LAVA-JATO

Prisão de lobista aumenta cerco aos negócios de consultoria de Dirceu

Pascowitch é detido sob suspeita de ser um dos operadores da Lava-Jato

Foto: Luiz Carlos Maurauskas/Folha Press.


Luiz Carlos Maurauskas/Folha Press

Pascowitch segundo o MP, foi o operador quem indicou doações oficiais da construtora Engevix para o PT

Curitiba – A prisão do lobista Milton Pascowitch, efetuada pela Polícia Federal ontem em São Paulo, aumentou o cerco aos negócios de consultoria do ex-ministro José Dirceu, que recebeu R$ 1,45 milhão da empresa do operador. Ele atuava para empreiteiras como a Engevix, e o petista reafirmou que o pagamento se deve a “estudos para construção de hidrelétrica, projetos de irrigação e linhas ferroviárias no Peru”. Mas os delegados e os procuradores da Operação Lava-Jato mantiveram a suspeita sobre o principal ministro do primeiro governo do PT.

Ontem, o procurador regional da República Carlos Fernando Lima afirmou que é preciso investigar o “lobby para o PT” mencionado em depoimento do vice-presidente da Engevix, Gérson Almada. Ele afirmou que Pascowitch era a ligação da empreiteira com o partido e com a Petrobras. Segundo Carlos Fernando, foi o operador quem indicou doações oficiais da construtora para o PT. “Por que esse filtro? Precisamos saber qual o objetivo dessas doações”, disse Carlos Fernando, em entrevista coletiva. “Se é lavagem de dinheiro ou doação, ainda vamos ver.”
A Engevix pagou R$ 1,1 milhão para a consultoria JD, do ex-ministro. Segundo Carlos Fernando, Almada nega ter repassado outra parte por meio da empresa de Pascowitch, a Jamp. O vice-presidente da construtora disse que os pagamentos ao lobista sempre eram atividades de representação, e não se tratava de propina. “O que ele chama de lobby, nos chamamos de corrupção”, diz Carlos Fernando. Numa acusação semelhante, a Procuradoria-Geral da República denunciou o ex-tesoureiro do PT João Vaccari por lavagem por entender que ele sabia que as doações eleitorais eram originadas em desvios da Petrobras.
No despacho em que determinou a prisão de Pascowitch, o juiz da 13ª Vara Federal de Curitiba, Sérgio Moro, disse que “causa surpresa” que a maior parte do repasse do lobista a Dirceu — R$ 1,15 milhão — tenha acontecido em 2012, quando o ex-ministro respondia a julgamento no Supremo Tribunal Federal e era condenado no mensalão. “O que coloca em dúvida se poderiam ter por causa prestação de serviços de consultoria”, suspeita o magistrado.
A empresa de Pascowitch recebeu R$ 78 milhões da Engevix, R$ 2,6 milhões da UTC e R$ 281 mil da GDK Engenharia. A firma ainda pagou R$ 800 mil para a D3TM, do ex-diretor de Engenharia da Petrobras Renato Duque, ligado ao PT. Segundo o delegado regional de Combate ao Crime Organizado, Igor Romário de Paula, o lobista subornava o ex-funcionário da estatal por meio de obras de arte. A defesa de Duque tem negado as acusações.
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