Foto: Karlos Geromy /OIMP/D.A Press. São Luís.
Detalhes da operação foram apresentados em coletiva com a imprensa
“Tranquilamente, o valor em verbas desviadas irá ultrapassar os 100 milhões de reais”, assegura o delegado-geral da Polícia Civil, Augusto Barros, em coletiva, realizada na tarde de ontem, 05, para falar sobre mais duas apreensões realizadas na madrugada de segunda para terça-feira. A quantidade foi estimada após a polícia cumprir mandatos de prisão temporária e conduções coercitivas, nos municípios de Marajá do Sena, Zé Doca e região metropolitana. “Avalia-se que o valor do dinheiro desviado será superior a 100 milhões facilmente, haja vista que, dentre as centenas de empresas fantasmas encontradas em documentos apreendidos, apenas uma, já analisada por nossa equipe, desviou mais de 46 milhões”, afirma o delegado-geral.
Foto: Honório Moreira/OIMP/D.A Press.
Cheques de valores diversos apreendidos durante operação
Os dados precisos sobre materiais e verbas desviados ainda não foram contabilizados pelos responsáveis no caso. No entanto, apenas na manhã de ontem, foi apreendido um cofre de um dos presos, o empresário Josival Cavalcante da Silva, mais conhecido como “Pacovan”. Nele foram encontrados vários talões de cheque e documentos que servirão de análise para as investigações. O empresário já havia sido preso em 2011 e 2013, nas operações Usura I e Usura II da Polícia Federal (PF), por participação em uma quadrilha que desviou mais de R$ 5,5 milhões dos cofres da Prefeitura de São João do Paraíso. Na recente apreensão, em sua casa, um cheque, dentre os vários achados, estaria no valor de 900 mil reais.
Também foram autuados o atual prefeito de Bacuri (MA) Richard Nixon (PMDB) e o atual prefeito de Marajá do Sena (MA) Edvan Costa (PMN) nas operações intituladas “Morta Viva” e “Marajá”, que investiga crimes de agiotagem nos dois municípios maranhenses. Além deles, o ex-prefeito de Marajá do Sena, Perachi Roberto Farias; o contador municipal José Epitácio Muniz, o Cafeteira (dono de empresas de fachada que operavam no esquema, segundo a polícia); Rui Clemêncio Barbosa, que seria “laranja” em negócios da Prefeitura de Zé Doca (MA), e Francisco Jesus Silva Soares, que é empresário emissor de notas para os municípios de Zé Doca e Marajá do Sena.
Todos os suspeitos tiveram conduções coercitivas confirmadas pela equipe da Polícia Civil e do Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado (Gaeco). Os suspeitos foram encaminhados para a sede da Superintendência Estadual de Investigações Criminais (Seic). Entre os documentos encontrados estão identidades, CPFs falsos e vários cartões de crédito, que seriam usados para fraudar licitações de empresas; também automóveis, caminhões e contratos de imóveis. “A operação Morta-viva foi nomeada desta forma por caracterizar o crime de uso do nome de uma pessoa morta que a quadrilha usava para fraudar documentos e licitações e, assim, tomar conta de boa parte das secretarias das prefeituras envolvidas no esquema”, explica o delegado da Polícia Civil, Roberto Wagner Fortes.
O ex-prefeito de Zé Doca, Raimundo Nonato, também apontado no esquema, e contra o qual há um mandato de prisão, não foi detido e encontra-se foragido.
Indústria da agiotagem: lista de prefeituras envolvidas deve aumentar
“É uma teia armada pela quadrilha de agiotas que envolvem inúmeros gestores. Há inúmeros cheques em branco encontrados no nome de ex-prefeitos. Encontramos também documentação em nome de outras prefeituras. Portanto, mais delas podem estar envolvidas no esquema”, informa o delegado Roberto Fortes. Entre os documentos apreendidos em Marajá do Sena e Zé Doca, contavam cheques e contratos das prefeituras de São Mateus e Paço do Lumiar, além da Câmara Municipal e do Fundo de Previdência de Paço do Lumiar. O número, em análise prévia da polícia civil, deve aumentar de 42 para 44 prefeituras. “Porém, este número é certeza ganhar imensidão após análise mais profunda do material apreendido para investigação”, completa o promotor Marco Aurélio Rodrigues, também investigador no caso.
Operação Imperador
Em março deste ano, foi deflagrada a Operação Imperador, derivada da Operação Detonando, que investigou o assassinato do jornalista Décio Sá, em 2012. Imperador é como se autodenominava um dos suspeitos, o filho da ex-prefeita de Dom Pedro, Eduardo DP, “o que mostra o total desrespeito com os maranhenses e a certeza da impunidade”, lamentou o delegado Alberto Wagner. Foram cumpridos 38 mandatos de busca e apreensão pela Polícia Civil.
Na época foi detectada a existência de 10 empresas fantasmas para fraudar processos licitatórios durante sua gestão, entre os anos de 2009 e 2012, comandadas pela ex-prefeita de Dom Pedro, Arlene Barros Costa e Alfredo Falcão, filho de Arlene. A polícia descobriu o desvio de R$ 5 milhões que seriam destinados a medicamentos e merenda escolar, por conta da agiotagem.