O deputado federal Orlando Silva (PCdoB-SP), que é um dos vice-líderes do Governo na Câmara, vai propor ao presidente da Casa, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), a criação de uma comissão de deputados para discutir com o presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-RJ), a “Agenda Brasil”. “A Agenda Brasil é boa para o País. A Câmara terá a oportunidade de interagir com essas propostas”, disse Silva. Essa agenda envolve um pacote de medidas propostas pelo Senado para ajudar o Brasil a superar a crise econômica.
Ao avaliar as manifestações deste domingo, 16, pelo impeachment de Dilma, o parlamentar disse que viu nas ruas “forte contestação e forte crítica ao governo”. Para sair dessa situação, ele acredita que o governo precisaria apostar todas suas fichas no curto prazo na agenda de crescimento econômico, uma vez que o fator “Operação Lava Jato” é considerada uma variável autônoma, independente da ação do Palácio do Planalto. “O governo pode intervir na questão econômica”, sugeriu.
O conjunto de propostas apresentado por Renan Calheiros, disse Silva, é o caminho para a busca da estabilidade política e econômica. “A crise econômica é muito grave. Temos de botar os interesses do País acima dos interesses partidários”, pregou.
Cunha, no entanto, não demonstrou qualquer disposição, pelo menos hoje, de tomar a iniciativa de entrar nas negociações da “Agenda Brasil”. “Ali é muita espuma. Quando baixar a espuma, vamos ver o que tem”, declarou o presidente da Câmara.
Ao chegar na Câmara nesta tarde, Cunha também sinalizou que não pretende arrefecer o clima contra o governo na Casa. Ele anunciou que a proposta que muda a forma de remuneração das contas vinculadas ao Fundo de Garantia do Tempo de Serviço (FGTS) é o primeiro item da pauta e que será votado “para o bem ou para o mal”. “Creio não ter diminuído a disposição para a pauta bomba”, lamentou outro vice-líder do governo, deputado Paulo Teixeira (PT-SP).
Para o líder do DEM na Casa, Mendonça Filho (PE), os protestos deste domingo estimularam a Câmara a seguir uma agenda própria, de preferência contra os interesses do Palácio do Planalto. “Não tem clima para um ‘acordão’ na Câmara. Essa ‘operação abafa’ será esvaziada na Câmara”, previu.