”

O deputado Levi Pontes (SDD) também falou que os ataques são defesas sem sustentação. “Ela quer culpar o nosso governo com inverdades. Eles vão ter que provar que o que ela diz é verdade”.

O secretário de Transparência e Controle, Rodrigo Lago, também se posicionou diante das declarações da parlamentar. “A Operação Sermão aos Peixes é resultado de investigação feita pela Polícia Federal e pelo Ministério Público Federal, com apoio exclusivo da Controladoria Geral da União, sem qualquer ingerência da Secretaria de Transparência e Controle”, disse.

Sobre a CPI da Saúde, Levi disse que os relatórios estão sendo fechados e que serão encaminhados para autoridades competentes. “Existem obras superfaturadas, desvio de recursos, erros na administração do programa [Saúde é Vida] e construção de hospitais de 20 leitos não reconhecidos pelo Ministério. Isso foi notado. Agora, quem vai decidir o que acontece são aqueles que têm o poder de punir”.

O ex-secretário de Saúde do estado do Maranhão e ex-deputado estadual Ricardo Murad deverá se concentrar em sua defesa pelos próximos meses. O peemedebista afirmou na manhã de ontem que a questão se tornou prioridade para ele. “Minha inocência e minha honra, coisas que eu sempre preservei em minha história, estão sofrendo ataque. Tenho que defendê-las com todas as minhas forças”, disse.

Para poder dedicar-se com mais empenho, ele pediu exoneração do cargo de secretário extraordinário da Secretaria de Inovação e Modernização da Prefeitura de Coroatá. Ricardo Murad agradeceu a oportunidade de ter participado da gestão no município.

O ex-deputado afirmou que o trabalho prestado à frente da Secretaria de Estado da Saúde foi aprovado pela população, mas despertou a cólera de adversários. “Estão tentando desmantelar o que foi feito de todas as formas. Eu estou tranquilo, pois sei que a população reconhece o trabalho e que ele foi feito de forma transparente”, concluiu.

Ao lançar a nota, o ex-secretário de Saúde deixou a entender que a prefeita da cidade de Coroatá praticou nepotismo, pois ela é esposa dele. Nepotismo ocorre quando, por exemplo, um funcionário é promovido por ter relações de parentesco com aquele que o promove, havendo pessoas mais qualificadas e mais merecedoras da promoção.

Durante toda a tarde de ontem, a equipe de O Imparcial tentou contatar com representantes da ICN e da Bem Viver, mas não foi atendida em nenhum dos números chamados.