Em cinco meses de gestão a Empresa Maranhense de Administração Portuária (Emap), conquista resultados expressivos para o Porto do Itaqui e para o desenvolvimento do Maranhão, com recordes históricos de movimentação de cargas e balanços financeiros. Em maio foram movimentadas no porto 2 milhões de toneladas de carga, um índice 40% maior se comparado ao mesmo período de 2014. Com crescimento de 86% da receita bruta no acumulado dos cinco primeiros meses, a empresa fechou a semana com mais uma grande notícia.
Ao lado do governador Flávio Dino, Lago esteve em Brasília para ouvir da presidenta Dilma Roussef o anúncio de que o Porto do Itaqui foi contemplado no Programa de Investimentos em Logística (PIL), com R$ 509 milhões para dois terminais, um de celulose e outro de graneis minerais (basicamente fertilizantes). Quando concluídos, esses terminais irão gerar um aumento de 30% no volume de carga movimentada. Patrimônio do Maranhão e do mundo, o Porto do Itaqui, depois da dragagem realizada neste ano, tornou-se o primeiro porto público do Brasil em profundidade e, de acordo com relatório da Agência Nacional de Transportes Aquaviários (Antaq), divulgado neste ano, ele é também o primeiro porto do Nordeste e o quinto do Brasil em volume de cargas, com 18.028 toneladas movimentadas no último ano. Nesta entrevista, Ted Lago conta como tem sido o trabalho para transformar o Porto do Itaqui em um dos principais vetores de desenvolvimento do Maranhão.
1 – O governo federal anunciou, na última semana, investimentos de R$ 509 milhões para o Porto do Itaqui. Que impacto esses investimentos devem gerar na economia maranhense?
Esta é uma notícia muito positiva não só para o Maranhão e para o Porto do Itaqui, mas para toda a região que integra o corredor Centro Norte, além dos estados que integram o MATOPIBA (Maranhão, Tocantins, Piauí e Bahia). O investimento direto da iniciativa privada em áreas que serão licitadas pelo Governo Federal, contempla dois terminais. O de celulose, para 2 milhões de toneladas/ano, deve consolidar a produção da região de Imperatriz. Já o terminal de graneis minerais é complementar ao Tegram, o Terminal de Grãos do Maranhão. Hoje quase 90% dos fertilizantes, insumo vital para a produção de grãos, entram pelos portos do Sul e Sudeste e mais de 50% da produção de alimentos do país estão na região do Arco Norte. A importância de termos um porto de entrada com condições de atender e diminuir custo logístico e tempo de espera dos navios impacta diretamente na produtividade e na redução de custos para o produtor, tanto do Maranhão, quanto da região. E a exemplo do Tegram, esses investimentos geram empregos e possibilidades para empresas maranhenses participarem desde a obra, construção e manutenção, como também de toda a movimentação econômica que pode ser gerada em torno desses novos negócios.
2 – A EMAP vem anunciando recordes históricos em movimentação de cargas desde o início do ano. O que vem sendo feito para gerar resultados tão positivos?
Primeiro, no momento em que assumimos a gestão, a convite do governador Flávio Dino, entendemos que a busca pela melhoria de produtividade era um dos principais pontos a serem desenvolvidos. E isso vem sendo feito por meio de ações implementadas na operação do Porto. E em segundo, a retomada da economia mundial. Mesmo diante de uma série de crises e cenários adversos, a produção de alimento é sempre crescente, a necessidade de atender a demanda. E essa é uma visão estratégica que o governador Flávio Dino tem adotado para o Maranhão, que é a de um estado produtor de alimentos para a região e para o mundo. O Porto do Itaqui tem um papel importante, não só como polo de escoamento do que é produzido no estado, mas em toda a sua área de influência, que abrange seis estados. Podemos citar também a consolidação da fronteira agrícola do MATOPIBA: as riquezas produzidas por todos esses estados passam pelo Maranhão e a estratégia agora é agregar valor a esses produtos.
3 – A empresa também tem apresentado resultados financeiros positivos. Como isso foi possível?
Quando o governador Flávio Dino nos encarregou da missão de administrar a EMAP, ele destacou a importância de darmos o exemplo de respeito ao recurso público, austeridade e comprometimento da equipe para o desenvolvimento do Maranhão. Então fizemos isso, eliminando nesses primeiros meses mais de R$ 19 milhões de despesas administrativas e custos operacionais. Também contamos com o envolvimento da equipe, que assume uma responsabilidade muito maior, além da empresa, para o desenvolvimento do estado. Nisso houve uma resposta imediata que ajuda muito na soma dos resultados. Por outro lado, os novos investimentos, como o início das operações do Tegram – mesmo ainda em fase de testes – vem gerando a produtividade acima das expectativas, o que tem colaborado muito para esses resultados positivos.
4 – O Porto do Itaqui passou por um processo de dragagem e alargamento do canal de acesso. Que benefícios essas obras trouxeram?
Um dos planos de investimento revistos por nossa gestão foi esse processo de dragagem para aprofundamento de berços e o alargamento do canal de acesso. Ele foi fundamental para aumentar a segurança das operações e também a possibilidade de recebermos navios de maior porte, gerando mais capacidade e mais produtividade de cargas e contribuindo para diminuir as filas. Depois da dragagem, o Itaqui tornou-se o primeiro porto público do Brasil em profundidade.
5 – Além do horizonte de navios que podem ser vistos diariamente ao longo da orla da capital, que relação o Porto do Itaqui tem com a população de São Luís e do Maranhão?
Nós sempre vimos – e essa é uma percepção particular minha – o Porto do Itaqui isolado da cidade, do estado. Nossa estratégia é justamente ampliar a relação entre o porto e a cidade. Isso é visto nos principais portos do mundo, como Roterdã, Houston, Antuérpia. O que nós queremos destacar é a participação do porto no dia-a-dia, na vida das pessoas. Chega por aqui o trigo que faz o pãozinho do café da manhã, o combustível que movimenta a cidade, levando as pessoas ao trabalho, à escola. O gás de cozinha que permite a elaboração de boa parte dos pratos da nossa culinária. São produtos que dependem do Porto do Itaqui para chegar. Por outro lado, tem a movimentação da economia que gira por meio dos negócios do porto, como a geração de empregos. Nosso desejo é que a população de São Luís e de todo o estado absorva o porto como um patrimônio que é seu, que tenha orgulho e saiba que os navios no horizonte, além dos negócios para o porto, contribuem para melhorar a vida de todos os maranhenses.
6 – A meta da empresa é transformar o Porto do Itaqui em vetor de desenvolvimento do Maranhão, contribuindo para uma melhor distribuição das riquezas ao longo de sua área de influência. Nessa perspectiva, o que vem sendo feito para beneficiar o produtor maranhense?
Estamos dando início a investimentos com o propósito de melhorar a eficiência e a produtividade e isso tem um impacto direto no curso logístico das mercadorias que passam pelo porto. Esse é um ponto fundamental, com o Maranhão propiciando o escoamento da safra de uma fronteira agrícola importante e em expansão pelo Porto do Itaqui, que possui conexão ferroviária privilegiada. São 1.800 quilômetros que servem principalmente aos estados do Maranhão, Pará, Tocantins, Goiás e Mato Grosso. Nessa fronteira o desafio é a inclusão do pequeno e médio produtor, a pequena e média indústria e o comércio, no eixo de exportação e importação mundial pelo Porto do Itaqui. Como vamos fazer? Tornando o porto mais acessível, reduzindo os custos operacionais por meio, por exemplo, de contêineres. O contêiner é uma forma de democratizar o transporte marítimo. Hoje um navio de grãos leva cerca de 60 a 70 mil toneladas. Mas o de contêiner é viável a partir de 10 a 20 toneladas e pode ser compartilhado entre vários produtores. E isso serve para flores, frutas, produção de mel, artesanato… Uma prática que já é realidade em outros estados e queremos trazer experiências do comércio justo que pode ser exportado pelo Porto do Itaqui, contribuindo para a democratização do porto, dando acesso ao pequeno e médio produtor. Pensar em como aquilo que é produzido no Maranhão pode ir ao mundo pelo melhor preço, dar essa condição. Essa é uma forma de beneficiar a população do estado.
7 – Nesses cinco meses à frente da EMAP, qual foi o maior desafio enfrentado? E o que está por vir?
Diferente de outras estruturas governamentais, a EMAP é uma empresa e, por isso, o desafio foi promover as mudanças necessárias sem que isso impactasse negativamente nos resultados. Encontramos um quadro ruim, com geração negativa de caixa, e nossa preocupação foi implementar as ações necessárias sem que se agravasse o quadro e com o objetivo de reverter. Nós conseguimos isso com o apoio do governador Flávio Dino e o compromisso da nossa equipe dos colaboradores no entendimento que o resultado é a soma das ações individuais. Eliminamos o que não dava resultado para a empresa, buscamos melhoria nos processos, dando mais celeridade e reduzindo custos. O que está por vir são os novos investimentos, que no setor portuário são de grande porte. Para crescer e acompanhar a demanda mundial, precisamos de infraestrutura, como mais berços e retro área, e isso requer parcerias com o Governo Federal, a exemplo desses investimentos anunciados na última semana. Nós queremos um porto moderno, um porto seguro, que realmente possa ser um dos principais vetores de desenvolvimento para o Maranhão, de toda a região