A turbulência nos mercados financeiros globais provocada pela economia chinesa não deve ser confundida com um problema permanente da economia brasileira, disse ontem o ministro da Fazenda, Joaquim Levy. Em entrevista na embaixada brasileira em Washington, ele disse que o Brasil está preparado para enfrentar instabilidades externas.
“A gente está preparado e sabe que pode haver essa volatilidade, mas a gente não deve confundir a volatilidade com um problema permanente da nossa economia. Estamos ajustando a economia para uma nova realidade”, disse Levy na entrevista, cujo áudio foi fornecido pela assessoria de imprensa da Fazenda.
Sobre a reforma administrativa para reduzir o número de ministérios de 39 para 29, anunciada nesta segunda-feira, em Brasília, pelo ministro do Planejamento, Orçamento e Gestão, Nelson Barbosa, Levy disse que a medida é estrutural, tornará o governo mais eficiente e ajudará no ajuste fiscal. “Acho que é um começo, uma indicação superimportante de que a gente tem um trabalho de melhoria de funcionamento da maquina do governo”, ressaltou. Sem dar estimativas, ele disse que a economia será significativa e de efeito imediato.
Levy esclareceu que a viagem aos Estados Unidos teve motivos pessoais e informou que continua trabalhando na elaboração do projeto de lei do Orçamento Geral da União de 2016, que será enviado ao Congresso Nacional na próxima segunda-feira (31). “A presidente Dilma teve a gentileza de me permitir vir até aqui passar dois dias com minha família. Minhas filhas moram aqui, e tem uma que vai passar um ano na China. Vim me despedir dela, dar um pouquinho de carinho. A gente também é pai”, explicou.
Sobre a preparação do orçamento, o ministro disse que continua em contato com a equipe econômica e com o ministro do Planejamento, Nelson Barbosa. Ele evitou responder se o projeto prevê aumento de tributos. Apenas disse que o equilíbrio fiscal deve ser preservado.
Levy explicou que o governo tem uma meta de superávit [primário], tem despesas obrigatórias, e precisa ter cobertura adequada. Por isso, tem que “fazer uma equação que consiga disciplina nas despesas para minimizar os impostos necessários, mas tem de olhar as coisas com muita transparência e visando a ter uma economia robusta”.
Em relação à saída do vice-presidente Michel Temer do dia a dia da articulação política, Levy negou divergência em relação ao corte de gastos. Segundo o ministro da Fazenda, Temer tem feito um trabalho extraordinário: “Acredito que ele vai continuar fazendo um trabalho extraordinário, até pela experiência e pela temperança dele”.