LAVA JATO

Defesa de Odebrecht quer prazo maior para explicar anotações

Os advogados pedem que o prazo para dar as explicações comece a contar a partir do encontro deles com Marcelo Odebrecht, nesta quinta

A defesa de Marcelo Odebrecht solicitou ontem, dia 22, ao juiz federal Sérgio Moro, responsável pelas ações penais da Lava Jato, um prazo maior para explicar as anotações que aparecem no celular do executivo. Na terça, dia 21, o juiz deu prazo de dois dias, que se encerra nesta quinta-feira, 23, para os defensores da empreiteira explicarem anotações no aparelho do executivo que levantaram suspeitas da Polícia Federal ao mencionar termos como “dissidentes PF” e “trabalhar para parar/anular” a investigação.
Na petição encaminhada à Justiça Federal, os advogados Dora Cavalcanti e Augusto de Arruda Botelho, que defendem Marcelo Odebrecht, alegam não tinham conhecimento das anotações que estavam arquivadas no aparelho pessoal do executivo. “O prazo assinalado, a toda evidência, não pode ser cumprido, na medida em que os esclarecimentos a serem prestados versam sobre anotações que estariam armazenadas em telefone do peticionário, e das quais a defesa jamais teve conhecimento – razão pela qual, por óbvio, delas não pode tratar sem no mínimo antes conversar com Marcelo”, afirmam os advogados.
Dora Cavalcanti e Augusto de Arruda Botelho ainda citam a frase de Moro “tudo está sujeito a interpretação” no despacho que determinou o prazo até quinta, para argumentar que apenas Marcelo Odebrecht pode explicar o teor das anotações que, para a Polícia Federal, apontam suspeitas de que o executivo estaria querendo prejudicar as investigações.
“Sendo assim, para que os signatários possam atender à intimação é a presente para requerer que o tempo da próxima visita de caráter reservado a Marcelo – que ocorre todas as quintas-feiras e, portanto, acontecerá amanhã – seja estendido para além dos habituais 30 minutos”, seguem os defensores.
Os advogados pedem que o prazo para dar as explicações comece a contar a partir do encontro deles com Marcelo Odebrecht, nesta quinta.
Para a Polícia Federal, há indícios de que o empresário, preso desde 19 de junho, lançou mão de uma estratégia de confrontar as investigações da Lava Jato, buscando criar “obstáculos” e “cortinas de fumaça”, que contaria com “policiais federais dissidentes”, dupla postura perante a opinião pública, apoio estratégico de integrantes da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB) e ataques às apurações internas da Petrobrás.
“O trecho mais perturbador é a referência à utilização de ‘dissidentes PF’ junto com o trecho ‘trabalhar para parar/anular’ a investigação”, alerta o juiz da Lava Jato no despacho em que intima a defesa do empreiteiro. Para Moro, “sem embargo do direito da defesa de questionar juridicamente a investigação ou a persecução penal, a menção a ‘dissidentes PF’ coloca uma sombra sobre o significado da anotação”.
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