Há dois dias das eleições para escolha do novo diretório estadual do Partido Movimento Democrático Brasileiro (PMDB), o clima de acirramento entre os grupos do senador João Alberto e do ex-deputado Ricardo Murad só aumenta. As trocas de acusações estão aumentando a cada dia.
Na manhã de quarta-feira, o atual comando do partido realizou uma coletiva para anunciar que a chapa ‘Renovar para Crescer’, liderada pelos deputados Hildo Rocha e Andrea Murad, foi indeferida. Participaram do ato o atual presidente João Alberto, o presidente em exercício Remi Ribeiro, o secretário-geral do partido, Carlos Augusto Macedo Couto, e presidente municipal do PMDB em São Luís, deputado estadual Roberto Costa.
De acordo com o secretário-geral do partido, a chapa não poderá concorrer por ter desobedecido aquilo que determina o estatuto do PMDB. “São dois motivos graves que impedem a disputa da chapa nas eleições do diretório estadual. Três membros não são filiados ao partido, além de outro membro não ter direito ao voto por ser do Conselho de Ética e Disciplina, o que fere o estatuto. O Conselho de Ética funciona como primeira instância e o diretório estadual como segunda nos processos administrativos internos. Ora, ele não pode decidir como membro do conselho e ao mesmo tempo votar. Nos termos do regimento, eles não têm direito a voto”, enfatizou.
O senador João Alberto jogou mais lenha na fogueira ao afirmar que mais da metade da chapa da deputada Andrea é composta por pessoas do município de Coroatá (57 dos 79 nomes apresentados no pedido de inscrição são da cidade-reduto dos Murad). E ainda há a suspeita de assinaturas falsificadas, ainda não confirmadas oficialmente. “A chapa só contempla oito dos 217 municípios. Dentro do PMDB não há disputa interna e o intuito da candidatura foi apenas para causar tumulto”, disse.
Convenção estadual
A Convenção Estadual do PMDB está marcada para a próxima sexta-feira, na sede do partido, em São Luís. A chapa presidida pelo senador João Alberto será a única a concorrer no certame.
Apesar de ter sido marcada com tempo de antecedência, a convocação dos membros do partido para a convenção não foi publicada no Diário Oficial. De acordo com o secretário-geral, “a publicação serve para a reunião de estabelecimento do número de filiados” e que “sempre as reuniões de diretório foram feitas por publicações na sede e por contatos telefônicos”. Ele explicou ainda que sempre foi feito assim e que nunca ninguém havia reclamado antes. “Além disso, o número de 45 e 15 membros do diretório há 20 anos não é modificado. A última vez que nós publicamos a resolução no edital foi em 2009, tanto é que todos os editais do PMDB convocando a convenção historicamente estabelecem um número. Então, nunca reclamaram de nenhuma outra reunião realizada sem a publicação no DO”, asseverou.
O deputado estadual Roberto Costa aproveitou para alfinetar o ex-secretário de Saúde. “Todas as convocações dos partidos são feitas aos filiados. Na convenção nacional, Ricardo Murad, inclusive, é delegado e nunca compareceu. Assim também acontece nas reuniões estaduais”, finalizou.
Andrea e Ricardo Murad rebatem acusações
A primeira resposta partiu de Ricardo Murad. Em seu perfil numa rede social, ele afirma que João Alberto tenta barrar a chapa da deputada estadual Andrea Murad e do deputado federal Hildo Rocha, fraudando o processo eleitoral dentro do partido. “Pego na fraude outra vez. João Alberto usa certidões falsas para indeferir pedido de registro da chapa ‘Renovar para Crescer’ liderada pelos deputados Hildo Rocha e Andrea Murad”.
O indeferimento da chapa de Andrea e Hildo provocou outras reações. O deputado federal disse que a ação da atual direção do partido é ilegal. Segundo ele, ao mesmo tempo, estão sendo desrespeitados o estatuto do PMDB, a Lei que rege os partidos políticos e a própria Constituição Federal. Hildo Rocha garantiu que vai pedir a intervenção do Diretório Nacional do PMDB nas eleições no Maranhão.
“Fraudaram uma ata para simular uma reunião do diretório que não aconteceu. A verdade é que o processo eleitoral deveria durar 45 dias, mas só vai durar dez se forem mantidos os prazos atuais. Vamos pedir uma intervenção do Diretório Nacional no Maranhão, para que haja uma eleição dentro das regras estabelecidas pelo próprio partido”, afirmou.
A deputada estadual Andrea Murad emitiu nota sobre o assunto. Na nota, ela diz que a atual direção está com medo de perder o comando do partido e que indeferir sua chapa foi a forma encontrada para impedir que duas chapas disputassem o pleito. “Indeferir o registro da chapa ‘Renovar para Crescer’ demonstra mais ainda o medo da atual direção, entronizada há mais de 20 anos no PMDB, de perder o comando do partido. Tal decisão, simplesmente, não seria necessária se realmente o Senador João Alberto desejasse que as duas chapas disputassem o pleito como ele bem relatou em coletiva do partido hoje.”
A nota diz ainda que a decisão será contestada, por se tratar de “fruto de uma velha política”. “Ressalto ainda que a substituição está prevista no § 3º. do art. 23 do Estatuto do PMDB que faculta à chapa substituir até 48 (quarenta e oito) horas antes da Convenção, nomes na chapa proposta.” A deputada está levando o caso à Justiça, onde vai pedir o cancelamento da eleição no dia 30 de outubro.