Em delação premiada à força-tarefa da Operação Lava-Jato, o empresário Fernando Moura, apontado como lobista do PT na Petrobras e amigo do ex-ministro José Dirceu, revelou que propina supostamente paga por uma empresa de recursos humanos foi destinada a campanhas do partido nas eleições municipais em 2004.
Segundo o empresário, 2% do contrato entre a empresa e a Petrobras iam para diretórios regionais da legenda e 1% para ele próprio. Moura foi preso no dia 3 de agosto na 17ª fase da Lava-Jato, que pegou também o ex-ministro Dirceu. Em troca de benefícios, o empresário fechou acordo de delação premiada, homologado anteontem pelo juiz federal Sérgio Moro.
O empresário citou o ex-secretário-geral do PT Silvio Pereira. “A parte do dinheiro destinada ao Diretório Regional do Partido dos Trabalhadores era entregue em espécie e depois era distribuída para as campanhas; que o declarante chegou a voar com Silvio Pereira para levar dinheiro para as campanhas municipais; que nessa viagem Silvio entregou quantias em espécie para representantes dos Diretórios Regionais do Rio de Janeiro, de Vitória e de Fortaleza; que o dinheiro nunca ia direto das empresas para os Diretórios Regionais, eram operações distintas”, declarou Moura.
Ele afirmou que participou de campanhas eleitorais do PT e citou, em especial a de 2002, quando o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva foi eleito. Seu papel era organizar eventos e levantar fundos. Segundo ele, como auxiliar de Silvio Pereira, ajudou a montar a equipe de governo entrevistando indicados do partido.
Ele declarou que recebeu pagamentos de US$ 10 mil mensais pela indicação, em 2003, do engenheiro Renato Duque à diretoria de Serviços da Petrobrás. “Recebia uma ‘recompensa’ pela indicação de Renato Duque de US$ 10 mil mensais”, afirmou.
A reportagem não conseguiu contato na terça-feira (22/9) com Silvio Pereira. Para a defesa de Dirceu, a delação de Moura “só confirma que o ex-ministro não foi responsável pela indicação” de Duque.