EDITORIAL

O que será o amanhã?

A presidente Dilma Rousseff admite (talvez) erros que levaram a uma das piores crises econômicas da última década. Avisa que a superação implica a adoção de remédios amargos. Em seguida, o ministro da Fazenda, Joaquim Levy, aponta como opção — após a frustrada tentativa de ressuscitar a CPMF — elevar o imposto de renda dos […]

A presidente Dilma Rousseff admite (talvez) erros que levaram a uma das piores crises econômicas da última década. Avisa que a superação implica a adoção de remédios amargos. Em seguida, o ministro da Fazenda, Joaquim Levy, aponta como opção — após a frustrada tentativa de ressuscitar a CPMF — elevar o imposto de renda dos contribuintes. Que renda? É a indagação que qualquer um faz diante das imensas dificuldades financeiras que afetam todos os segmentos sociais, agravadas pela alta do desemprego e a contração do setor produtivo.
Cresce a cada dia o índice de inadimplência no país. Os contribuintes não têm como pagar as contas de água, luz, telefone. As compras de alimentos ficaram acanhadas. As renegociações de débitos não estão sendo honradas. A quitação de dívidas pelas seguradoras bateu em 97%, ou seja, a três pontos percentuais do teto.
O assalariado tem descontado do rendimento mensal 27,5% para o Fisco. A tabela do IR não foi corrigida tomando como base a inflação acumulada no exercício anterior, o que levou o Congresso e o Executivo à rinha da política. Remédio que busca no bolso do contribuinte princípio ativo como fonte de eficácia será placebo.
Com a inflação próxima a 10%; taxas de juros disputam o topo do ranking mundial; e o crédito escasso, frente aos elevados índices de inadimplência, falar em elevar a alíquota do Imposto de Renda é o mesmo que estabelecer política de inanição financeira para o trabalhador.
A redução do número de ministérios recheou discurso, mas, na prática, nenhuma decisão foi efetivamente tomada. A pretensão esbarra em interesses políticos, em acordos que privilegiam grupos de congressistas. Extinguir esse ou aquele ministério, reduzir os cargos comissionados seria abrir mais um flanco de conflito com os parlamentares que já prestam apoio volátil ao Executivo.
Em contrapartida, não dá mais para imputar ao contribuinte o ônus da crise. Longe de ser autora, protagonista ou coadjuvante, a sociedade é vítima de erros deliberadamente provocados pela ganância do poder. Cabe ao governo — ilhado pelas pressões das ruas e solitário pelo afastamento dos correligionários — propor medidas efetivas que não exijam mais do que o brasileiro pode oferecer.
O conflito franco entre Congresso e Executivo revela a pequenez das figuras públicas que têm assento nos poderes. A guerra movida a personalismo ignora solenemente os interesses nacionais. A aposta no “quanto pior melhor” empurra o Brasil à insolvência. A falta de consciência de que todos perdem não contaminou os integrantes dos três poderes.
Os atores políticos sentem-se mais poderosos a cada tropeço e queda da administração federal, sem conseguir enxergar que a perda não está circunscrita ao governo petista, mas abrange a todos, sem distinção. E o que será o amanhã se o país for à bancarrota? A derrota do Brasil não terá apenas um culpado. A responsabilidade será compartilhada entre Executivo e Congresso. Unir esforços, deixando de lado a mesquinhez, é essencial para realinhar o Brasil na rota do desenvolvimento social e econômico, sob pena de amargarmos retrocesso histórico, que vergará o país diante das nações mais atrasadas do planeta.
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