ENTREVISTA

‘Era para fazer um circo, uma encenação’ diz João Alberto sobre operação da Lava-Jato

Senador João Alberto fala a O Imparcial sobre Operação Lava-Jato, a gestão da presidente Dilma Rousseff, a crise e sobre os rumos do PMDB

Entrevista João Alberto

O senador João Alberto (PMDB), presidente da Comissão de Ética do Senado, conversou com a reportagem de O Imparcial e abordou temas polêmicos como as investigações de corrupção entre os parlamentares e o posicionamento de Eduardo Cunha em relação à presidente Dilma Rousseff. João Alberto também saiu em defesa da gestão petista no país.

O Imparcial – Apesar de ter um projeto de candidatura própria, o PMDB tem aliança firmada com o PT. Como o senhor avalia o governo Dilma?
João Alberto – O Brasil está sob o efeito de uma crise. Essa crise não é brasileira, é internacional. Os EUA já estiveram em crise, Portugal, Espanha, Grécia, Alemanha, Inglaterra, Japão. Rei já abdicou, ministros caíram, guerras, tudo em função de um problema econômico e internacional. O governo Lula segurou para que os efeitos não chegassem imediatamente ao Brasil, mas os efeitos teriam que chegar, mesmo porque o nosso país vive muito da exportação. Estamos com problema de exportação e a crise chega ao Brasil e em um momento difícil, logo após uma eleição presidencial acirrada. Com dois ingredientes a mais: o problema do mensalão e o problema do escândalo da Lava-Jato. A eleição acabou, mas os grupos continuaram e a oposição muito acirrada em cima da crise e pautando a opinião pública. Com isto, o PT fragilizou-se e procura-se colocar todos os males da República em cima de quem está governando. Há um desgaste da presidente em função da crise econômica. Teve que paralisar obras, aqui mesmo no Maranhão tiveram obras paralisadas e a classe média emergente querendo os direitos, o Brasil avançou muito e essa classe média está sedenta pelas melhorias.
Como o PMDB vai tratar a decisão do Eduardo Cunha, definida pela legenda como “pessoal”?
Nós esperamos que o presidente da Câmara, que é um membro do PMDB, legenda companheira do PT, que ele se comporte com espírito público na direção da Câmara Federal. O PMDB não aceita que a Câmara tome outro rumo a não ser um rumo de respeito que deve haver entre os poderes da nação.
Na Comissão de Ética do Senado, a qual o senhor é presidente, já existiu alguma denúncia contra o senador Collor?
Até agora não. Aquela operação que envolvia o senador Collor e outros senadores aconteceu na véspera do nosso recesso. Nessas operações, são levantadas suspeitas sobre 11 senadores. Evidentemente, se entrar algum processo no Conselho, é claro que será examinado.
Como é que o senhor vê, enquanto senador, operações como a Lava-Jato e outros escândalos nas esferas máximas de poder?
Eu vejo muito circo. Eu vejo que estão fazendo uma mídia desnecessária. No dia em que invadiram o apartamento do Collor, eu estava no apartamento funcional, quando, desde cedo, havia helicópteros sobrevoando o edifício, porque eu moro ao lado. E eu sem saber o que era. Quando desci eram muitos policiais, muitos repórteres, muita gente e helicópteros fazendo ronda. Era necessário fazerem isso? Eu tenho a impressão que era para fazer um circo, uma encenação. Não vejo muita necessidade nesse processo ser alavancado como está sendo, a não ser o desejo da oposição e de alguns setores de denegrir a imagem da classe política.
Sobre o artigo do deputado José Reinaldo, o senhor, como senador pelo Maranhão, teria interesse de receber esse pacto?
Primeira coisa, como é que o governador viu o artigo do Zé Reinaldo? Ele é a principal figura do artigo. Se o governador até hoje não deu uma palavra a esse respeito e ele deve ter lido, é porque ele não aceitou os termos do artigo. Senão, ele teria dado a sua opinião, mesmo porque ele sempre externa suas opiniões nas redes sociais. Nesse caso, ele silenciou. Ele deveria ter falado. Se ele não fala nada, nós também não falamos nada. Sarney é o nosso grande líder, é um grande conciliador, um cidadão que não guarda mágoas, sempre aberto a uma boa conversa. Tenho certeza que o ex-senador José Sarney não se furtaria de uma boa conversa, mas se houvesse interesse do governo.
Existe alguma desavença da deputada Andrea e do ex-deputado Ricardo Murad com o PMDB? E se ela resolvesse deixar a legenda, ela seria penalizada?
A penalidade hoje não é nossa, não cabe ao diretório estadual, é questão nacional. O nosso presidente da Câmara tomou uma decisão pessoal, cuja decisão pessoal o partido veio logo e emitiu uma nota. Essa posição do Maranhão tem sido uma questão pessoal que o PMDB não envereda por esse caminho. Continuamos a respeitá-la, é bem vista e bem aceita no nosso meio, assim como o pai dela. Ela é uma deputada que reflete o que diz o ex-deputado Ricardo Murad. Ela faz o que o ex-deputado faria se estivesse lá.
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