O primeiro comunista a comandar o Ministério da Defesa, Aldo Rebelo (PCdoB), pode ser considerado um ministro versátil pelas posições bem diferentes ocupadas desde 2004, ainda no governo do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Naquele ano, ele começou a carreira de ministro na articulação política, ficando à frente da Secretaria de Relações Institucionais. Anos depois, já na gestão da presidente Dilma, Aldo Rebelo assumiu o Ministério do Esporte em um momento conturbado, depois de o Supremo Tribunal Federal (STF) instaurar inquérito para apurar denúncias de desvios na pasta. Ele comandou a área durante o evento esportivo mais importante realizado no país, a Copa do Mundo de 2014.

No início deste ano, Rebelo assumiu a pasta de Ciência, Tecnologia e Inovação, sendo questionado por posições polêmicas que havia adotado na Câmara, onde foi, por exemplo, relator do Código Florestal. Como parlamentar, ele chegou a propor a restrição a tecnologias que poupam mão de obra. Companheira de legenda, a deputada federal Jô Moraes não considera as pastas tão diferentes, a não ser a do Esporte. Para a parlamentar, ele foi da coordenação política por ser bom de diálogo e da Ciência e Tecnologia por ter formação científica. “Agora, as circunstâncias levaram a uma movimentação de tal dimensão que só a trajetória do PCdoB e do Aldo indicaram que a delicadeza do momento exigia um ministro da Defesa muito sintonizado com papel das Forças Armada neste país”, afirmou Jô.

Aldo não é o único a pular de ministério em ministério. O ex-presidente nacional do PT Ricardo Berzoini também pode ser considerado um curinga. Novo secretário de Governo, ele veio do Ministério das Comunicações, onde estava desde o início do segundo mandato de Dilma, mas também já passou pelas Relações Institucionais, como o colega comunista. No governo Lula, Berzoini também teve papéis de destaque. Comandou a pasta da Previdência Social, coordenando e ajudando a viabilizar a polêmica reforma previdenciária em 2003. Em janeiro de 2004, Lula nomeou Berzoini ministro do Trabalho e Emprego, pasta em que tentou conduzir, sem sucesso, a reforma sindical.

O ex-governador da Bahia, Jaques Wagner, que assume a Casa Civil, posto que já foi de José Dirceu e da presidente Dilma Rousseff, também já passou por experiências diferentes. Ele comandou o Ministério do Trabalho e Emprego entre 2003 e 2004, durante o primeiro mandato do presidente Lula. Homem de confiança do ex-presidente, ele também esteve à frente da Secretaria Especial do Conselho de Desenvolvimento Econômico e Social da Presidência da República, com status de ministro. Também atuou como ministro de Relações Institucionais entre 2005 e 2006. No período em que esteve fora dos ministérios, Wagner governou o estado da Bahia por dois mandatos.

Com a quilometragem um pouco menor do que a dos outros companheiros, os ministros Miguel Rosseto e Aloizio Mercadante, também do PT, já foram duas vezes empossados para as mesmas pastas. Enquanto Rosseto foi ministro do Desenvolvimento Agrário entre 2003 e 2006, retornando ao posto em 2014, Mercadante retorna agora para a pasta da Educação, que havia comandado no primeiro mandato da presidente Dilma. Rosseto, agora no Trabalho e Previdência Social, também foi da Secretaria-Geral da Presidência. Já Mercadante, que trocou a Casa Civil pela Educação, já passou também pela pasta de Ciência, Tecnologia e Inovação.

» Defesa – cargo atual

• Relações Institucionais – 2004 a 2005

• Esporte – 2011 a 2014

• Ciência Tecnologia e Inovação – 2015

» Governo – cargo atual

• Previdência Social – 2003 a 2004

• Trabalho e Emprego – 2004 a 2005

• Relações Institucionais – 2014

• Comunicações – 2015

» Trabalho e Previdência Social – cargo atual

• Desenvolvimento Agrário – 2003 a 2006 e 2014

• Secretaria-geral da Presidência – 2014

» Educação – cargo atual – já havia ocupado (2012 a 2014)

• Ciência, Tecnologia e Inovação – 2011 a 2012

• Casa Civil – 2014 a 2015

» Casa Civil – cargo atual

• Trabalho e Emprego – 2003 a 2004

• Secretaria Especial do Conselho de Desenvolvimento Econômico e Social da Presidência da República – 2004 a 2005

• Relações Institucionais – 2005 a 2006