O ex-presidente brasileiro Luiz Inácio Lula da Silva e a presidente do Chile, Michelle Bachelet, foram aplaudidos neste sábado na conferência da FAO em Roma por suas conquistas na luta contra a fome, a pobreza e a desigualdade em seus países.
Os dois líderes sul-americanos são considerados exemplares pela Organização das Nações Unidas para a Agricultura e a Alimentação (FAO), ao lado da argentina Cristina Kirchner, pelos resultados obtidos com programas para erradicar a fome durante seus governos.
Lula, um sindicalista que conheceu o problema da fome durante a infância, implementou durante seus dois mandatos (2003-2010) o programa Fome Zero, que permitiu retirar da pobreza milhões de brasileiros, falou com entusiasmo dos resultados alcançados pelo país.
“No ano passado, o Brasil deixou de fazer parte do mapa dos países com fome”, disse Lula, que discursou por quase uma hora, com seu estilo informal, dirigindo-se à assembleia com a palavra “companheiros”.
“No Brasil, com 0,5% do orçamento conseguimos ajudar 54 milhões de pobres. Conseguimos este milagre porque começamos a tratá-los como seres humanos e não como estatísticas”, disse.
“A experiência brasileira ensina que é possível erradicar a fome se a luta contra a pobreza virar uma política de Estado, com recursos garantidos”, completou.
O ex-presidente ilustrou com anedotas e recordações pessoais as conquistas dos últimos 12 anos no Brasil, mencionou o programa “Bolsa Família”, que transfere renda para famílias pobres, elogiou a ideia de criação de um cadastro para localizar os pobres sem a necessidade de intermediários e falou sobre o programa “Luz para todos”, que levou energia elétrica a 97% dos brasileiros.
“Está crescendo a primeira geração de brasileiros que não conheceu o drama da fome”, disse.
“Somos um exemplo concreto de que é possível erradicar a fome. Minha mensagem é uma: dividir o pão é o primeiro passo para construir a paz”, concluiu.
A presidente chilena, Bachelet, também discursou na 39ª conferência da FAO, que prossegue até 13 de junho, que conta com a presença de representantes de 197 países.
“Para nós está claro que a fome só pode ser erradicada atacando as desigualdades e a pobreza, sobretudo aquela que se manifesta tão nitidamente no mundo rural”.
“A chave é dar mais oportunidade aos pequenos produtores”, disse.
Bachelet, que antes de assumir o segundo mandato de presidente do Chile trabalhou com a ONU pela igualdade da mulher, defendeu o papel das mulheres para alcançar a segurança alimentar e nutricional.
“Cerca de 58 milhões de mulheres vivem em áreas rurais da América Latina e Caribe. E elas são chaves na luta contra a fome”.
Enquanto 795 milhões de pessoas passam fome no mundo, 500 milhões de adultos, nos países ricos e em nações em desenvolvimento, são obesos, segundo os números da FAO.
De acordo com as estatísticas da organização, esta é a primeira vez que o número de pessoas com fome fica abaixo de 800 milhões.
O resultado de 795 milhões representa 167 milhões de pessoas a menos que na década passada.