Na semana em que o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva desafiou a oposição, durante cerimônia de abertura da Marcha das Margaridas, em Brasília, a “viajar pelo Brasil para discutir os problemas do país”, os tucanos compraram a briga e resolveram sair em busca de novos filiados. O presidente do PSDB, senador Aécio Neves (MG), estará em Maceió, a partir das 10h desta sexta-feira, onde promoverá um mutirão de adesões com o objetivo de oxigenar a sigla. Simultaneamente, quatro governadores tucanos farão atos semelhantes nos seus respectivos estados: Geraldo Alckmin (SP), Marconi Perillo (GO), Beto Richa (PR) e Simão Jatene (PA).
O tucano quer sensibilizar um reduto eleitoral que, tradicionalmente, vota no PT, mas que anda insatisfeito com o governo. “Se você quer ajudar de verdade a mudar o Brasil, some-se a nós”, convida Aécio Neves, em vídeo para lançar a campanha “Oposição a favor do Brasil”. A mobilização ocorre antes das manifestações contra a presidente Dilma Rousseff, marcadas para o domingo, em todo o país. “Vivemos um momento propício, desde 2014, para fazer esse tipo de movimento”, disse o deputado Marcus Pestana (PSDB-MG).
Pestana lembrou que, para alcançar esse ponto de recrutamento de novos militantes, o partido teve que se reencontrar com a própria história. “Diante de vários segmentos da opinião pública, convivíamos com o fantasma das críticas de sermos neoliberais. Hoje, não. Conseguimos, ao longo da campanha presidencial do ano passado, reforçar que os avanços do Brasil, durante o governo do PT, só foram possíveis porque implantamos o Plano Real e tomamos outras medidas econômicas para controlar a inflação e assegurar o crescimento econômico”, disse.
O evento tucano tem caráter nacional, mas o PSDB busca aumentar a presença na Região Nordeste. Apesar de a legenda ter diversos expoentes nordestinos, especialmente no Congresso, ao menos nas últimas quatro eleições, a votação da legenda nesses estados ficou muito abaixo da obtida pelo PT. Em 1994, para garantir a primeira eleição de Fernando Henrique ao Palácio do Planalto — mesmo embalado pelo sucesso do Plano Real —, os tucanos precisaram fechar uma aliança controversa com o então PFL de Antonio Carlos Magalhães (BA). A crise foi tão grande que, na época, o PSDB baiano, comandado pelo hoje deputado Jutahy Junior, decidiu romper com o comando tucano e apoiar a campanha de Luiz Inácio Lula da Silva. Hoje, PSDB e DEM são aliados na prefeitura de Salvador.