Fosse no Japão, alguns políticos brasileiros teriam uma escolha: a cadeia ou a morte para lavar a própria honra. No Brasil, terra da impunidade, do jeitinho — uma forma mais branda de corrupção — e da falta de zelo com o cidadão, muitos engravatados se prostituem em um sistema sujo. Se um dia foram homens de bem, mudaram do vinho para a água podre ao se verem confrontados e seduzidos pelo poder. Não raras as vezes, o poder apodrece.
Ao contrário de muitos orientais, honra é um conceito vilipendiado pelos políticos brasileiros. Para eles, tudo o que vale são o status e o dinheiro que entra na conta. Não importa se o enriquecimento repentino seja fruto de decisões vergonhosas e de uma traição dos próprios ideais. É como o adúltero, que apenas vislumbra o amante e despreza o casamento e a família. Perde qualquer senso lógico em troca de satisfação pessoal.
Talvez a solução para o Brasil fosse um grande dilúvio de moral. Todos os políticos adúlteros seriam alijados da relação com o cidadão, afastados da máquina pública e submetidos ao rigor da lei. Precisamos de governantes imbuídos da retidão, da honestidade e de caráter ilibado. Homens que se preocupem com o bem-estar social e não com o próprio ego. Que tenham decência e vergonha na cara para renunciar aos gordos salários, complementados com uma série de mordomias questionáveis. Que consigam pensar mais no heroico pai de família, que faz mágica para comer, do que no restaurante de luxo que frequentarão mais tarde com algum lobista.
Ética, moralização, trabalho pelo bem-estar social e a percepção de que somos os patrões, e não massa de manobra ou boiada no matadouro. Somente quando nossos políticos chegarem a esses princípios, teremos chance de sermos uma nação pronta para crescer e brilhar no mundo. Se o Japão é a terra do sol nascente, o Brasil ainda precisa encontrar um jeito de fugir da escuridão.