A décima eleição da história de 404 anos de São Luís se dará daqui a 14 meses num cenário político até pouco tempo inimaginável. O prefeito Edivaldo Júnior, único do PTC nas capitais brasileiras, vai disputar um novo mandato, com o apoio explícito ou dissimulado de Flávio Dino, único governador eleito na história de 93 anos do PCdoB, contra o PMDB dos Sarney, que dominaram o Maranhão por cinco décadas.
O discurso da mudança fermentou as eleições municipais de 2012, de 2014 e não será diferente em 2016. Flávio Dino e Edivaldo Júnior sustentaram a bandeira do deslocamento do eixo do poder político no Maranhão e as urnas responderam positivamente. O PMDB tropeçou nos fatos, na dinâmica que move a política e hoje está sem uma diretriz definida e sem lideranças capazes de pelo menos tentar reverter parte do prejuízo.
O partido da ex-governadora Roseana Sarney, do ex-senador José Sarney sequer fez reunião para avaliar os estragos de 2014 e programar as ações de 2016. Em São Luís, o presidente do diretório local, deputado Roberto Costa se contorce quando é interpelado sobre como o PMDB vai disputar à prefeitura da capital, onde já tem um histórico de perdedor. E são derrotas acachapantes. Costa não nega nem confirma uma aproximação de seu partido com o prefeito Edivaldo Júnior, do PTC.
“Estamos abertos às conversas. Sempre cultivamos a prática do diálogo, mas sobre eleição municipal, a prioridade é o partido ter candidato” – diz o deputado, sem descartar as especulações de que o PMDB conversa com Edivaldo Júnior sobre 2016.
PMDB não descarta Edivaldo
A prioridade de que fala Roberto Costa seria o nome de Roseana Sarney, que foi governadora quatro vezes, mas nunca disputou uma eleição municipal na cidade onde nasceu. Porem, Roseana já disse ao cunhado Ricardo Murad que não tem o mínimo interesse em se candidatar à prefeitura. O próprio Murad informou à filha, deputada Andrea Murad e ao genro, deputado Sousa Neto que concorrerá à sucessão de Edivaldo Júnior.
Como não terá legenda no PMDB, segundo Roberto Costa, Ricardo Murad a terá no PTN, que elegeu Sousa Neto e Alexandre Almeida, pré-candidato à prefeitura de Timon. Segundo Sousa Neto, Ricardo precisa “apenas de três minutos de tempo no horário eleitoral”. Para isso, trabalha para formar uma aliança em São Luís do PTN, PROS, do ex-deputado federal Gastão Vieira; PV, do deputado Adriano Sarney; PTdoB, do deputado Fábio Braga; PSDC, do deputado Paulo Neto; e está conversando com o DEM e o PSD.
O “Fator Enéas” como fantasma
São todos partidos nanicos, que chegarão às eleições de 2016 sustentando a bandeira do “Fator Enéas”, com tempo de TV contado em escassos segundos. Quanto ao prefeito Edivaldo Júnior também precisa reforçar o seu palanque eletrônico, pois o tempo de TV do PTC, com a nova regra, não deve chegar a sete segundos. Já o PMDB, caso “as conversas” citadas por Roberto Costa evoluam para uma aliança, a candidatura de Edivaldo Júnior ganharia só do PMDB, 3min50s.
Mas nem o prefeito Edivaldo, nem o pai, deputado Edivaldo Holanda falam dessa provável aproximação com o PMDB. Mas um deputado que transita com desenvoltura no grupo Sarney, garante: “Está tudo certo, inclusive com o aval do Flávio Dino que, quanto a esse tipo de composição, não é preconceituoso. Provou isso quando fez a aliança improvável com o PSDB em 2014, por causa do tempo de TV”.
Assim como Flávio Dino cedeu a cadeira de vice ao tucano Carlos Brandão, Edivaldo Júnior, segundo as conversas com o PMDB, daria a vice à sua secretária de Saúde, Helena Duailibe, quarta vereadora mais votada em São Luís, na eleição de 2012. Mas o maior obstáculo à reeleição de Edivaldo é a deputada federal Eliziane Gama, do PPS, mais votada no Maranhão e que aparece liderando as pesquisas até aqui realizadas.
Uma eleição puxa outra
O partido de Eliziane fez parte da coalizão de nove siglas que sustentou a vitória esmagadora de Flávio Dino. Ele, porém, não sinalizou, até agora, apoiar nenhum candidato à prefeitura da capital, mas tem provado que trabalhando em parceria com a administração de Edivaldo Júnior, a cidade já sente as melhorias.
Como governador que terá em 2018 a reeleição, o comunista vai precisar de prefeitos aliados nos principais redutos eleitorais, a partir da capital que em qualquer estado funciona como a vitrine política para o interior. Dino apoia Holanda, cumprindo a promessa de campanha, e se volta para os grotões da pobreza, onde está investindo nos 30 municípios de menor Índice de Desenvolvimento Humano (IDH).