O deputado Aníbal Gomes (PMDB-CE) refutou hoje, dia 14, as acusações feitas pelo ex-diretor de Abastecimento da Petrobras Paulo Roberto Costa em depoimento prestado ontem à Justiça do Paraná. O parlamentar, que ainda está no Ceará, só deve chegar à Câmara no final da tarde de hoje, mas o assessor de gabinete Paulo Roberto Silva antecipou que as conversas de Gomes com Costa sempre foram institucionais. “Nunca teve promessas e muito menos recursos para encaminhar ao presidente Renan Calheiros (PMDB-AL),” garantiu.
Aníbal Gomes não pretende recorrer a qualquer estratégia e espera para ser ouvido pelas autoridades que investigam irregularidades na estatal pela Operação Lava Jato. “Ele vai ter que ser ouvido mas não foi marcada ainda a data”, explicou o assessor ao destacar que o nome do parlamentar estava na lista dos 53 mandados de busca e apreensão, na Operação da Polícia Federal que foram emitidos a partir de provas obtidas na Operação Lava Jato.
As buscas ocorrem na Bahia, em Pernambuco, Alagoas, Santa Catarina, no Rio de Janeiro, em São Paulo e no Distrito Federal. Segundo Silva, como agente da polícia apreenderam equipamentos e documentos em apartamentos do mesmo prédio em que Aníbal Gomes tem residência em Brasília, “houve uma confusão”, mas não foi feita qualquer intervenção em sua casa.
O cumprimento dos mandatos hoje criam uma expectativa ainda maior sobre o depoimento do ministro da Justiça José Eduardo Cardozo, marcado para o início da tarde de amanhã (15) na CPI da Petrobras. Cardozo foi convocado pelo colegiado para falar sobre o grampo encontrado na sela do doleiro Alberto Youssef na superintendência da Polícia Federal em Curitiba. Mas, o governo sabe que o assunto deve se estender para os resultados das apreensões feitas hoje.
“Não deixa de trazer tensão política mas não é preocupação do governo. A preocupação do governo é ele vir aqui, dar as informações necessárias e convencer a Casa das ações a frente do Ministério da Justiça”, afirmou o líder do governo na Câmara, José Guimarães (PT-CE). Segundo ele, o governo encarou com “a mais absoluta naturalidade” a vinda do ministro, mas também está “absolutamente tranquilo.”
Para o líder do DEM, deputado Mendonça Filho (PE), a presença do ministro pode ajudar a esclarecer, por exemplo, a agenda da presidenta Dilma na cidade do Porto, em Portugal, que incluiu um encontro reservado com o presidente do Supremo Tribunal Federal (STF), Ricado Lewandowski. O ministro Cardozo reagiu às críticas no Brasil e garantiu que a Operação Lava Jato não foi pauta da reunião e que o encontro serviu para discutir o reajuste dos servidores do Judiciário.
“Acho que presidente da República não pode ter viagem secreta, ainda mais num momento de conturbação e dificuldade. A gente vive uma crise política e um momento de dificuldade grave nas relações institucionais”, avaliou. O parlamentar estendeu o mesmo alerta para o encontro, semana passada, de Eduardo Cunha com o ministro Gilmar Mendes, do STF. “Temas relacionados à crise institucional devem ser tratados da forma mais institucional possível, porque termina criando interpretações em relação ao conteúdo da conversa”, explicou.
Segundo o jornal Folha de S. Paulo, Cunha reuniu-se com Mendes e com o deputado Paulinho da Força (SD-SP) para avaliar a atual crise política, incluindo um processo de impeachment da presidente Dilma Rousseff. De acordo com o jornal, Mendes afirmou que foram discutidas as condições de permanência de Dilma no cargo.
Hoje, Cunha voltou a negar e disse que houve apenas uma brincadeira feita por Paulinho. Segundo o presidente da Câmara, a reunião ocorreu para discutir a proposta do ministro para Código de Processo Civil, em andamento na Casa. “Não discuti esse tema, porque não tenho liberdade nem razão para discutí-lo com o ministro Gilmar Mendes.”
As declarações de José Guimarães ocorreram depois que os líderes deixaram a sala da presidência da Câmara, onde lideranças partidárias estão reunidos para discutir as votações desta última semana de trabalho da Casa antes do recesso parlamentar. Os deputados devem limitar as apreciações e votação de itens do projeto de lei da minirreforma eleitoral (PLs 2259/15 e 5735/13) e de destaques que foram apresentados à Proposta de Emenda à Constituição (PEC) da Reforma Política (182/07).