O ex-diretor de Abastecimento da Petrobras Paulo Roberto Costa disse ontem em depoimento à Justiça Federal que o presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL), tinha um “representante” que negociou propina com ele. Costa assinou acordo de delação premiada e depôs ao juiz federal Sergio Moro, responsável pelas investigações da Operação Lava Jato na primeira instância da Justiça.
Calheiros foi citado pelo ex-diretor após uma pergunta feita por um dos advogados de executivos ligados à empreiteira OAS, réus na ação penal. Costa afirmou que se mantinha no cargo com sustentação política do PP e PMDB.
“O senador Renan Calheiros era um dos que dava sustentação política. Com ele [Renan], não [negociou propina]. Mas ele tinha um representante, um deputado, Aníbal Gomes, que, em algumas vezes, negociou comigo. O senador Renan Calheiros nunca participou de nenhuma reunião com empreiteiros, mas o Aníbal Gomes, sim”, declarou.
Gomes e Calheiros são investigados em um inquérito que tramita no Supremo Tribunal Federal (STF), aberto a partir das informações do ex-diretor, fornecidas em acordos de delação premiada.
Em nota, o presidente do Senado refutou as acusações do ex-diretor e declarou que suas relações com diretores de instituições públicas nunca ultrapassaram os limites institucionais. “Da mesma forma reafirma que jamais autorizou o deputado Aníbal Gomes ou qualquer outra pessoa a falar em seu nome. Digno de registro também é a contradição, já que nos depoimentos anteriores o delator sempre negou ter tratado de projetos e valores com o senador Renan Calheiros”.